24 Julho de 2019, O rápido aquecimento do Ártico está a causar drásticas mudanças na criosfera e nos ecossistemas, com um dos impactes mais importante a ocorrer nos ambientes com solo permanentemente gelado ou permafrost. Estes, ocupam cerca de 20% da superfície continental do Hemisfério Norte e são especialmente importantes para o clima global, principalmente devido à elevada concentração de matéria orgânica que existe no permafrost. Com o aquecimento e com a fusão do permafrost, essa matéria orgânica fica exposta à decomposição por parte de microrganismos, que como consequência do seu metabolismo vão causar a libertação de gases de efeito de estufa, como o dióxido de carbono e o metano. Gera-se assim uma retroação positiva com grandes impactes para o sistema climático global; ou seja, uma maior temperatura, gera maior fusão do permafrost e, consequentemente, maior libertação de gases de efeito de estufa. Mas a degradação do permafrost causa também outros impactes, como são os casos de mudanças na hidrologia, geomorfologia e vegetação, que resultam em mudanças nos ecossistemas. Nas áreas construídas, há ainda enormes problemas com a estabilidade dos terrenos, afetando severamente diversos tipos de infraestruturas.
O projeto NUNATARYUK (http://www.nunataryuk) dedica-se ao estudo das mudanças nos ambientes com permafrost no litoral do Ártico e, em particular, com a quantificação dos fluxos de carbono do permafrost terrestre para o ambiente marinho e atmosfera. Inclui ainda equipas que estudam os impactes socioeconómicos, nas infraestruturas, bem como nos modelos climáticos. A equipa NUNATARYUK da Universidade de Lisboa, é coordenada pelo CEG/IGOT e inclui investigadores do CERENA/IST e do CQE/IST. A contribuição no quadro do NUNATARYUK incide na monitorização da dinâmica da linha de costa, em particular, no Mar de Beaufort, com recurso a técnicas de campo e de deteção remota, colaborando também na componente da biogeoquímica do permafrost, em particular no que respeita ao carbono e ao mercúrio. No verão de 2019 há quatro investigadores da ULISBOA no terreno: Gonçalo Vieira e Pedro Freitas (IGOT) e Pedro Pina e Daniel Pinheiro (IST). Os trabalhos de campo incidem sobre a região litoral das vilas de Tuktoyaktuk e Paulatuk nos Territórios do Noroeste (Canadá), duas áreas em que o trabalho é realizado em colaboração com a Natural Resources Canada (Canada Geological Survey). O objetivo é realizar levantamentos de terreno de ambas as povoações e áreas envolventes, produzindo modelos digitais de superfície e ortofotomapas, que permitirão gerar cartografia de risco de erosão e de inundação. Para isso, utilizaremos veículos autónomos não tripulados (drones), sistemas D-GPS bem, como observações de terreno. O trabalho é também feito em colaboração com os dois municípios locais, envolvendo várias reuniões de trabalho conjuntas. Daniel Pinheiro, estudante de mestrado em Engenharia do Ambiente no IST, orientado por Gonçalo Vieira (IGOT), João Canário (IST) e Dustin Whalen (NRCAN), irá realizar a sua tese sobre a temática da presente campanha, em Tuktoyaktuk. Pedro Freitas, candidato a doutoramento no IGOT, encontra-se no terreno, desde 10 de junho, a colaborar com Dustin Whalen em levantamentos de erosão costeira.
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