DIÁRIOS DE CAMPANHA
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DIÁRIOS DAS ATIVIDADES DE CAMPO DOS PROJETOS DURANTE A CAMPANHA PROPOLAR 2016-2017
Estar a ouvir sempre qualquer coisa quando se está a trabalhar faz parte da vida de um cientista, pelo menos da minha. Confessa, na tua também, certo? É acordar, ligar o PC (uso Mac) e pôr qualquer som, pode ser para ouvir as notícias do que se passa em Portugal (Antena 1 ) ou simplesmente música (Antena 3, BBC 1,...). Dá companhia e, surpresa das surpresas, ajuda-me a concentrar na tarefa (mesmo com o escritório cheio de estudantes e colegas). Também ouço muito os campeonatos de surf em direto (Frederico Morais no World Tour e Vasco, Teresa, Miguel, Zé e os restantes surfistas portugueses e europeus no Qualifying Tour)...surpreendentemente, torna o dia muito mais produtivo. Na Nova Zelândia foi assim. Regularmente vinham colegas ao lab. só para saber os últimos resultados do surf (os Nova Zelandeses também têm surfistas nestes campeonatos). Desde que fiz a mala, a 4 de Dezembro 2016, para a expedição à Península Antártica (com o José Seco) e vir à Nova Zelândia (passando 3 semanas em Portugal com um colega Russo, em Janeiro/inicio de Fevereiro) até agora, foi sempre muito intensivo mas bom. Desde a chegada à Nova Zelândia, a 10 de Fevereiro, deu para analisar todas as amostras do José Queirós, que incluiu desde lulas fantásticas, otólitos (ossinhos que estão junto ao cérebro, usados para manterem o seu equilíbrio) de peixe e até crustáceos que nunca tinha identificado. E sim, descobrir que o José Q. tinha trazido o polvo gigante do Antártico, com o interesse dos media da Nova Zelândia, foi fantástico!!! O que também me alegrou nestas semanas foi identificar que espécies de lulas e polvos continham as amostras da dieta dos albatrozes das Ilhas Adams e Antípodes, dos anos 2002 e 2016. Estava particularmente desejoso de descobrir se haveria diferenças entre anos (ou se comiam mais o menos as mesmas espécies todos os anos) e de que modo pode estar relacionado com a grande queda de sobrevivência que estes albatrozes têm estado a sofrer nos últimos anos. Estou a fazer a estatística agora (estão a ver como a matemática é importante para um cientista!?). As análises ascenderam aos 14 000 bicos! Fazendo as contas, um filhote de um albatroz da ilha Antípodes poderá chegar a comer 2 lulas por dia durante 8 meses. Se as lulas possivelmente só são 50% da dieta em peso (o restante é maioritariamente peixe), estavam a imaginar como os filhotes destes albatrozes estão a ser bem tratados pelos seus pais :). Também trabalhei com os meus colegas Nova Zelandeses numas amostras da dieta de pinguins Rockhopper (que se reproduzem na Ilha de Campbell), em que mostrou que estes pequenos pinguins (2-3 kg de peso) se alimentam bem junto ao fundo, comendo polvos pequenos Octopus campbelli e lulas (maiores) também junto ao fundo. O que achei interessante foi não encontrar bicos de outra espécie de polvo (maior do que O. Campbelli) mas que é abundante também nessa região. Outro fato interessante foi estes pequenos pinguins comerem também uma espécie de lulas M. hyadesi) que vive no meio da coluna de água...resumindo: Nos dias em que apetece cefalópodes (o grupo que compreende lulas e polvos), os nossos pinguins rockhopper exploram o redor da ilha junto ao fundo para apanhar polvos pequenos e 1 lula que vive também junto ao fundo, e vai mais à coluna de água comer outra espécie de lulas (poderei simplesmente explorar o fundo, não?). Fica um beijinho ou um abraço de Sidney já a caminho da neve em Coimbra (que já tiveram o prazer de me informar) !!! Vou pôr uma música para ajudar, pois ainda faltam 40 horas de viagem... Hearing something while working is surely something that is part of the life of a scientist, at least for mine. You too, right? Wake up, turn on the computer and put something on is the norm...it could be the news or a music channel. It helps me concentrate on the tasks of the day (even with the office crowed with colleauges and students). I also hear a lot of the surfing competitions (World Surfing League)...surprensingly ti turns my day even more productive. While in the lab in New Zealand, regularly colleagues would pop in just to know the results of the last “heat”. Since I made my suitcase, on the 4 December 2016 (to the Antarctic Expedition with José Seco) and coming to New Zealand (with 3 quick weeks in Portugal with a Russian colleague), has been always intensive but good. Since arriving in Wellington, it was possible to analyse all the samples of José Queirós that included amazing Antarctic squid , fish otoliths (fish little bonés located clsoe to their brain, used for orientation) and even crustaceans that I have never seen. And yes, to discover that José Q. brought a giant Antarctic Octopod was also interesting! What also made me happy during these weeks was to assess what the Antipodes and Adams Albatrosses feed and if there were diferences between years...and if these differnces can be associated with their decline. I am still doing the statistics (a note for young students: maths, like most disciplines, is really important in the life of a scientist!). This work lead to the analyses of more than 14 000 cephalopod beaks!!! Doing the maths, a wandering albatross chick from Antipodes islands may eat 2 squid per day for 8 months. If squid is likely to be only 50% of the diet by Mass (the other half is likely to be mostly fish), we can certainly conclude that these chicks have been well fed. I also worked on the diet of Rockhopper penguins from Cambell Island, that showed that these small penguins (up to 2-3 kg) feed mostly close to the bottom (on small octopods Octopus campbelli and 1 squid) but also in the water column on a pelagic squid called Martialia hyadesi. A kiss or a big hug from Sydney (Australia) on my way to snow in Coimbra (from what I heard)!!! I am putting some music now to help me coping with such news....only 40 hours of travelling to go....
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