Martin Jusek, Kuujjuarapik 2019.Mar Em Kuujjuarapik o dia começa cedo com o ritual de vestir todas as camadas de roupa e a preparação das motas de neve e do equipamento que queremos levar para o campo. Quando tudo está pronto, Simon o nosso guia Cree, guia-nos para os locais de recolha de amostras que vamos trabalhar nesse dia. Os nossos locais de recolha são pequenos lagos formados pela degradação do permafrost com propriedades químicas relevantes entre as quais a quantidade de contaminantes tóxicos como o mercúrio e o metilmercúrio que queremos analisar.
Ao chegar tentamos ser o mais rápidos e eficientes possível a encontrar o lago que queremos analisar, já que podemos ter condições climatéricas adversas (no pior dia tivemos uma sensação térmica de -43˚C). Nem sempre é fácil fazê-lo tendo em conta que tudo se encontra com uma camada de até 1,5 m de neve e gelo de até 60 cm, que o GPS por vezes não é tão preciso como seria desejado… Este processo envolve muito trabalho de braço a retirar a neve até chegar ao gelo, que depois é perfurado com uma broca de gelo. Uma vez encontrado o lago, monta-se uma tenda com um pequeno aquecedor a gás e todo o material necessário para a recolha de amostras. Este aquecedor é fulcral, já que impede que a água para as amostras (e os cientistas) congelem e que isso impeça a recolha de amostras. Começa-se por medir os parâmetros físico-químicos com uma sonda multiparamétrica, como a temperatura, pH, salinidade… dos dois ou três níveis que queremos amostrar (dependendo da profundidade do lago). Em seguida retiramos amostras, com uma bomba peristáltica, dessas profundidades e imediatamente juntamos os químicos às amostras para começar o período de incubação das mesmas. Retiradas as amostras de água, passa-se para o sedimento que é retirado com um cilindro metálico de onde retiramos uma amostra fiel à coluna horizontal do lago. Daqui retiramos uma amostra do sedimento orgânico (parte superior) e da lama (parte inferior) para análise posterior. As amostras são guardadas dentro de uma arca térmica e trazidas o mais rapidamente possível para o centro de investigação de modo a evitar que estas congelem e assim alterem as suas propriedades químicas e microbiológicas. O regresso é igualmente feito em mota de neve e após descarregar todo o equipamento começa o trabalho de laboratório.
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