Ao fim de uma longa semana em viagens chegamos finalmente à Antártida, a viagem apesar de longa decorreu de forma tranquila. O mar na passagem de Drake esteve calmo o que facilitou muito. O barco esteve hoje ancorado na baía de Deception e neste momento já estamos a partir rumo a Livingston. Amanhã de manhã, dia 6 de Janeiro, eu e o Pedro Pina iremos descer para a base Búlgara de St. Kliment Ohridski, em Livingston. A Alice ficou hoje na base Espanhola Gabriel de Castilla e seguirá amanhã no navio Argentino Castillo para Caleta Cierva, onde irá realizar manutenção de equipamento e recolha de dados. Estou pela primeira vez na Antártida e a paisagem supera todas as espectativas criadas, o contraste entre o solo escuro e o branco da neve é simplesmente único. Em meu nome e da equipa agradecemos a toda a tripulação do barco BIO-Hespérides pelo apoio e todas as atenções prestadas. Agora resta esperar pelo desembarque na praia Búlgara e o começo do trabalho. Ana Rita, ao largo de Deception Island, 5 de Janeiro de 2015
Já recebemos ‘formação’ sobre regras de segurança e procedimentos de evacuação, com uma componente prática de como, por exemplo, vestir os fatos protectores ou de como utilizar os botes salva-vidas. O resto do tempo tem sido passado a trabalhar, arrumando alguns assuntos que tinham ficado pendurados à saída de Portugal, a rever o planeamento da nossa campanha ou simplesmente a conversar com os outros investigadores que viajam no Hespérides sobre as suas campanhas, descobrindo assuntos desconhecidos e também pontos de contacto muito interessantes entre especialistas de formações tão diversas (biólogos, geólogos, geógrafos, químicos ou engenheiros) que poderão dar até lugar a colaborações futuras. O ambiente é excelente, sente-se que há grande expectativa em todos estes investigadores para rapidamente entrarem em diferentes sítios do terreno antártico (ou no oceano antártico, porque alguns não sairão sequer daqui do navio para desenvolver as suas actividades). Os 57 investigadores que aqui vão são na sua maioria oriundos de Espanha mas, para além de nós os 3 de Portugal, há também mais nacionalidades, sem ser exaustivo, da Argentina, Japão, Itália, entre outras que ainda nao consegui saber. Este ano consegue-se com alguma paciência aceder à net, somente para enviar emails de texto. E consegue-se usar, como se em casa estivéssemos, o WhatsApp para troca de mensagens com o mundo fora do Drake (não estão por isso isolados…). E como toque final, uma palavra de apreço para a disponibilidade total da tripulação para nos ajudar no que tem sido pedido e pela excelente cozinha do Hespérides. Temos comido muitíssimo bem! Pedro Pina Algures no Estreito de Drake, 03 de Janeiro de 2015 Pois é, cá estou eu de novo outra vez. Começo por me reapresentar, o meu nome é Pedro Pina, sou investigador do Centro de Recursos Naturais e Ambiente do Instituto Superior Técnico (CERENA-IST) e estou com a Alice Ferreira do Centro de Estudos Geográficos do Instituto de Ordenamento do Território (CEG-IGOT) e com a Ana Rita Reis do Instituto Dom Luís da Universidade de Lisboa (IDL-UL) no Sul da Argentina em Ushuaia para embarcarmos amanhã, dia 2 de Janeiro de 2015, para a Antártida. Iremos no navio oceanográfico espanhol Hespérides, fazendo a travessia do estreito de Drake rumo à ilha Livingston. Se o mar estiver relativamente calmo, a sua travessia deverá durar cerca de 3 dias, caso contrário, será certamente um pouco mais.
Ficaremos instalados durante a campanha na base búlgara de St. Kliment Ohridski na península Hurd. Na chegada a Livingston desembarcaremos só eu e a Rita, continuando a Alice no navio durante cerca de uma semana mais para recolher dados e fazer a manutenção de equipamento que está instalado noutros locais, relacionado com a monitorização do permafrost nesta região da Península Antártica por equipas portuguesas, integrando no GTN-P-Global Terrestrial Network for Permafrost. Após este período a Alice irá também para Hurd para a base de St. Kliment Ohridski. Tarefas similares de recolha de dados e de manutenção de equipamento serão também desenvolvidas em Hurd, assim como será efectuada a medição de deslocamentos de vertentes e de um glaciar rochoso. Por outro lado, serão captadas pela primeira vez na península de Hurd imagens remotas de muito elevada resolução, utilizando o nosso drone Suzanne Daveau, que permitirão obter a cartografia da superfície e modelos de terreno com detalhes nunca antes obtidos. As expectativas para realizarmos uma boa campanha são naturalmente elevadas, apesar de sabermos bem as partidas que o tempo nos poderá provocar. Para já a equipa está praticamente pronta para a iniciar pela sempre imprevisível travessia do Drake! Pedro Pina Ushuaia, Argentina, 01 de Janeiro de 2015 |
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