DIÁRIOS DE CAMPANHA PROPOLAR 2017-18 |
Sara Ramos, Baía Sur, Ilha Livingston, 8 Fevereiro 2018 ![]() It’s Friday 2nd February 2018 and we are getting our equipment ready to go ahead with our first day of work on field. The purpose for this week is to walk up to the different permafrost and climate monitoring points that are already set up around Hurd Peninsula to do the maintenance of the equipment and renew the sensors of temperature inside the permafrost boreholes. This way, we will set up a new technology of sensors that can be read in sutu by wifi connexion to a computer, so this will save us the time of opening the installation to download the data logs sensor by sensor. In this new technology, the sensors need to be calibrated before installed in the boreholes, so we devoted a bit of time to this issue. We introduced the sensors in an ice and water bath in thermal equilibrium to 0°C, so after a couple of hours, we had enough measurements to calibrate the sensors, correcting its measurement error to 0°C. Once the equipment is ready, we suit on our snow rackets and start walking uphill to reach the monitoring points. First stop is the meteorological station, right behind the base, followed by the monitoring sites located further away in the Slope Ohridski and Papagal sites. Here we download the data and renew the sensors of the different measurement devices: snow stacks, permafrost monitoring boreholes, air temperature sensors, ground surface temperature sensors, cameras, etc. By the middle of the week, we decide to go by zodiac to the other side of Johnson’s Bay, where our neighbour, the Spanish base “Juan Carlos I”, is located. From there, we are closer to reach the “Reina Sofia Peak”, where there are few more monitoring sites. Here, we find that the mast of one of the measurement stations has bended because of the strong winter winds and is currently fully covered by snow. The efforts to recover this monitoring site, along with the difficult meteorological conditions, makes this one of the hardest days working outdoors. In this first visit to Reina Sofía sites, we found few problems with the equipment related with batteries and software configuration that makes necessary to come back again to this place. Despite the odds, the best part of visit to Reina Sofia is having the opportunity to enjoy a hot grain coffee in the Spanish base, where Joan, the base commander, kindly received and showed us the new buildings after a recent refurbishment of this base.
I must admit that this week I feel so lucky to work in such a special environment and with this team, as we are always having fun. Moreover, staying in the Bulgarian base is being a pleasure; this guys always make as much as they can helping us with the day a day logistics and host us as three more members of the big family.
0 Comentários
Pedro Pina, Base King Sejong, Península Barton, Antártida, 7 de Fevereiro de 2018 Pois é, círculos também há muitos, seu… Vasco Santana! Algo que o drone nos vai ajudando a descobrir voando baixinho. É que todos os que por aqui em Barton pululam, e são mesmo muitos, são bastante variados no seu aspecto. A dimensão média destas formas circulares naturais deverá rondar 1 metro de diâmetro, a dos mais pequenos é da ordem da meia dezena de centímetros, a dos maiores raramente ultrapassa os 2 metros. Formam-se durante dezenas a centenas de anos em zonas relativamente planas ou com declives pouco acentuados, em conjuntos de pequenas unidades (uma dezena, por vezes) ou de várias centenas ou talvez mesmo de milhares de unidades (pode ser que ainda antes da campanha fechar ainda consigamos fazer as contas sobre o maior campo de círculos daqui...). Alguns são muito perfeitos e circulares, outros mais elípticos e por vezes incompletos. Alguns são constituídos por material rochoso mais grosseiro, outros por material mais fino. Alguns estão totalmente ‘limpos’, ou seja, não estão cobertos nem rodeados por vegetação. Outros há em que os líquenes são tantos e tão densos que quase não se vêm as pedras que os constituem. E os que mais gosto são os que estão rodeados por belos tapetes verdes de musgo (suspeito que também é por depois ser mais fácil para qualquer algoritmo delinear o seu contorno na imagem…). Mas há claramente padrões espaciais de localização dos diferentes tipos de círculos aqui na Península de Barton, consoante o tipo de material rochoso, da altitude, da quantidade de água ou de humidade no solo, entre outros factores. Mas isso é o que iremos depois tentar perceber quando regressarmos a casa com as bagagens atafulhadas de novos dados. Mas para já, e depois de voltarmos à base no fim de cada saída, começamos a ‘montar’ os mosaicos de cada local, com mais de 500 imagens em cada um e com cerca de 2 mm de resolução. E não deixo de ficar espantado com os pormenores que conseguimos ver agora e que complementam as imagens captadas durante a campanha de 2016, desenvolvida pelo Gonçalo Vieira e pelo João Branco. Mas tanto umas como outras são muito importantes para os nossos objectivos científicos, as de menor resolução cobrem áreas maiores, as de maior resolução só conseguem cobrir áreas mais pequenas. Mas beneficiamos sempre de cada tipo de imagens, extraindo o melhor de cada um deles! Sara Ramos, Baía Sul, Ilha Livingston, 1 de Fevereiro de 2018 ![]() Hi, I am Sara Ramos, master student in GIS (Geographic Information System) in the University of Lisbon and I am living my “once in a lifetime” experience in Antarctica. This year, me and my two colleagues Gabriel Goyanes and Miguel Ramos are travelling around few points of the Antarctic Peninsula to complete this 2017/18 campaign’s tasks of the ongoing project PERMANTAR supported by the Institute of Geography and Spatial Planning (University of Lisbon). Just a few words to explain what this PERMANTAR project is about. The project aims at increasing the understanding of the reaction to climate changes of the ice-free terrestrial environments of Western Antarctic Peninsula (WAP) and their linkages to permafrost to evaluate the consequences in this kind of ecosystems. For this issue, monitoring and modelling are essential. Our primarily goal in this expedition is to maintain and upgrade the monitoring observatories of permafrost and other climate parameters spread in different spots along the WAP, from Livingston Island to Cierva Cove. Moreover, we will carry out the monitoring and mapping of the Hurd rock glacier in Livingston and a new study on active layer and permafrost dynamics in Cierva Cove. To begin, I cannot tell any story about this trip without describing the excitement of reaching the South Pole’s continent first. It’s finally Saturday 27th January and we can’t be more excited to start our next expedition in Antarctica. After a long overnight flight from Madrid to Santiago de Chile, we boarded in our second plane to Punta Arenas, one of the key spots for Magellan and his trope when in 1920 the commander found his way through the strait and connected both Pacific and Atlantic oceans for the first time. On Tuesday 31st Jan, we and a bunch of other researches from all over the world (Spain, Portugal, Bulgary, Turkey, China…), would fly over the Drake’s Passage on board of “The Antarctic” from Punta Arenas, until stepping in King George Island, our very first Antarctic land. From King George, Spanish ship “The Hespérides” was waiting to pick us and give us a 12h ride to the Bulgarian Base, in Livingston Island, where we would spend around twenty days working on field. It is 11am of the first day of February 2018 and we are leaving our first footprints in the almost virgin snow that covers the path going from the beach, where the zodiac has just dropped us, to the St. Kliment Ohridski Bulgarian Base. Two of the four board members of this small base, Jordan and Danco, are waiting to give us, as well as other Bulgarian colleagues, a warming welcome to the cold land with a hot chicken soup ready in the table. It is an uncommon sunny day in here and our first impression of the place is a small and humble base surrounded by melting snow that makes us remind a cosy mountain refugee. Once settled up in this place, is time to make the most of the sunny afternoon by going for a long walk along the coast that connects our base with the massive Perunika Glaciers at the end of the Hurd Peninsula. While walking by the sea, the raw climate, the animals that one sees, the temperature, the lights, all the elements are delighting us and soon I cannot avoid falling in love with this piece of land. Sandra Heleno, base King Sejong, Antártida, 01 de Fevereiro de 2018 Como o Pedro Pina bem perspectivou no seu último “post”, hoje tivemos um dia com condições excelentes para o trabalho de campo: boa visibilidade, vento fraco, e nada de chuva ou neve. Estivemos durante a manhã a organizar o nosso posto de trabalho na base, mas logo a seguir ao almoço saímos com o objectivo de adquirir imagens com o drone. Dirigimo-nos para uma área próxima da base (cerca de 1.5 km de distância) caracterizada por numerosos círculos de pedra. Nesta região temos imagens captadas por drone em 2013 e 2014, o que, esperamos, nos irá permitir detectar o movimento radial das pedras individuais que constituem os círculos (que pode atingir ~2cm/ano). Para isso necessitamos de imagens com resolução da ordem dos milímetros, o que conseguimos voando o drone a baixa altitude, e complementando com fotografia feita a partir do solo, para alguns círculos representativos. Hoje captámos um elevado número de fotografias com diferentes direcções e inclinações: cerca de 400 imagens obtidas com o drone, sobrevoando uma região de círculos de pedra com dimensões de 100x100 metros; e, para um dos círculos localizados nessa área, cerca de 40 fotos a partir do terreno. Este conjunto de imagens permite-nos criar modelos 3D destas estruturas. Foi um dia excelente. Eu, como o Pedro, estou encantada com a forma amável como fomos recebidos na base sul-coreana, e com as muito boas condições físicas, quer para trabalhar, quer para descansar ao final do dia. Já vinha com expectativas altas, mas foram claramente superadas! Pedro Pina, Base King Sejong, Península de Barton, 31 de Janeiro de 2018 E de facto assim é, já estamos em Barton! O voo de Punta Arenas até à Península Fildes na ilha de King George foi realizado no dia planeado e praticamente à hora escolhida na véspera como sendo a mais adequada. Na chegada, o tempo estava bom, tínhamos à nossa espera os nossos colegas coreanos liderados pelo chefe de base Hong Soon-Gyu para nos levar em zodiac até à Península Barton situada a cerca de 10 km de distância. Até descarregarmos as malas e equipamentos do avião, chegarmos junto à costa e encontrarmos o equipamento dos nossos colegas de Évora que tinha baixado do navio espanhol Hespérides, levantou-se um vento mais forte que fez com que no fim desta tarde o mar já não estivesse tão bom, no entanto ainda navegável e dentro de todas as condições de segurança. A existência de alguma ondulação fez com que a travessia desta baía entre as duas penínsulas, que durou cerca de 3 quartos de hora, fosse bem batida e salpicada. Foi com muito agrado que voltei a pisar Barton, onde já tinha estado em duas campanhas anteriores em 2013 e 2014. E também com surpresa, pois logo à distância consegui identificar o novo edifício da base, bem maior e bem mais moderno, que veio substituir vários módulos mais pequenos que tinham sido inaugurados em 1988. E se por fora tudo já impressionava, então por dentro não havia dúvidas que as novas condições são fantásticas, com todo o conforto e os melhores meios para se fazer investigação. Este novo edifício de 2 pisos, começou a ser construído o ano passado para ficar pronto a ser utilizado este ano. Ou seja, estamos a inaugurá-lo!
No primeiro andar estão instalados todos os laboratórios de apoio (química, biologia, geofísica), a sala da meteorologia e várias e muito espaçosas salas de trabalho. Foi numa delas que nos instalámos. No segundo piso, ficam todos os espaçosos quartos, casas de banhos e duches, uma lavandaria e também um grande espaço de convívio com sofás, máquinas de café ou micro-ondas. Apesar de praticamente operacional há ainda vários pormenores por acabar neste novo edifício, como melhorar a velocidade da internet, que continua igual a quando a base era mais pequena. Já nos confirmaram que é algo que se resolverá durante os próximos dias. Depois de termos jantado, ainda conversei um pouco com o chefe de base Hong Soon-Gyu (Hong é o apelido e Soon-Gyu o nome), um biólogo com quem colaboramos há vários anos, relativamente aos planos para a nossa campanha. É importante referir que esta base está aberta todo o ano é gerida e mantida pelo KOPRI, ficando sempre um dos seus investigadores como o chefe de uma equipa que cá fica instalada durante 12 meses. Só depois é que fui para o quarto ‘desfazer’ a mala, e com a expectativa de começarmos já a ir para a rua no dia seguinte pois as previsões davam muito bom tempo! Pedro Pina, em Punta Arenas, Chile, a 30 de Janeiro de 2018 O meu nome é Pedro Pina e sou o Investigador Principal do projecto CIRCLAR-2 apoiado pelo Programa Polar Português (PROPOLAR) e em colaboração com o Instituto Polar Coreano (KOPRI). Este projecto tem como objectivo estudar círculos de pedras, um padrão típico das regiões polares, através de imagens captadas por drones. Estas bem definidas e naturais formas são criadas pela dinâmica sazonal dos solos que vão expulsando as maiores pedras até à superfície que depois vão sendo arrumadas criando uma forma circular parecida com um bolo-rei gigante, com diâmetros da ordem de 1 metro. Para além da extensa caracterização e do interesse geomorfológico destes padrões pretendemos também perceber qual é a sua relevância para o ciclo de carbono na Terra. Depois, quando estivermos em Barton, a Península da ilha King George na Antártida Marítima onde iremos desenvolver o nosso trabalho de campo, publicaremos aqui algumas fotos ilustrativas.
A equipa no campo deste projecto é formada por mim e pela minha colega Sandra Heleno também do CERENA, do Instituto Superior Técnico. Estamos já em Punta Arenas no sul do Chile a ultimar a campanha, comprando pequenos materiais e revendo alguns dos seus protocolos, acabando normalmente por ir jantar com os nossos colegas espanhóis, tendo a estátua do Fernão de Magalhães como ponto de encontro. O embarque para a Antártida está previsto para o dia 31/Jan/2018 e será num voo fretado pelo PROPOLAR que, além de nos levar a nós e mais outros 2 colegas portugueses da Universidade de Évora, estará cheio de investigadores de muitas outras nacionalidades. É o principal contributo logístico de Portugal para a actividade científica na Antártida e que tem permitido reforçar as colaborações internacionais. Falta só acrescentar que ficaremos instalados na base sul-coreana King Sejong. Como sempre as nossas expectativas são elevadas, esperando fazer uma boa campanha e colectando uma quantidade apreciável de novos dados. Espero que o próximo post seja já escrito em King Sejong! |
DIÁRIOS DA CAMPANHA
|