José Queirós & José Xavier, 30/01/2019 As cadeias alimentares marinhas do Oceano Austral podem ser complexas com bastantes presas e predadores envolvidos ao longo de vários niveis tróficos. Os cefalópodes (lulas e polvos por exemplo) são elementos muito importantes destas cadeias alimentares, no entanto, também são bastante esquivos às numerosas técnicas de captura normalmente usadas pelos cientistas. No entanto, os seus predadores são bastantes hábeis em capturar estes animais, dando aos cientistas a oportunidade de estudar estes organismos através dos seus bicos (estruturas que os cefalópodes possuem para se alimentar e que acumulam no estômago dos predadores). Fruto de uma colaboração de vários anos entre o British Antarctic Survey (BAS) e a nossa equipa no MARE da Universidade de Coimbra, todos os anos as equipas de campo do BAS recolhem amostras da dieta dos mais diversos predadores de cefalópodes (ex. albatroses, peixes, focas) e trazem para o seu laboratório. Chegadas ao Reino Unido, entramos nós em acção para analisar as amostras no laboratório e escrever os trabalhos que vão mantendo esta colaboração ativa. E são estes os objectivo do nosso trabalho aqui no BAS, e que decorre sob alçada deste projecto PROPOLAR, (1) analisar as amostras da temporada de campo 2018, (2) escrever os artigos referentes a amostragens passadas e (3) reunir com os nossos colegas Britânicos de modo a preparar trabalhos futuros. O trabalho de laboratório está já finalizado, com bastantes amostras analisadas e que agora vão para o nosso laboratório em Coimbra para serem usadas em diversos trabalhos com os mais diversos objectivos, distribuição de espécies, ecologia alimentar, poluição, etc. Resta então durante o tempo que falta sentar ao computador e com os colegas britânicos para publicar os resultados de missões passadas e reunir regularmente com os responsáveis dos diversos predadores para assegurar que esta colaboração continua por muitos anos. A nossa partida para Inglaterra foi no meio de Janeiro, bem quando as temperaturas no Reino Unido se comparam bem com as da Antártida (principalmente quando vimos de Portugal). A nossa mala leva muito da roupa usada na Antártida, no entanto o espírito de aventura sente-se mais quando iremos trabalho num instituto como BAS, onde muitos conceituados cientistas trabalham diariamente. Colocar as caras, após ler muitos artigos, é deveras interessante! Como jovem cientista, é uma oportunidade única passar uma estadia aqui. Para mais, o BAS fica em Cambridge, numa cidade Universitária onde se respira história a cada esquina...tal como em Coimbra. No primeiro dia, fomos passear pela cidade e o ambiente dos colégios antigos (o José Xavier estudou em Queen´s College, Cambridge), as bicicletas constantes das ruas, os departamentos clássicos onde, por exemplo, Darwin, Watson ou Crick trabalharam... ou institutos inovadores (como o Bill Gates Foundation), tudo é estimulante. Agora, já passado semanas aqui, a sensação de novidade continua. Cada amostra, cada resultado, cada conversa com estes colegas, me diz que o esforço internacional que fazemos para conhecer a Antártida e a sua importância para o planeta vale a pena, incluindo estes organismos chamados cefalópodes que nos ajudarão a decifrar muitas questões cientificas. Laboratory and Writing…everything that Antarctica brought us!The Southern Ocean marine food webs can be very complex, with several preys and predators enrolled in several trophic levels. Cephalopods (e.g. squid and octopus) are key elements in this food-webs. However, they are also very elusive to the numerous capture methods usually used by scientists. On the opposite, their predators are highly skilled in capturing these animals, given to the scientists the chance to study these animals through their beaks (structures that cephalopods use to feed and that accumulate in predators’ stomachs). Result of a long-term collaboration between the British Antarctic Survey (BAS) and our team from the MARE-University of Coimbra, every year, BAS teams collect samples from the diet of several cephalopods’ predators (e.g. albatrosses, fish, seals) and bring them to the laboratory. Arrived at the UK, it’s our turn to work and analyse all the samples in the laboratory and writing the articles that maintain this collaboration alive. And these are the goals of our work here at BAS, and that runs under this PROPOLAR project, (1) analyse the samples collected during 2018 field season, (2) write the articles related with previous sampling seasons and (3) meet with our British colleagues to prepare future works. The laboratory work is completed and with several analysed samples that go now to our lab in Coimbra to be used in several works with different objectives, species distribution, feeding ecology, pollution, among others. For the remain period of this project we will work in our computers together with our British colleagues to publish the results of previous missions and meet regularly with the responsible for the different predators to secure that this collaboration continuous for several years.
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