DIÁRIOS DE CAMPANHA
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Terminou o trabalho de campo e encontram-se concluídas as etapas de inverno e de verão do POLARUBI de 2017. Toda a equipa está de regresso a casa. Regressámos com os bolsos carregados de amostras para analisarmos ao longo dos próximos meses. Agora há que preparar as amostras, pesar os filtros, revestir com uma camada condutora e analisar no microscópio electrónico de varrimento ou de transmissão, consoante os casos. Depois da análise, ficaremos a conhecer, a composição química, a morfologia e a distribuição de tamanhos das partículas aerossóis recolhidas no Árctico. Seguidamente, será necessário relacionar estes dados, que são referentes a partículas recolhidas a nível do solo, com os dados de toda a coluna atmosférica obtidos a partir de satélite e de um radiómetro solar situado em ALOMAR. Como a curiosidade é quem manda neste trabalho, não resistimos e estivemos já a ver algumas das partículas, quer com microscopia de varrimento, quer com a de transmissão e os primeiros resultados são tão animadores que não resistimos a partilha-los de imediato
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Com a chegada a Andenes do Edgar Conceição, inicia-se a última etápa da campanha POLARUBI de 2017. A recolha de amostras continua em pleno e afortunadamente temos muitos dias de bom tempo para garantir amostras de grande qualidade. Os filtros destinados a análise por microscopía electrónica de transmissão já se encontram todos em Portugal e agora já só está a ser recolhida amostra em filtros destinados a análise por microscopia electrónica de varrimento. Em breve teremos novidades sobre as primeiras amostras recolhidas no início desta campanha, em Março de 2017. A versão de Verão do observatório de ALOMAR mantém apenas alguns restos de neve. A temperatura máxima de hoje ronda os 7ºC e a mínima andou nos 0ºC. A neve já não é o elemento dominante da paisagem, excepto em algumas manchas isoladas aqui e ali.
Nesta altura do ano o Sol não desce abaixo da linha de horizonte, e as "noites brancas" que servem de palco à famosa obra de Dostoiévski, deixam-nos um pouco perdidos no tempo. Estamos tão acostumados ao ciclo dia-noite-dia que, ao termos luz constantemente, perdemos a noção da hora. No início não nos lembramos de ir dormir e, ao fim de alguns dias, o cansaço acaba por se revelar e acaba por ser ele a marcar o curso do "dia". Os minúsculos aparelhos que usamos para investigar as migrações dos Maçaricos-galegos (Numenius phaeopus), denominados geolocators, e que registam as suas posições (de forma indirecta), infelizmente não as transmitem. Assim, temos de os recuperar, recapturando para isso o mesmo Maçarico-galego um ano após a colocação do geolocator para conhecer as estratégias migratórias destas aves. Parece simples, mas não é! Ou, pelo menos, não é nada fácil… Os Maçaricos-galegos são fieis ao local de reprodução, por isso, após um ano de os capturarmos, marcado individualmente com anilhas coloridas e colocado um geolocator, sabemos onde os podemos encontrar no ano seguinte, para os tentarmos recapturar e ficar finalmente a conhecer os seus movimentos. Continua a parecer simples. A técnica consiste em capturar as aves enquanto elas incubam os ovos, usando para isso uma spring trap, comumente utilizada em estudos com estas aves. O período de incubação do Maçarico-galego decorre durante 25-27 dias, portanto, de forma a maximizar o tempo disponível de captura tentamos encontrar os ninhos o mais cedo possível. Uma vez sabendo a localização do ninho, podemos tentar capturar as aves. O tempo da primeira captura de um indivíduo é reduzido, cerca de 10-15 minutos. Mas os Maçaricos-galegos são mais cuidadosos e parecem aprender que algo está diferente no ninho quando fazemos uma nova tentativa, com a spring trap. Muitas vezes as nossas tentativas falham porque a ave não se deixa capturar e após algum tempo retiramos a spring trap, a ave volta ao ninho e nós voltamos a tentar uns dias depois. Em 25-27 dias de incubação, parece não haver problema em tentar novamente mais tarde, já que é uma janela temporal larga. Mas há! Na Islândia existem vários predadores que se alimentam dos ovos de Maçarico-galego e outras limícolas, por exemplo a Raposa-do-ártico (Vulpes lagopus) ou os Moleiros-pequenos (Stercorarius parasiticus), e caso o ninho seja predado, não existe alternativa para recapturar a ave, o respectivo geolocator e os dados nele contidos! Nas últimas semanas já observamos 35 indivíduos com geolocator e alguns ninhos foram encontrados. Além disso, nos mais adiantados, as tentativas começaram a ser feitas e nove geolocators foram recuperados! Estamos impacientes para saber quais as estratégias migratórias destes indivíduos, mas sobretudo muito ansiosos para recuperar os restantes, neste jogo de paciência e nervos! |
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