projetoHOLOANTAR IP: Marc Oliva, CEG/IGOT – University of Lisbon Byers Península, Livingston - (acampamento)
As Ilhas Shetlands do Sul localizam-se no extremo norte da Península Antárctica, uma das regiões do planeta que registou um dos mais elevados sinais de aquecimento atmosférico na segunda metade do século XX. Nas áreas não glaciadas das ilhas, o ecossistema terrestre é suportado pelo permafrost, recentemente definido pelo World Climate Research Programme como uma das componentes-chave da criosfera, não obstante a lacuna no conhecimento da reacção do permafrost perante alterações climáticas. Porém, nos anos recentes assistiu-se a um reforço do estudo das suas características – particularmente do estado térmico –, de forma a perceber a resposta do permafrost à recente tendência de aquecimento atmosférico. A nossa equipa está envolvida em vários programas de monitorização de longo termo. Porém, o HOLOANTAR propõe uma abordagem complementar, e singular, relacionando as mudanças que ocorreram no permafrost do passado com a dinâmica actual.
O HOLOANTAR baseia-se em duas hipóteses principais: a) Uma análise multi-proxy de sedimentos lacustres permitirá reconstruir a evolução paleoecológica, tendo em conta o papel do permafrost e da camada activa, na Antárctida Marítima, b) A análise da actividade, da distribuição espacial e dos controlos geográficos da geomorfodinâmica actual bem como da distribuição espacial do permafrost, permitirão derivar as condições climáticas limite para a ocorrência dos processos, que serão utilizadas para interpretar o registo sedimentar.
Estudando simultaneamente a geomorfodinâmica presente e passada para entender a evolução da paisagem, tomamos uma abordagem inovadora. Na Península de Byers (Ilha Livingston), a área actualmente não glaciada mais extensa do arquipélago, onde o ambiente é dominado pelo permafrost e pela dinâmica da camada activa, a variabilidade climática terá induzido alterações nas taxas de erosão hídrica, nos movimentos de massa, na espessura da camada activa, na actividade biológica, etc. Face à recente elevada variação na temperatura média anual, é possível que, estudando formas análogas localizadas a diferentes altitudes, cinemáticas diversas sejam detectadas e utilizadas para restringir a actividade a patamares altitud inais/climáticos, fornecendo informação importante para a reconstrução paleo-ambiental.
A equipa multidisciplinar do HOLOANTAR vai abordar as duas hipóteses principais através da execução de 5 tarefas: 1) Cartografia geomorfológica, 2) Monitorização geomorfológica e distribuição do permafrost, 3) Trabalho sedimentológico, 4) Análise laboratorial, e 5) Reconstrução paleo-ambiental. O principal objectivo do projecto é derivar informação proxy de elevada resolução a partir de sedimentos lacustres e reconstruir, para o passado, as alterações da paisagem. A influência do permafrost e da dinâmica da camada activa na dinâmica ambiental da área no último milénio será interpretada tendo em conta as relações entre os processos geomorfológicos actuais.
Doutorado em Geografia Fisica pela Universidade de Barcelona (2009). A sua Dissertação centrou-se nas dinâmicas do presente e do passado dos processos periglaciais da Sierra Nevada (Sul de Espanha). Reconstruiu a evolução paleoecologica na actual cintura periglacial deste maciço mediterrânico elevado estudando dois registos sedimentares: lóbulos de solifluxão e lagos de montanha. Ambos os registos sugerem importantes mudanças de paisagem na Sierra Nevada no período final do Holocénico motivadas por variações climáticas. Desde Dezembro de 2009 é investigador no AntECC. A sua pesquisa actual centra-se no estudo dos factores chave do presente e do passado que controlem os processos de vertentes nos ambientes de permafrost das áreas polares.
Jesus FERNANDEZ, PhD
Temas relacionados com a campanha PROPOLAR 2013-14