NOTA INTRODUTÓRIA: A sequência de crónicas que se segue foi elaborada pelas investigadoras da equipa do projeto PERMANTAR 3, Alice Ferreira e Ana Rita Reis, que por dificuldades de comunicação via email não puderam ser endereçadas de forma a serem publicadas neste blog durante a sua campanha. Só agora, depois de terem regressado de uma intensa mas satisfatória campanha antártica, vos podemos das a conhecer como foi o dia a dia destas duas jovens investigadoras, na Ilha Livingston. "E nem tudo são rosas!" Os rigores e desafios da Antártida num contacto muito limitado com o resto do mundo! Ana Rita Reis É a minha primeira campanha na Antártida e é tudo novo, diferente e tão belo. É impossível não andar sempre com a máquina fotográfica às costas sempre pronta para captar mais alguma paisagem ou pormenor único. As condições atmosféricas não têm sido as mais favoráveis para a realização do trabalho de campo mas é o normal ou não estivéssemos nós na Antártida. Após vários dias de espera até serem reunidas as condições necessárias para nos deslocarmos ao glaciar rochoso, dia 24 de Janeiro, finalmente foi possível! Alice Ferreira Fomos por fim hoje ao Glaciar Rochoso! O dia estava bastante bom em termos meteorológicos; céu parcialmente limpo, vento entre fraco e moderado e as condições do mar para ir de zodiac eram também propícias. Uma vez que dependemos também do apoio de uma Zodiac espanhola para ir até à Baía Falsa, por vezes torna-se complicado conjugar boas condições meteorológicas com a disponibilidade dos elementos das bases, tanto espanhola como búlgara.. Quando entrámos na Baia Falsa, vimos com enorme espanto que éramos acompanhados por 3 baleias que estavam a menos de 10 metros da nossa Zodiac. Desligaram os motores e ficámos algum tempo a tirar fotos porque era magnífico observar as baleias tão próximo a abrirem a boca! Chegámos por volta das 10h30 ao Glaciar Rochoso e informaram-nos que não iríamos ter muito tempo para efectuar os trabalhos pois a direcção do vento iria mudar e a velocidade aumentar. Após descarregar todo o equipamento e pessoas, fomos imediatamente a um ponto mais elevado e pudemos verificar que mais de 70% do glaciar se encontrava coberto por neve, o que impossibilitava a realização dos voos com o UAV que estavam previstos. Os sensores que efectuam as medições de distância ao solo acabam por medir a topografia com a neve acumulada, o que, para os nossos objectivos de trabalho, é inútil. Após decisão de que não iriamos lançar o UAV, arrumámos todo o equipamento (UAV e DGPS Leica) de forma bastante segura e bem condicionada dentro de uma caixa metálica. Essa caixa tem de ser levada ainda hoje com os elementos da Base Juan Carlos I, uma vez que esse equipamento irá ser fulcral para a equipa portuguesa, Lourenço Bandeira e João Branco, do projecto Permantar-3, na Península de Barton na ilha Rei George. Deste modo o tempo escasseava para ainda realizar todo o trabalho de levantamento com o GPS diferencial de monitorização do Glaciar Rochoso. Subi com o equipamento auxiliada por um técnico de montanha búlgaro até ao ponto onde se monta a base, que é um local bastante íngreme e que pode-se tornar complicado ao subir com todo o equipamento. A Rita e outro técnico búlgaro ficaram no Glaciar Rochoso à procura das estacas, dado que bastantes se encontravam debaixo de neve, o que dificulta muito o trabalho. Após ter tudo montado e todas as configurações efectuadas correctamente, verifiquei que havia um problema de comunicação do equipamento, provavelmente por falta de satélites existente. Várias tentativas de reconfiguração e reiniciação foram efectuadas. Quando apenas faltava 1hora para nos irmos embora, desmontámos o equipamento levando a frustração de não ter conseguido realizar o trabalho. O tempo foi realmente curto para as tarefas previstas e tudo foi tentado para ser bem sucedido mas isso não aconteceu. Teríamos de voltar ao Glaciar Rochoso uma vez mais e com mais tempo de trabalho de forma a ser possível terminar. O dia seguinte foi dedicado a verificar o funcionamento do DGPS Trimble. Assim que foi montado nas proximidades da base, mantendo as mesmas configurações realizadas no glaciar rochoso, a comunicação começou a funcionar perfeitamente. Da parte da tarde realizamos os levantamentos da dinâmica dos lóbulos de solifluxão da vertente Ohridki e Punta Hespérides sem problemas, além da neve. Na vertente Ohridski apenas foi possível encontrar 18 estacas, todas as restantes 44 estacas encontravam-se por debaixo de neve e gelo. Felizmente por outro lado em Punta Hesperides apenas 2 estacas, das 16 existentes, se encontravam debaixo de neve. Os dias 26, 27 e 28 foram dias de tempestade; os ventos sopraram com uma intensidade que variava entre 60-80km/h, a precipitação alternava entre neve e chuva, a visibilidade era escassa sobretudo devido ao transporte da neve e, apesar das temperaturas não serem muito baixas, a sensação térmica oscilava entre os -13 e -17º C. Nesses dias efectuámos trabalho de laboratório, nomeadamente: experimentar um sistema fotográfico que tem vindo a dar problemas, preparar o programa e o datalogger novo de medição da humidade do solo e observar os dados recolhidos. Aproveitámos também para embalar e arrumar parte do equipamento já não necessário nas caixas para envio para Espanha. Ana Rita Reis Dia 29 após vários dias de mau tempo e alguns problemas com equipamento, eu e a Alice subimos até ao alto do Papagal onde foi feita a recolha de mais 2 sensores de temperatura da superfície do solo que se encontravam por debaixo de uma camada de gelo. Aqui é notório o quanto a neve já desapareceu, no entanto alguns sensores ainda se encontram por debaixo de neve e gelo. Neste dia todo o trabalho foi feito sob uma chuva intensa obrigando-nos a voltar à base por volta das 14h, momento em que iria ser feita a monitorização com DGPS do sítio CALM mas que com a chuva que caia naquele momento era impensável. Durante a restante tarde esteve sempre a chover impossibilitando o regresso ao campo. No dia seguinte voltámos ao campo e ficou concluída a monitorização dos lóbulos de solifluxão no sítio CALM, com todas as estacas a serem monitorizadas. No mesmo local foram ainda substituídas a caixa da perfuração de 4m que se encontrava danificada. Alice Ferreira Hoje é dia 31 de Janeiro e de manhã veio o navio Chileno Aquiles e despedimo-nos de três companheiros de campanha búlgaros com alguma tristeza. Pela tarde, apesar de não estarem as melhores condições meteorológicas (chuva moderada, vento forte e visibilidade fraca), fomos para o campo, sobretudo porque a previsão para o dia seguinte era bastante pior. Tentámos terminar a recolha da rede de sensores que fazem parte da minha tese de Doutoramento cujo objectivo é retirar o efeito da neve consoante a topografia para poder utilizar em modelação espacial. Eu diria que para o objectivo da experiência proposto, a localização dos sensores foi bem sucedida, no entanto, é extremamente difícil recolher sensores que, além de se encontrarem debaixo de espessa camada de neve, estão ainda debaixo de outra camada de gelo! Foram também terminados os trabalhos de manutenção e recolha de dados na estação meteorológica. Ana Rita Reis Dia 1 de Fevereiro iríamos até ao Pico Reina Sofia mas mais uma vez as condições meteorológicas não eram favoráveis obrigando-nos a ficar pela área da base Búlgara. Assim sendo aproveitamos para recolher mais sensores da rede de monitorização da Alice no Alto do Papagal e próximo da base búlgara. Alice Ferreira Hoje (2/2/15) fomos até R.Sofia de skidoos conduzido pelos chefe de base Jordan e pelo segundo em comando Stanko, para realizar em conjunto com a equipa espanhola, Miguel e Cayetana, a instalação da cadeia de sensores e datalogger da perfuração de 25m. Além disso, esperava-nos mais “pazadas” de neve e “picadas” de gelo e alegrámo-nos em ter a ajuda da Cayetana para realizar este trabalho doloroso para poder recolher as placas metálicas com os sensores de temperatura da superfície do solo. Pode parecer ridículo mas quando “descascámos” o gelo e vi o brilho da placa próximo da perfuração de 15m, fiquei tão contente e pus-me a saltar e a agradecer à Rita e à Caye o árduo trabalho! Sobretudo porque com estes dados já teria mais um ponto de validação dos modelos de temperaturas do permafrost que me encontro a realizar para a tese! Fomos convidadas para almoçar na Base de Juan Carlos I pelo chefe de base Jordi e antes de chegarmos ainda fomos ver os instrumentos de monitorização em Collado Ramos a cerca de 117 m de altitude. O almoço foi alegre e depois ainda tive o prazer de ter uma pequena sessão de guitarra acústica com o patrão da zodiac Oscar. À tarde subimos mais uma vez a R.Sofia e, com a ajuda do Miguel, recolhemos quase todos os sensores de temperatura da minha rede que faltavam, expecto mesmo dois que estavam debaixo de cerca de 4m de neve e por isso não foram recolhidos. Ana Rita Reis Dia 3 seria à partida um dos melhores dias para nos deslocarmos até ao glaciar rochoso pois seria o único dia da semana em que segundo as previsões não iria chover no entanto os fortes ventos e o mar muito agitado impediram a viagem. Assim recebemos na base Búlgara Miguel A. Pablo e Cayetana e durante a parte da manhã estivemos a fazer um reconhecimento de todo a rede de monitorização e equipamento do projecto existente nesta área. Depois do almoço ainda foi possível um passeio junto ao mar onde termina um dos glaciares mais bonitos, coberto por cinzas vulcânicas das erupções de Deception. Alice Ferreira Ontem após a visita do Miguel e Caye à BAB aproveitei a boleia e fui com o Jordan e Stanko fazer um reconhecimento e experimentar realizar a perfuração de 1 metro necessária para instalação da sonda da humidade de solo. Com enorme alegria conseguimos chegar até um metro nesse dia que estava quente para o habitual a 275m de altitude. Hoje da parte da manhã preparei com ajuda do Jordan e Stanko todo o equipamento a ser instalado para a sonda de humidade; estrutura para fixação do painel solar, bateria externa e datalogger. A previsão não era muito boa para a parte da tarde mas ainda tínhamos esperança de poder realizar a instalação hoje. Após o almoço e depois de nos prepararmos para ir a R.Sofia, recebemos o aviso do chefe da base espanhola que nos disse que não estavam condições meteorológicas propícias para realizar a instalação. Apenas foi possível realizar a instalação da sonda de humidade no dia 5 e devido às baixas temperaturas, tivemos problemas em retomar a perfuração no permafrost. Após algumas horas e intenso trabalho por parte dos búlgaros com a perfuradora e com a montagem da estrutura de suporte do painel solar, conseguimos chegar a 1,2m e instalei a sonda de humidade que ficou a funcionar sem problemas. Pela tarde eu e a Rita realizámos 6 perfis de cerca de 30cm em neveiros em distintas posições topográficas que servirão de validação de dados das imagens de microondas Terra-SAR. No dia seguinte, apesar da fraca visibilidade sobre o glaciar, fomos de skidoo com ajuda de um track de GPS que tinha feito no dia anterios, realizar a verificação de todo o sistema de alimentação externa e interna e descarregar os dados da sonda de humidade. Foram também verificados os sistemas fotográficos de R.Sofia e da estação meteorológica. Apenas no último dia de campanha foi possível voltar ao glaciar rochoso onde foi feita a monitorização da deformação do mesmo com DGPS. Fomos acompanhadas por Miguel A. Pablo e Cayetana assim como dois técnicos búlgaros que foram a ajuda preciosa para que conseguissemos realizar os levantamentos de forma célere. Havia menos de metade da neve de há duas semanas. O trabalho foi todo feito sob uma chuva e neve intensas mas ficou concluído. Regressámos à base por volta das 17h e foi a altura de embalar o restante equipamento da campanha e preparar as caixas para regressarem a Portugal com o Hespérides. Domingo, dia 8 de Fevereiro pelas 9:30 chegou à praia Búlgara a zodiac do Hespérides que nos levou de volta ao navio. Alice Ferreira Chegou o dia de partir e deste modo gostaria de agradecer todo o apoio, disponibilidade, colaboração, amizade e alegria que nos proporcionaram os técnicos e dotação da Base Antárctica Búlgara, em especial ao chefe de base Jordan Jordanov. A nossa colaboração tem vindo a acontecer todos os anos desde há 8 e espero que se prolongue por muitos mais. Aproveito também por agradecer à dotação da Base Juan Carlos I e do navio oceanográfico Hespérides que sempre que necessitávamos nos apoiavam e nos proporcionaram os meios logísticos para realizar o nosso projecto científico na Antárctida. Depois de quatro dias no Hespérides chegámos a Ushuaia onde, apesar da curta estadia, tive a oportunidade de visitar o Parque Natural! Não há qualquer fotografia que faça real justiça à beleza das paisagens que tive a oportunidade de observar, tanto na Antártida como em Ushuaia.
Posteriormente e dado que o primeiro voo a apanhar seria a partir de Punta Arenas tive que me deslocar de autocarro realizando uma viagem de 12 horas conhecendo, assim, um pouco mais da fauna e flora destes dois países (Chile e Argentina). Chegada a Punta Arenas foi pouco o tempo de espera, às 04:30 da manhã já me encontrava no aeroporto para começar a longa viagem. Na viagem entre Punta Arenas a Santiago do Chile pude observar os Andes, apesar do lusco-fusco, acabando por me vislumbrar. De Santiago do Chile até São Paulo a viagem foi um pouco mais atribulada por causa da chuva intensa sob a qual São Paulo se encontrava no momento. Com algum atraso, parti para a última etapa e o terceiro voo para Portugal, sendo que a viagem foi calma e confortável. A campanha, na minha perspetiva, foi bem sucedida pois conseguimos realizar o mais importante dentro daquilo a que nos tínhamos proposto. Entenda-se que toda a o logística associada a estas campanhas exige grande planeamento e por vezes existem situações adversas que podem implicar a alteração dos planos, sendo necessária alguma flexibilidade de trabalho por parte de todos e tirar partido de todo o tempo disponível para a concretização dos objetivos. As pessoas que tive a oportunidade de conhecer ao longo destes dias marcaram-me pela sua simpatia e predisposição para trabalhar e ajudar no que fosse necessário e, também, pelo facto de enriquecerem a viagem com as suas temáticas contribuindo para a minha aprendizagem. Inês Girão, Portugal Deception, 9 de Fevereiro de 2015
A nossa estadia em Deception chegou ao fim. Apesar da sua brevidade foi possível concretizar aquilo a que nos tínhamos proposto. Dia 5 de Fevereiro, dia de chegada a Deception: de acordo com os regulamentos, aquando da chegada de novos elementos à base é necessária a apresentação e explicação das regras de funcionamento, segurança, ambientais entre outras informações pertinentes. No dia seguinte, 6 de Fevereiro, houve a oportunidade de ida à “pinguinera” dado que os elementos da base e do navio Hespérides iriam visita-la. Esta oportunidade permitiu aliar tarefas de trabalho com um pouco de lazer pois no caminho para a mesma procedeu-se a um reconhecimento no Irizar onde existe instalado equipamento referente ao projeto. No caminho de volta fez-se uma paragem breve na base argentina, onde fomos recebidos calorosamente com direito a uma tortilha deliciosa! No entanto esta paragem serviu para recolher material (uma pica e uma corda) que nos auxiliaria nas medições a realizar mais tarde num outro local. Durante a tarde e depois de um almoço para repor todas as energias gastas na visita matinal partimos para Crater Lake que se encontra relativamente perto da base espanhola. Em Crater Lake e com o auxílio das ferramentas acima mencionadas procedemos à medição da camada ativa. Esta camada ativa é, de uma forma simplificada, a faixa do solo sobre o permafrost, em contacto com a atmosfera que gela no Inverno mas descongela no Verão. Por fim procedeu-se a monitorização do sítio CALM. Dia 7 de Fevereiro foi um dia um pouco mais calmo. De manhã subimos de novo a Crater Lake para efectuar o isolamento da caixa da bateria e do logger - estes equipamentos têm como função a medição de humidade no solo. Dadas as exigentes condições climáticas nestes locais e o período de tempo em que não são inspecionados obrigam-nos a uma prevenida e cuidadosa manutenção. Já à tarde ficamos na base para “por a escrita em dia”: Elaborou-se o relatório de campanha e atualizaram-se as entradas para o blogue. O dia 8 de Fevereiro foi o nosso último dia nesta fantástica base. De manhã estivemos a preparar a bagagem que parece ter crescido ao longo dos dias dificultando a tarefa de voltar a fechá-las. O almoço foi de despedida pois vários elementos da equipa espanhola iriam, também, partir connosco no navio Hespérides tornando-se um momento um pouco mais sentimental. Depois embarcámos…rumo a Ushuaia. Inês Girão, Navio Hésperides rumo a Ushuaia, 9 de Fevereiro de 2015 Desembarcámos hoje na ilha de Deception e estamos alojados na Base espanhola Gabriel de Castilla. Esta estadia não estava prevista inicialmente mas o enorme encurtamento do período de trabalho em Deception para a equipa João Canário-Ana Padeiro devido ao atraso de 3 dias do avião da DAP e à alteração do trajecto do Aquiles, que queimou mais 3 dias, levou a que os nossos colegas concluíssem que não poderiam cumprir tudo o que estava programado. Tínhamos acabado de sair da ilha de Amsler, no dia 3, quando lhes coloquei a hipótese de eu e a Inês ficarmos com eles em Deception e voltarmos também com eles no navio espanhol Hespérides, proposta que foi acolhida com satisfação. Nesse mesmo dia, em Yelcho, fiz um reconhecimento prévio de áreas potencialmente interessantes para instalação de novas perfurações que nos permitam estudar melhor a distribuição do permafrost na Península Antárctica e enviei um mail para Lisboa com a proposta de alteração de percurso. O fim da tarde desse dia foi espectacular. O Aquiles fundeou na baía da Base Brown permitindo-nos assistir a um por-do-sol fantástico, ao mesmo tempo que do outro lado da baía a lua cheia compunha um quadro fabuloso. O dia 4, pelo contrario, acordou mal disposto e a viagem entre a Península Antárctica e a ilha Livingston, onde parámos antes de chegar a Deception, foi feita debaixo de neve, primeiro, depois chuva, uma neblina persistente e um mar revolto. Depois do almoço, fiz uma apresentação do projecto PERMANTAR-3 (a pedido do Dr. Retamales) bilingue, em castelhano e em inglês, que gerou várias perguntas e foi bem apreciada. Estabelecidos os contactos levados a cabo pelo PROPOLAR em Lisboa e com as autorizações necessárias concedidas, agradecemos a colaboração prestada a bordo do Aquiles por parte do INACH (Instituto Antartico Chileno), na pessoa do seu responsável máximo Dr. Jose Retamales e preparámo-nos para sair em Decption onde chegámos hoje pelas 12.30 (hora local).
Mario Neves, Ilha de Deception, 5 de Fevereiro de 2015 Después de haber realizado mi estadía en la Base Española Gabriel de Castilla en isla Decepción, me traslade hacia mi nuevo destino dentro de la Antártida, la Base Argentina Marambio, en el avión Hércules de la Fuerza Aérea Argentina el día 5 de Enero. Desde allí nos llevaron en helicóptero (Bell 212 y MI8) hasta nuestro destino final, la isla Cerro Nevado (Snow Hill) sobre el Estrecho de Bouchard en el mar de Weddell. Allí nos esperaba un largo mes de trabajo con las comodidades básicas que brinda el alojarse en tiendas de campaña. Nuestro grupo de trabajo constaba de tres militares del Ejército Argentino, el glaciólogo y geocriólogo Dr. Yermolin y yo. Pero este sitio de trabajo no es un sitio más dentro de la Antártida, aquí se encuentra la cabaña de madera que utilizó el geólogo Otto Nordenskjöld durante la expedición Sueca en el año 1902. La misma fue designada Sitio y Monumento Histórico Nº 38 en el marco del Tratado Antártico. Esta cabaña contiene objetos originales de la expedición y actualmente funciona como museo viviente administrado por la Argentina y Suecia. Haciendo una breve reseña histórica, la expedición estaba integrada por Nordenskjöld, Bodman, Ekelöf y Sobral, que componían la comisión de estudio, y los marineros Jonasen, habilidoso herrero y carpintero, y Akerlundh, como cocinero. Fueron trasladados hacia el continente antártico en el velero Antarctic, durante el verano de 1901-1902. De esta forma fueron desembarcados en la isla Cerro Nevado el 14 de Febrero de 1902. Esta expedición fue pensada para que durase un año, pero el clima les jugó en contra, congelando el mar e impidiendo que el Antarctic pueda retirarlos. Por este motivo, los expedicionarios debieron quedarse otro año más. Frente a la escases de alimentos, debieron alimentarse de carne de foca, cormoranes y petreles. Pero todavía quedaba un contratiempo aun mayor, el Antarctic había sido hundido al quedar atrapado entre los hielos. Al pasar ya mucho tiempo de la partida del navio desde el puerto de Buenos Aires y frente a la ausencia de noticias acerca de los expedicionarios y del buque, las autoridades argentinas, dispusieron inmediatamente el alistamiento de la Corbeta Uruguay para encarar la difícil tarea de rescatarlos. La misma zarpó desde el puerto de Buenos Aires el día 8 de octubre de 1903 al mando del teniente de navío Julián Irizar. La búsqueda se completó con total éxito y el día 8 de noviembre de 1903 lograron encontrar a los expedicionarios y a los tripulantes del Antarctic. Ya con la misión cumplida, la Corbeta Uruguay retornó a Buenos Aires, donde arribaron el día 2 de diciembre. Esta expedición no es una más para nuestro país (Argentina), sino que es la que marcó el comienzo de una larga tradición antártica, la cual hoy en día es admirada por todo el mundo.
As campanhas na Antarctida caracterizam-se sempre pela possibilidade do imprevisto. Quem participa nestas campanhas, dadas as distâncias a percorrer desde Portugal, os vários meios de transporte utilizados para chegar ao local de trabalho de cada um e os imponderáveis do clima sempre muito instável a estas latitudes, tem que estar preparado para modificar e adaptar a calendarização estabelecida antecipadamente. Este ano, contudo, ocorreu um conjunto de eventos que levaram a alterações significativas no planeamento executivo da nossa campanha. Ontem, depois de finalmente termos conseguido atravessar o Drake no avião da DAT - 3 dias depois do previsto – e ter entrado no navio militar chileno Aquiles, fomos confrontados com a notícia de que o atraso que o Aquiles levava devido a ter esperado pelas pessoas que vinham no voo e o facto de a base chilena de Yelcho ser obrigada a fechar mais cedo que o planeado, somente teríamos algumas horas no dia seguinte para levar a cabo o trabalho que aqui nos trouxe, voltando de novo ao Aquiles. Durante a noite e a manhã do dia seguinte preparámos os sensores a instalar e eu pedi ao João Canário e a Ana Padeiro, que nos acompanham no Aquiles com destino a Deception, para nos ajudarem no trabalho rápido que teríamos que fazer na ilha de Amsler. Os preparativos para a descida nas zodiacs do Aquiles são demorados mas a segurança é sempre um imperativo essencial. Saímos um pouco depois das 12:00 (hora local), primeiro em direcção à base americana Palmer onde vamos buscar um PC que nos vai ajudar na recolha de dados. A base Palmer aparenta ser muito acolhedora mas infelizmente não temos tempo para nos demorarmos aí. Somos recebidos pela chefe de base Carolyn Lipke que muito amavelmente nos oferece um café. Atravessámos de Zodiac os 500 metros que separam a base da ilha de Amsler em poucos minutos. Aqui chegados, dirigimo-nos à Estação Climatológica onde deixamos a Inês e a Ana a recolher os dados de temperatura, vento e precipitação, enquanto eu e o João subímos ao topo para inspeccionar a perfuração profunda e tentar instalar aí sensores para monitorizar a temperatura do solo ao longo dos próximos 12 meses. Ainda havia outras pequenas tarefas menos importantes mas a brevidade da estadia na ilha não nos permite completa-las. Voltamos ao barco exaustos mas satisfeitos com o trabalho realizado.
Mário Neves, algures nos mares do Sul a quase 65 S, 3 de Fevereiro de 2015. Depois de duas tentativas falhadas, devido as condições de visibilidade, de chegada à ilha de King George a terceira foi bem sucedida como costumamos dizer “à terceira é de vez”. Assim que chegámos, depressa fomos direcionados para a praia perto da base de Escudero para embarcar no Aquiles rumo a Yelcho. Já no barco foi atribuído um quarto para cada pessoa sendo que eu e o Mário tivemos a sorte de ficar com os nossos colegas portugueses Ana Padeiro e João Canário tornando a viagem um pouco mais “caseira”.
Os chilenos receberam-nos calorosamente e logo no primeiro dia foi-nos explicado as medidas de segurança, a configuração do barco e qual seria o plano de rota. A viagem tem sido cheia de paisagens inigualáveis compensando a minha dificuldade de me adaptar a esta ondulação. De momento aguardamos a chegada a Yelcho para prosseguir ao trabalho de campo. Inês Girão, Navio da Armada chilena Aquiles, 2 de Fevereiro de 2015 Punta Arenas, 30 de Janeiro, 18:22h – A esta hora já deveríamos estar na ilha de King George (arquipélago das Shetland do Sul) prontos para embarcar no navio da Armada Chilena Aquiles que nos levaria ao destino final da nossa campanha este ano – a base chilena de Yelcho, localizada na ilha de Doumer, junto à costa NW da Península Antárctica. Mas ainda continuamos em Punta Arenas à espera de bom tempo para o avião da DAP poder efetuar a travessia do Estreito de Drake. Estes imponderáveis com o estado do tempo fazem sempre parte das campanhas Antárcticas e são uma das razões porque é necessário darmos uma margem de alguns dias antes ou depois das campanhas para absorver eventuais alterações de última hora como a que estamos a passar agora.
Para mim, esta vai ser a 4ª campanha Antárctica e, por isso, estes atrasos já entraram na rotina. Para a estudante de Mestrado (em SIG e Deteção Remota no IGOT) Inês Girão que me acompanha nesta missão, a ansiedade da 1ª viagem ao continente branco é natural e indisfarçável. Esperemos que amanha o tempo acorde de feição para que o voo se realize. Mario Neves, Punta Arenas, 30 de Janeiro No dia 27 de Janeiro chegámos a Punta Arenas onde iremos apanhar, assim que as condições atmosféricas o permitirem, o avião da DAP para ilha de King George, na Antártida para posteriormente apanharmos o barco Aquiles para o destino final. Esta é a minha primeira campanha e enquanto esperamos por um janela de bom tempo vou absorvendo esta cultura tão nova e fantástica.
A nossa estadia, minha e do Mário, será na ilha de Doumer na sub-base chilena Yelcho onde, no âmbito do projeto PERMANTAR 3, iremos realizar a manutenção de equipamentos já instalados. Serão, também, recolocados em onze perfurações medidores de temperatura a diferentes profundidades. Será de alguma forma desafiante a concretização destas instalações visto que teremos que fazer uma viagem de zodiac que durará cerca de duas horas para chegarmos ao local pretendido diminuindo, assim, o tempo disponível. No entanto o espirito é positivo e acreditamos que o conseguiremos executar. Por fim o objetivo será a localização de pontos ideais para futuras perfurações e instalação de uma estação meteorológica mas neste caso já mais perto da base em que estaremos alojados. Ines Girao "No mesmo dia uma tempestade de vento e o pôr do sol mais bonito que eu alguma vez vi. Aqui na base ainda está tudo completamente coberto de neve, tudo branco por todo o lado!", diz Ana Rita No dia 17 aproveitou-se uma janela de tempo sem precipitação e fomos até à estação meteorológica onde foram descarregados todos os dados e verificámos que um dos sensores tinha saído da protecção (abrigo de radiação). Da parte da tarde fomos até ao local de trabalho da pintora (Ganka) que se encontra a fazer quadros de ícones para a capela ortodoxa. O seu trabalho é bastante belo, minucioso e bastante expressivo. No dia seguinte subimos com dois skidoos até ao monte Reina Sofia com 275m de altitude, mais próximo da base espanhola, um dos locais de monitorização mais importantes para o nosso projecto uma vez que tem a perfuração de 25m de profundidade. Todos os pontos de monitorização da solifluxão assim como os sensores da superfície do solo estavam debaixo de neve e gelo. Nesse local temos também uma máquina fotográfica que após descarregadas as fotos, foi verificado que tinha funcionado bem todo o ano. Foi realizada a primeira experiência de perfuração em solo com uma nova máquina. Será necessário atingir cerca de 1,2m para se poder instalar uma sonda de humidade no solo, semelhante ao já instalado em Crater Lake. O terreno neste local é bastante pedregoso o que dificulta imenso atingir a profundidade pretendida mas será mais tarde realizado uma nova experiência. À noite recebemos a previsão meteorológica para a semana da base Juan Carlos I que nos dizia que apenas amanhã iria ser um bom dia para realizar trabalho de campo. Assim no dia seguinte, eu e a Rita preparámos almoço para o campo e saímos para instalar todos os sensores e iniciar os trabalhos de monitorização de solifluxão com DGPS. No entanto, após termos terminado todas as instalações pelas 17h30 começou a chover o que impossibilitou continuarmos os trabalhos com DGPS. Tentámos terminar esta tarefa no dia dia 21, apesar de não estarem as melhores condições meteorológicas, algum vento e precipitação fraca. Alice Ferreira, 18 de Janeiro 2015, Ilha Livingston (Base búlgara St. Kliment Ohridski) |
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