DIÁRIOS DE CAMPANHA PROPOLAR 2017-18 |
Pedro Pina, Base King Sejong, Península de Barton, 31 de Janeiro de 2018 E de facto assim é, já estamos em Barton! O voo de Punta Arenas até à Península Fildes na ilha de King George foi realizado no dia planeado e praticamente à hora escolhida na véspera como sendo a mais adequada. Na chegada, o tempo estava bom, tínhamos à nossa espera os nossos colegas coreanos liderados pelo chefe de base Hong Soon-Gyu para nos levar em zodiac até à Península Barton situada a cerca de 10 km de distância. Até descarregarmos as malas e equipamentos do avião, chegarmos junto à costa e encontrarmos o equipamento dos nossos colegas de Évora que tinha baixado do navio espanhol Hespérides, levantou-se um vento mais forte que fez com que no fim desta tarde o mar já não estivesse tão bom, no entanto ainda navegável e dentro de todas as condições de segurança. A existência de alguma ondulação fez com que a travessia desta baía entre as duas penínsulas, que durou cerca de 3 quartos de hora, fosse bem batida e salpicada. Foi com muito agrado que voltei a pisar Barton, onde já tinha estado em duas campanhas anteriores em 2013 e 2014. E também com surpresa, pois logo à distância consegui identificar o novo edifício da base, bem maior e bem mais moderno, que veio substituir vários módulos mais pequenos que tinham sido inaugurados em 1988. E se por fora tudo já impressionava, então por dentro não havia dúvidas que as novas condições são fantásticas, com todo o conforto e os melhores meios para se fazer investigação. Este novo edifício de 2 pisos, começou a ser construído o ano passado para ficar pronto a ser utilizado este ano. Ou seja, estamos a inaugurá-lo!
No primeiro andar estão instalados todos os laboratórios de apoio (química, biologia, geofísica), a sala da meteorologia e várias e muito espaçosas salas de trabalho. Foi numa delas que nos instalámos. No segundo piso, ficam todos os espaçosos quartos, casas de banhos e duches, uma lavandaria e também um grande espaço de convívio com sofás, máquinas de café ou micro-ondas. Apesar de praticamente operacional há ainda vários pormenores por acabar neste novo edifício, como melhorar a velocidade da internet, que continua igual a quando a base era mais pequena. Já nos confirmaram que é algo que se resolverá durante os próximos dias. Depois de termos jantado, ainda conversei um pouco com o chefe de base Hong Soon-Gyu (Hong é o apelido e Soon-Gyu o nome), um biólogo com quem colaboramos há vários anos, relativamente aos planos para a nossa campanha. É importante referir que esta base está aberta todo o ano é gerida e mantida pelo KOPRI, ficando sempre um dos seus investigadores como o chefe de uma equipa que cá fica instalada durante 12 meses. Só depois é que fui para o quarto ‘desfazer’ a mala, e com a expectativa de começarmos já a ir para a rua no dia seguinte pois as previsões davam muito bom tempo!
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Pedro Pina, em Punta Arenas, Chile, a 30 de Janeiro de 2018 O meu nome é Pedro Pina e sou o Investigador Principal do projecto CIRCLAR-2 apoiado pelo Programa Polar Português (PROPOLAR) e em colaboração com o Instituto Polar Coreano (KOPRI). Este projecto tem como objectivo estudar círculos de pedras, um padrão típico das regiões polares, através de imagens captadas por drones. Estas bem definidas e naturais formas são criadas pela dinâmica sazonal dos solos que vão expulsando as maiores pedras até à superfície que depois vão sendo arrumadas criando uma forma circular parecida com um bolo-rei gigante, com diâmetros da ordem de 1 metro. Para além da extensa caracterização e do interesse geomorfológico destes padrões pretendemos também perceber qual é a sua relevância para o ciclo de carbono na Terra. Depois, quando estivermos em Barton, a Península da ilha King George na Antártida Marítima onde iremos desenvolver o nosso trabalho de campo, publicaremos aqui algumas fotos ilustrativas.
A equipa no campo deste projecto é formada por mim e pela minha colega Sandra Heleno também do CERENA, do Instituto Superior Técnico. Estamos já em Punta Arenas no sul do Chile a ultimar a campanha, comprando pequenos materiais e revendo alguns dos seus protocolos, acabando normalmente por ir jantar com os nossos colegas espanhóis, tendo a estátua do Fernão de Magalhães como ponto de encontro. O embarque para a Antártida está previsto para o dia 31/Jan/2018 e será num voo fretado pelo PROPOLAR que, além de nos levar a nós e mais outros 2 colegas portugueses da Universidade de Évora, estará cheio de investigadores de muitas outras nacionalidades. É o principal contributo logístico de Portugal para a actividade científica na Antártida e que tem permitido reforçar as colaborações internacionais. Falta só acrescentar que ficaremos instalados na base sul-coreana King Sejong. Como sempre as nossas expectativas são elevadas, esperando fazer uma boa campanha e colectando uma quantidade apreciável de novos dados. Espero que o próximo post seja já escrito em King Sejong! |
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