Pedro Pina, Península de Barton, 15 de Fevereiro de 2019 Fizemos o nosso trajecto aéreo de mais de 15 mil quilómetros entre Portugal e a Antártida em 4 voos diferentes. Primeiro e de seguida, de Lisboa a Punta Arenas no sul do Chile, com escalas em Madrid e em Santiago, em voos comerciais. Depois, após 3 dias em Punta Arenas, até à ilha de King George num voo fretado pelo KOPRI, o Instituto Polar da Coreia do Sul. O voo fez-se à hora programada, logo pela manhã de dia 15 de Fevereiro, com embarque quase imediato após o check-in no aeroporto. Foi a primeira vez que tal me aconteceu com tamanha rapidez, pois há sempre atrasos, de horas a dias, à espera da confirmação de que a meteorologia permite fazer o voo e a aterragem em King George com toda a segurança. Sinal de bom tempo em King George, portanto. Lá chegados, após um tranquilo voo de 2 horas de duração, tivemos de fazer a travessia de cerca de 10 km da baía Maxwell entre as penínsulas de Fildes e Barton. Só que desta vez não fomos em zodiac, pois os coreanos têm a partir deste ano uns pequenos barcos para a fazer. Menos empolgante certamente, mas mais confortável e principalmente bastante mais seca para todos nós e os equipamentos que transportamos.
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Susan Roaf, 15th February , Punta Arenas ![]() After a spectacular trip over the Andes we arrive via Sao Paolo (Brazil) and Santiago (Chile) to Punta Arenas. Staying with the wonderful Pamela at her holiday rentals we get two days to check out the interesting city of Punta Arenas, and Scotland’s own Heriot Watt University: we eat lots of delicious lamb; admire the local architecture and great museums; statues of the brave marine heroes who first braved the dangerous waters around Terra Del Fuego; the birds; and the local art – some of the most stunning of which is by the indigenous peoples like the Selknam who body painting is admired by so many Cármen Sousa, 15 FEV 2019, Ilha Antártica de King George 10-02-2019 A manhã de pesca foi produtiva e, finalmente conseguimos obter o número de peixes que faltava para iniciar a última etapa da experiência, que se vai realizar de 13 a 15 (figura 33). Agora temos de medir, pesar e marcar o opérculo dos peixes para sabermos identificar e distinguir cada indivíduo na experiência. O passo seguinte é dividi-los por grupos de modo a obtermos uma média de pesos e tamanhos semelhantes, para ser posteriormente comparável. Vários turistas chineses têm passado por aqui nos últimos dias, vindos de cruzeiros. Após efetuarmos o nosso trabalho, fomos convidados para conhecer um desses navios “Le Soleal”. A bordo tiveram a amabilidade de nos fazer uma pequena tour para conhecermos este luxuoso e encantador navio e serviram-nos chocolate quente, que é sempre bem-vindo, principalmente neste ambiente gelado (Figura 34, 35 e 36)! 15-02-2019
Após estes últimos 3 dias frenéticos de amostragens findamos a última etapa do nosso plano experimental. No entanto, é necessário ainda recolher e filtrar água dos pontos de pesca, fazer alguns ensaios laboratoriais em amostras de sangue, organizar todas as amostras para serem transportadas para Portugal, fazer o inventário de todo o material usado e o que sobrou e, depois, empacotar tudo, desmontar o sistema, etc. O cansaço já começa a ser visível, mas, o alívio e a sensação de dever quase cumprido supera tudo! Hoje, o Adelino Canário, viaja de regresso para Portugal. Enquanto que nós cá ficamos, até 2 de Março, para finalizar o que ainda falta terminar!! Eu e o Pedro Guerreiro fomos ao aeroporto para nos despedirmos dos que vão e para dar as boas-vindas aos portugueses que acabam de chegar (figura 37). Pedro Pina, Lisboa, 10 de Fevereiro de 2019 O projecto VEGENTANTAR vai começar a sua campanha de campo antártica! O projecto pretende efectuar a cartografia multitemporal da vegetação das zonas terrestres (ou livres de gelo) da Península Antártica recorrendo a imagens de detecção a várias escalas de observação de múltiplas plataformas e sensores de forma a ser utilizada como indicador climático. A vegetação antártica, onde predominam líquenes e musgos, é constituída por manchas relativamente pequenas e esparsas nem sempre facilmente identificáveis nas imagens de satélite, mesmo nas de mais elevada resolução espacial (até 0.5m/pixel). É por isso necessário ter ainda imagens de melhor resolução onde se possam observar todos esses pormenores, relacionados com a sua disposição espacial. Os drones são actualmente a forma mais adequada para os obter, pois permitem cobrir áreas relativamente extensas de uma forma autónoma com imagens de resoluções entre poucos milímetros a centímetros por pixel (consoante a altura a que voarmos o drone). É isso que vamos fazer na campanha de campo deste ano na península de Barton na ilha de King George, voar o drone nas zonas onde existe vegetação que está a ser deficientemente identificada nas imagens de satélite de forma a obter informação de referência mais fiável para classificar melhor as imagens de satélite. ‘Vamos’ refere-se a mim, Pedro Pina, e ao Vasco Miranda que pisa o solo antártico pela primeira vez. O planeamento da campanha está feito, admitindo um grau de variabilidade relativamente amplo como deve ser em qualquer campanha polar, sobretudo devido à meteorologia que muda muito rapidamente de ideias. Mas, como sempre, as expectativas de fazermos uma boa campanha são elevadas, esperando que os próximos relatos assim o confirmem.
Cármen Sousa, 08 FEV 2019, Ilha Antártica de King George Mais um dia de pesca mas, desta vez, não foi muito gratificante.
O número de peixes não é suficiente para a nossa terceira e última etapa do plano experimental. Conclusão, vamos ter de ir novamente à pesca mas, não sabemos bem quando. Tudo vai depender do tempo e disponibilidade da equipa chinesa da base Great Wall que nos dá apoio logístico. Efetuar experiências ou outro tipo de trabalho de investigação na Antártida requer bastante logística e, uma das maiores aprendizagens de quando se está cá, é que poucas coisas conseguimos controlar, porque aqui o cenário pode mudar rapidamente. Posso mencionar alguns exemplos: para transportar equipamento de investigação, normalmente necessitamos do apoio de um navio para que tudo cá chegue, e que as condições permitam que possa ser descarregado; relativamente à nossa experiência, precisamos de um contentor que é disponibilizado pelo programa polar Chinês (CAA), e disponibilidade para colocar junto ao cais, por ser o local mais perto do mar; para pescar, é necessário um barco que também é disponibilizado pela base Great Wall. Só um ou 2 elementos da equipa técnica de Great Wall estão autorizados a conduzir este barco, por isso também dependemos da disponibilidade do condutor que, normalmente, é o que está habilitado a conduzir a maquinaria da base chinesa. E mesmo que tudo o que acabei de enumerar esteja pronto, precisamos que o tempo esteja favorável e, mesmo assim, podemos não conseguir pescar o número suficiente de peixes (foi o que nos aconteceu hoje). Então aí voltamos ao início, ver o dia disponível, condições do tempo, etc. Várias pessoas já me questionaram o porquê de não fazer as experiências em Portugal ou outro país e, para quem não saiba e, de acordo com o acordo da Antártida, assinado por vários países, é proibido levar animais vivos e amostras que não sejam do nosso objeto de estudo (não podemos levar uma pedra, por exemplo). Ou seja, no nosso caso em particular, só podemos levar as amostras dos peixes, mas, as experiências têm de ser feitas cá. Este lugar é perfeito para se constatar e “sentir na pele” que todos precisamos e dependemos uns dos outros, direta ou indiretamente e que quando trabalhamos em comunidade e em prole de algo que acreditamos e preservamos, tudo se torna mais fácil, acessível e possível. É importante salientar que é um privilégio trabalhar neste continente e, poder viver e presenciar a capacidade de adaptação dos seres vivos que habitam este local inóspito, bem como dos humanos que por aqui passam (eu, inclusive) João Canário, Ligia Alves e Martin Jusek, Lisboa, 2019.FEv.07 A duas semanas da partida para o Ártico o projeto PERMAMEC já mexe. Todos os envolvidos já começaram a preparar o material para a campanha de amostragem incluindo a sua lavagem, descontaminação e acondicionamento na arca que o irá transportar.
Deste projeto que tem como objetivo o estudo da dinâmica do mercúrio em lagos de termocarso faz parte uma grande equipa que inclui ecologistas, químicos e ambientais e microbiólogos de Portugal e Canadá. Participará também o estudante de mestrado do IST Martin Jusek. Nesta campanha irão ser realizas igualmente análises biogeoquímicas e microbiológicas em cores de gelo com vista ao doutoramento em Astrobiologia da aluna Ligia Coelho. Nestas duas semanas várias reuniões estão programadas para que nada falte pois disso depende o sucesso do projeto. Cármen Sousa, 07 FEV 2019, Ilha Antártica de King George A segunda etapa do plano experimental começou ontem e termina hoje. As experiências têm corrido bem, como era expectável. O dia está meio tempestuoso, com muita neve e vento forte, o que torna mais árduo o nosso trabalho no contentor (figura 30 e 31) e, ainda por cima hoje é um dia de amostragem. Isto significa que temos de passar mais horas cá fora e no cais da base chinesa. A maré tem estado alta e no início da experiência, a água, com a força do vento, praticamente “batia” à entrada do contentor. Mas, há que ver o lado positivo: há neve e gelo por todo o lado, sendo que não é preciso nenhuma máquina de gelo ou algum tipo de refrigeração para manipular e transportar as nossas amostras!!
E, para alegrar ainda mais a paisagem, tivemos a visita de dois leões-marinhos (figura 32) Pedro Almeida, 07 FEV 2019, Ushuaia, Argentina Há algumas imagens que merecem ser recordadas, tais como o aviso no ponto de gravimetria absoluta em Ushuaia, Argentina, seria interessante ter aviso igual em Portugal :D. Depois, já com o "bébé" (leia-se, gravímetro) bem protegido para atravessar o mar de Hoces, mais conhecido como a passagem de Drake, iniciámos a travessia. Passados alguns dias de navegação e aventuras logísticas, com paragens, entre as quais nas ilhas Livingston e Deception, chegámos ao destino do projeto LATA : Baía Cierva que, segundo a estória transmitida mais tarde pelo colega Cláudio Matko, do Instituto Antártico Argentino, foi denominada por engano de Primavera por um comandante argentino, ou o seu navegador, pensarem ter chegado a Spring Point, localizado à entrada da Baía Brialmont, um pouco mais a Sul da Baía Cierva. O equipamento foi desembarcado, com todo o cuidado possível, e lá seguimos, no meio de um mar de gelo, acompanhados pelo comandante do Hespérides. Mas tudo chegou em perfeitas condições. Nevava bastante na baía Cierva. Após as apresentações iniciais foi possível iniciar os trabalhos. O Claudio estava já a postos e foi, na verdade, uma preciosa ajuda e excelente companheiro de trabalho. Bem hajas pelo mate! Começámos por ter uma surpresa desagradável: o receptor GNSS permanente, instalado em Primavera em Fevereiro de 2016, apesar de se ter mantido operacional durante todo o inverno antártico, teve problemas de corrupção de memória e todos os dados foram perdidos. Ultrapassando a primeira desilusão e após se ter conseguido reiniciar a memória e a operação do equipamento, seguiu-se a segunda fase: instalar o gravímetro num local seguro, protegido das escuas (em espanhol, ou skuas, em inglês, ou moleiros, em português, que são aves marinhas) e dos pinguins... ![]() Instalou-se o gravímetro sobre um maciço rochoso sobre-elevado, protegido pelo laboratório. E por aí passou toda a sua temporada de medições antárticas. Seria neste ponto que deveríamos escolher uma maré baixa para fazer a instalação do sensor de maré mas tivemos de aguardar pois, a mala do Cláudio, onde estava a protecção anti-gelos, focas, pinguins, lobos marinhos, escuas, etc... havia ficado perdida num dos vôos e esperava-se que chegasse no dia seguinte, num navio que deveria transportar também a equipa de investigadores argentinos, onde se contavam dois velhos conhecidos da campanha de 2015-16, o Pablo (geólogo) e o Lucas (biólogo). Assim prosseguimos para a fase seguinte do plano: efectuar um nivelamento geométrico entre os pontos onde se encontram os equipamentos, sempre se avançava o trabalho. Os trabalhos de nivelamento geométrico foram atentamente seguidos pela escua mais famosa da base, o Bartólo, e por alguns pinguins. Contou com alguns troços complicados, como o de acesso à pequena baía que serve de zona de desembarque. Os resultados deste trabalho foram animadores ... e ficámos ainda mais animados com as notícias ao fim do dia, pelo rádio... no dia seguinte chegaria o navio e a mala do Claúdio com a proteção do sensor. Depois da descarga do material e mais um momento de saudações e apresentações com a chegada de novos membros, deitamos mãos à obra para preparar o equipamento a ser instalado na primeira maré baixa que permitisse um nivelamento ao ponto que já tínhamos cotado na praia. Fazer um nivelamento subaquático não é tão fácil como parece, mas lá se conseguiu, com algumas quedas na água fresquinha, a rondar os -1ºC. Tendo todos os sensores no local, e a registar, passámos às seguintes fases da missão, dar uma mão ao projeto Permantar. Aproveitamos um dia de sol e fomos até à estação meteorológica recolher dados e verificar o estado dos sensores de solo e perfurações. Regressámos à base, acompanhados na nossa caminhada pelos simpáticos e curiosos vizinhos pinguins. À chegada, o nosso cozinheiro, Marcelo, tem sempre algo à espera de quem anda lá fora ao frio. Entretanto também foi colocado em funcionamento a estação meteorológica anexada ao receptor GNSS e que ficou testada ainda antes de partirmos. ![]() Havia uma outra missão a executar: a entrega dos agradecimentos à Base Primavera e ao Programa Polar Argentino (DNA e IAA), pelo seu apoio aos projectos portugueses - um painel de parede, em cortiça portuguesa, com a frase "To the Argentine Research Station Primavera in appreciation of continued support and partnership". Chegava ao fim a estadia na Base Primavera, que tem sempre boas imagens. Com a chegada do navio de investigação espanhol Hespérides, dizemos adeus à base Primavera e a Caleta Cierva (denominação em espanhol). ![]() No regresso, houve oportunidade para uma curta visita à Base Chilena Professor Júlio Escudero, na Ilha Antártica de King George, para participar na cerimónia comemorativa do seu 24º aniversário, celebrada no dia 1 de Fevereiro de 2019, com direito a visita ministerial espanhola. Seguimos em direção ao aeródromo de Frei (nome oficial, Teniente Rodolfo Marsh Martin), para embarcar num "pinguim voador" (aeronave BAE 146 pintada com as cores de um Pinguim-macaroni). Com aproximadamente 2 horas de voo, terminámos a missão em Punta Arenas, onde por fim, o gravímetro acusou o cansaço da viagem.
Catarina Guerreiro e Afonso Ferreira, 2019-JAN-30 ao largo da Península Antártida, a bordo do navio polar da Marinha Brasileira " Almirante Maximiano" As últimas semanas de Janeiro de 2019 foram passadas a monitorizar o ambiente marinho envolvente ao norte da Península Antárctica. A bordo do Navio Polar Almirante Maximiano, trabalha-se por turnos de 12 horas de forma a rentabilizar ao máximo o tempo de navegação e de amostragem desta região tão diversificada quanto remota. A coluna de água tem sido amostrada praticamente todos os dias desde o início dos trabalhos, para investigar a distribuição da biomassa e composição das comunidades fitoplanctónicas, incluindo os biogeoquimicamente importantes cocolitóforos (fitoplâncton calcário). Para além dos perfis verticais de temperatura, salinidade, oxigénio e fluorescência da coluna de água marinha obtidos através do CTD (Conductivity, Temperature, Density), estão também a ser realizadas colheitas de água para o estudo dos macronutrientes, assim como medições “underway” (i.e., em contínuo) do pH e dos fluxos de CO2 entre a atmosfera e a superfície do oceano. Em regiões-chave, recorre-se ao sistema MultiNet e à rede manta para colher amostras de zooplâncton marinho e de microplásticos. Para além das equipas da física, química e fito- e zooplâncton, o GOAL (Grupo de Oceanografia de Altas Latitudes) também conta com um grupo de oceanógrafos especializados no estudo de baleias. A par das suas longas vigílias, ao frio, para observar/quantificar as diferentes espécies que habitam esta região tão produtiva quanto vulnerável, os nossos “baleeiros” (como carinhosamente lhes chamamos) também se aventuram no mar aberto. Quando as condições de ondulação e visibilidade são favoráveis, a destemida equipa sai de bote para observar estes magníficos mamíferos marinhos mais de perto, gravar os seus sons, e colher biópsias da pele e gordura para posteriormente fazer estudos de genética, taxonomia, isótopos estáveis e concentração de contaminantes (ver Seyboth et al., 2018). ![]() Imagem 3. A nossa equipa de “whale-watchers” em ação para mais uma saída de bote. No canto superior direito (da esquerda para a direita), os oceanógrafos Renan Lima (FURG), Jonatas Prado (Instituto Baleia Franca), Manuela Bassoi (Universidade Federal do Rio Grande do Norte) e Elisa Seyboth (Universidade de Cape Town). Porquê este interesse na Península Antártica? Esta região é influenciada por uma das mais rápidas taxas de aquecimento climático à escala global, sendo considerada um “hot spot” natural para monitorizar alterações do ecossistema marinho relacionadas com o aquecimento dos oceanos. Um bom exemplo disso é o Estreito de Bransfield, uma importante região de formação e exportação de massas de água densas e profundas para as áreas circundantes e para o oceano global (Ferreira e Kerr, 2017). Estudos recentes nesta área sugerem que estão a ocorrer fortes alterações nas condições de gelo marinho e um aumento do colapso de camadas de gelo (Cook et al., 2016), por influência da entrada de massas de água intermédias mais quentes e salinas formadas a partir da Corrente Circumpolar Antárctica (Barlett et al., 2018). A redução de cerca de 90% dos glaciares na parte ocidental da península (Cook et al., 2016) parece estar a afetar todos os níveis da cadeia alimentar marinha, desde as comunidades de bactérias Archaea, passando pelos produtores primários (fitoplâncton), krill (zooplâncton), até aos predadores pelágicos marinhos (Ducklow et al., 2007).
Uma das mais recentes descobertas do GOAL diz respeito, precisamente, ao aumento da abundância de criptófitas (fitoplâncton nanoflagelado) em detrimento das diatomáceas (e.g. Mendes et al., 2018). As diatomáceas são o alimento preferencial do krill, que é, por sua vez, a principal fonte de alimento das baleias. Logo, a sua redução em benefício das criptófitas tem o potencial de alterar toda a teia trófica marinha pelágica na Península Antártica. Um dos objetivos desta expedição é, precisamente, investigar a relação entre a biomassa de criptófitas e o aumento da estratificação da coluna de água causado pelo degelo, para avaliar a persistência destas tendências observadas em expedições anteriores. E é também essa a parte mais interessante de colaborar com o GOAL: este grupo de investigação lida com o impacto das alterações climáticas no ecossistema marinho pelágico como um todo, desde os produtores primários até aos mamíferos marinhos. Esta abordagem interdisciplinar é crucial para desenvolver uma perspetiva holística dos processos biogeoquímicos, ecológicos e oceanográficos que aqui vigoram, quer espacialmente, quer ao longo do tempo. Paula Matos, 7 de Fevereiro de 2019, Punta Arenas no hotel enquanto esperamos pacientemente a hora de ir para o aeroporto Partimos rumo à aventura já dia 31 de Janeiro. Os dias foram passados em Punta Arenas, alterando entre trabalhar, procurar líquenes, fazer compras de última hora que precisamos para o projeto e passeios pela cidade. Isto já nos parece uma eternidade aqui. Chegamos com tempo de inverno, já morremos de calor com os 25ºC que fizeram durante dois dias, e já está inverno de novo. Dia 4 à noite receberíamos a primeira mensagem às nove a avisar os detalhes do voo de partida para a aventura. E lá começa o jogo da paciência (ao que parece, uma grande qualidade de qualquer cientista Antártico é a capacidade de esperar pacientemente por bom tempo para conseguir lá chegar) rumo ao bem bom de conseguir chegar à Antártida para trabalhar. Foi mais ou menos assim: nove da noite, um toque (foi pelo WhatsApp) um brilho no olhar; Passou um minuto, vem o nevoeiro e o medo de já não voar... Às duas por três quem sabe onde isto irá parar oito da manhã caindo A esperança de um dia lindo Mas mais mau tempo e o chão já nos ia fugindo... uma da tarde, ei, só às três três da tarde, ei só às seis seis da tarde, ei só às oito oito da noite, ei, más notícias vuelos suspendidos por malas condiciones climáticas Sem saber o que virá depois.... ainda não é bem bom 9 da noite, ai sim coração sigo, bora beijar o pé ao índio (dizem que dá sorte para voar) O bater das 8 da manhã e nada... 12 da tarde ouvindo um disco antigo “hoje é o segundo dia Deste jogo da paciência” São horas a mais E já não há saída... Meio dia, ei só às quatro quatro da tarde, ei só às dez dez da noite, ei! deben presentarse a las 12.00 hrs. En el mesón de Dap en aeropuerto, bem bom! 8 da manhã, um toque (foi pelo WhatsApp) um terror no olhar; Passou um minuto, afinal só atrasou uma hora Café da manhã p'ra dois Sem saber o que virá depois Esperamos que seja finalmente o bem bom! Agora é hora de arrumar as coisas e esperar que a paciência dê frutos, e o beijo no pé do índio também. Rumo ao aeroporto é hora de arrancar com o projeto!
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