18 FEV 2019 “Sacrista!” (Vieira, expressão oral) Sacrista a energia necessária para que dois membros superiores trabalhem e escrevam estas breves notas, sobre aqueles que foram os dois dias de transporte do material neveiro acima… Reforçados com uma refeição matinal de hidratos, arredávamos passo pelo calçadão de calhaus rolados, rumo à praia de águas tropicais (ou assim imaginadas), onde por alguns momentos contemplávamos o depósito de carga a ser transportado. Energizados os braços e preparado o casaco contra a ação abrasiva de qualquer peça metálica, iniciávamos a subida num ritmo quase mecânico, interrompido em breves segundos para uma respiração mais eficiente e um olhar fugaz pela paisagem. Ainda que fossem vários os dias pela frente, procurava-se a todo o custo decorar um pequeno pormenor que não se esfumace no esquecimento de quem regressa a outras latitudes. Reposta a respiração, seguíamos entre pequenos patamares até ao local de ação definido onde libertávamos toda a carga que nas últimas centenas de metros, parecia fundir-se com os nossos ossos e progredir por meios desconhecidos.
Valeu o apoio da equipa coreana que, divertida com a força muscular do grupo, trouxe o equipamento necessário até à praia, onde um batalhão de pinguins teve a cortesia de o proteger contra possíveis intempéries. A tarefa árdua de carregar os “apetrechos peso pluma”, da responsabilidade da arcaica equipa de drillers, foi caracterizada pela boa disposição e, motivada por uma qualquer banda sonora interpretada expressivamente pelo Mercury, ou talvez Björn Ulvaeus, do grupo (Dani Vonder Mühll). Posso assegurar que a imagem mental de um elenco de peso, digno de uma película de ação ao estilo dos Mercenários, é indubitavelmente correta. Ainda assim, não seria justa a realização deste post sem menção à ajuda prestada pelos parceiros de campanha. Começando pela equipa VEGETANTAR, é de referir o apoio entusiasta no transporte de tubos e caixas de ferramentas até ao local de ação, entre aquelas que eram as suas tarefas aéreas. Outra ajuda importante é a de Alper Gürbüz (“O Bravo Soldado” professor na Niğde Ömer Halisdemir University) que na espera do seu material, se disponibilizou para apoiar nos doze trabalhos de Hércules.
0 Comentários
Dani Vonder Mühll, ETH Zurich. King George Island, Feb 16, 2019 A small talk in Chamonix (F) during the 5th European Permafrost Conference in June 2018 was the initiation to join the Propolar Permantar Project. Less than eight months later, on February 13, 2019, I met Gonçalo, Carlos, Joana, Pedro, and Vasco at Mirijam’s B&B in Punta Arenas (Chile). While Pedro and Vasco planned a drone-based remote sensing campaign, the four of us aimed at drilling and instrumenting a 10 to 15 m deep borehole into the permafrost of Barton peninsula (Antarctica). Although I led and accompanied about 20 permafrost drillings in the Swiss Alps and in Europe including Svalbard, this project was quite special: (a) Antarctica is actually a glacier-covered continent with only 2% of not glaciated area. So, we have to choose a drill site that at the border of Antarctica. (b) All equipment has to be carried by man-power to the drill site. (c) And finally, the Portuguese-Swiss Team that met mid of February in Chile is based in the South Korean Research Station of King Sejong. The two days in Punta Arenas were used to complement and check the material. And, since everything was ok, we took the opportunity to visit Pali Aike, a volcanic field close to the boarder to Argentina. The weather was sunny, but wind was very strong and without a single minute of rest – we Europeans felt. The two local guides didn’t notice, since for them it was just a light breeze. Weather forecasts for February 15 were not really clear, and when at 4 pm Gonçalo informed that the decision will be postponed by 2 hours, it turned out that this was just the beginning of postponed decisions, not a good sign anyways. Eventually, we learned at 9 pm that the flight was scheduled for tomorrow before noon. Even though the destination of King George Island (Antarctica) sound very spectacular, it turned out that the procedure and even the aircraft including crew did not differ from many other flights. We left the South American continent at 11 am and arrived on the gravel runway at 1 pm: here we are, Antarctica! Our South Korean hosts picked us up at the airport, and brought us with two vessels to the King Sejong Station.
Mohammad Farzamian, 25 JAN 2019, Deception Island, Antárctica This year, the geophysical group of IDL (Prof. Monteiro Santos, Dr. Mohammad Farzamian and Miguel Esteves) developed an automated Electrical Resistivity Tomography (A-ERT) system with a solar panel-driven battery and multi-electrode configuration to install at Deception Island, Antarctica in the scope of the PERMANTAR project in order to study the long-term climatic trend on the ground thermal regime as well as to investigate the impact of the short-lived extreme meteorological events on the soil horizon.
Mohammad Farzamian (IDL/ULISBOA) from the PERMANTAR project travelled to Antarctica with the Spanish Ship Hesperides across the Drake Passage and now started the A-ERT surveys at Deception Island, associated to the existing Crater Lake site of the Circumpolar Active Layer Monitoring Network (CALM-S) and corresponding boreholes of the Global Terrestrial Network for Permafrost (GTN-P). This travel takes place with the support of the IDL director, Prof. Ricardo Trigo and Prof. Monteiro Santos. O projeto PERMANTAR 2018-19 enquadra-se no programa de monitorização do permafrost da Península Antártica Ocidental (http://permantar.weebly.com). Iniciámos os nossos trabalhos na Antártida há 18 anos, em janeiro de 2000, com a instalação das primeiras perfurações para a monitorização do permafrost na região, feitas num projeto coordenado pelo Prof. Miguel Ramos da Universidade de Alcalá em Espanha. Mais tarde, em 2006, instalámos os primeiros observatórios da rede PERMANTAR, que viram a luz do dia em 2008 com as perfurações realizadas na ilha Livingston pelo Alexandre Nieuwendam e pelo Patrick Blètry, Andreas Hassler e Vanessa Batista. Hoje, a rede PERMANTAR conta com vários locais de monitorização instalados entre o arquipélago de Palmer e a ilha Dundee, ao longo de cerca de 450 km no setor noroeste da Península Antártica. É a mais completa rede de monitorização de permafrost da região e tem sido um enorme desafio mantê-la a funcionar todos os anos. A campanha de 2018-19, mais uma vez apoiada pelo Programa Polar Português (FCT), dividir-se-á em duas equipas de campo: – na ilha Deception, o Mohammad Farzamian (IDL-ULISBOA) e o Miguel Angel de Pablo (UAH), vão realizar observações de resistividade elétrica do solo para mapear o permafrost, bem como manter os observatórios PERMANTAR da ilha. A campanha inicia-se em meados de Janeiro e decorre até ao início de fevereiro. – na ilha do Rei Jorge, península Barton, uma equipa composta por mim próprio, por Carlos Neto (CEG/IGOT-ULISBOA), Joana Baptista (estudante de mestrado do IGOT) e Daniel Vonder Muehll (PERMOS), vai tentar instalar um novo observatório de permafrost em colaboração com o Instituto Polar Coreano. Contaremos ainda com o apoio da equipa do projeto LATA-2019 da UBI (Pedro Almeida), para fazer a manutenção dos equipamentos instalados em Cierva Cove, na Península Antártica. Os últimos meses foram passados a preparar a campanha antártica, o que implica rever todos os equipamentos e adquirir equipamentos novos, enviá-los para a Antártida, mas também tratar de toda a documentação relativa à certificação ambiental dos trabalhos a realizar, bem como às nossas inspeções médicas, sem as quais não poderíamos participar na campanha. Felizmente, toda a equipa foi dada como apta e daqui a poucas semanas, estaremos a caminho da Antártida, sendo o Mohammad, o primeiro a partir, já em meados de janeiro. 2019/JAN/04, Gonçalo Vieira, CEG/IGOT-ULISBOA |
DIÁRIOS DE CAMPANHA
|