DIÁRIOS DE CAMPANHA
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DIÁRIOS DAS ATIVIDADES DE CAMPO DOS PROJETOS DURANTE A CAMPANHA PROPOLAR 2016-2017
Ontem o vento soprou forte todo o dia e as actividades decorreram dentro de portas. Aproveitámos para desencaixotar e instalar e calibrar algum do equipamento de laboratório que trouxemos. Estivemos também a verificar se todo o material que havíamos deixado cá no ano anterior e estava em bom estado. Tudo parece em ordem – as bombas, as mangueiras e os tanques, e também a parafernália de laboratório e alguns reagentes. Mas não podemos avançar muito mais pois o cais continua ocupado. Outra fonte de frustação é a dificuldade de comunicar com o exterior. A ligação de internet está extremamente lenta e apenas conseguimos esporadicamente enviar e receber mensagens por WhatsApp. O email, skype, ou mesmo a navegação em sites estão completamente inacessíveis. Talvez seja pela grande quandidade de pessoas a tentar conectar, pois nestes dias, tal como nós, a maior parte dos cientistas chineses espera para começar a trabalhar no campo e no laboratório. Para ajudar, o google, o gmail e o facebook estão interditos. Ao final do dia pudemos caminhar um pouco pela orla junto à base e voilá, eis que encontramos o nosso primeiro pinguim da época. Um gentoo, ou pinguim papua. Segue-se grande sessão fotográfica. Estamos no final da época de reprodução e há uma colónia aqui perto, na Ilha Ardley, pelo que é frequente encontrarmos alguns animais isolados nas praias perto das bases. Com certeza iremos ver mais nos próximos dias. À noite temos o jantar de recepção aos recém-chegados, com apresentação melhorada, iguarias várias e direito a discursos emotivos... em chinês e sem legendas! Hoje passámos a manhã a preparar soluções. Falta-nos algum material, como micropipetas, que deverão chegar no navio espanhol Hespérides, já algo atrasado relativamente ao calendário previsto, e temos de improvisar com recursos low-tech e alguma boa vontade dos cientistas chineses. Durante a tarde tivemos oportunidade de visitar a Vila das Estrelas, a zona habitacional da base Frei da força aerea chilena, e base cientifica chilena de Escudero, na Baía Fildes, a cerca de 2 quilómetros de Great Wall. Mas também aí há demasiada confusão. Está a começar a época para a maior parte dos programas antarticos dos vários países, e Escudero serve como plataforma giratória para muitos investigadores em trânsito assim como apoia e aloja vários que fazem o seu trabalho aqui na península Fildes. Marcelo Gonzalez, um velho conhecido e o actual chefe da base não tem mãos a medir com a quantidade de pessoas e bagagens que chegam e circulam entre aviões e navios – já vimos aterrar o avião da DAP-Antarctic Airlines, os Hercules C-130 chileno e brasileiro e na baía estão ancorados os dois navios brasileiros, Ary Rongel e Comandante Maximiano, o navio chileno Viel, e ainda um navio de investigação fretado e outro de turismo. Falamos rapidamente entre canecas de café e deixamos os detalhes de trabalho e colaborações para outro dia. Fazem-se turnos para jantar na sala de comer e nós voltamos a pé para Great Wall.
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