A CAMPANHA
PROPOLAR 2011-2012
Novembro de 2011 a Abril de 2012
PROPOLAR 2011-2012
Novembro de 2011 a Abril de 2012
Une merveilleuse aventure humaine, témoin d'une coopération internationale remarquable Une campagne en Antarctique, ce n'est pas seulement un rêve réalisé ou l'accession à une terre qui paraît si lointaine.
Une campagne en Antarctique c'est aussi et surtout un magnifique stimulant scientifique. Qui plus est sur l'île de la Déception où les éléments passionnants de la cryosphère se mêlent à la redoutable force du volcanisme. Chaque jour (ou presque), Miguel, Gabriel et moi enfilons notre équipement Gore-Tex et Wind-Stopper et partons à l'assaut du vent pour assouvir notre soif de données. Les sols d'Irizar, de Crater Lake et des Mini-CALM (programme de monitoring de la couche active des régions polaires) ne résistent pas à « la croix » - laquelle nous permet de mesurer la profondeur de la couche active – et n'auront bientôt plus aucun secret pour nous. Du moins, on l'espère :) ! Mis à part des problèmes logistiques (retard dans l'acheminement du matériel de mesures), la partie scientifique de la campagne se déroule à merveille et nous jouissons jusqu'à présent d'un temps clément pour la région. La seule ombre au tableau consiste en l'absence du matériel de géophysique venant de Suisse ; il a connu des ennuis à la douane argentine. Nous trouvons donc des occupations alternatives pour les jours où nous avions prévu de la géophysique. Une campagne en Antarctique c'est également une merveilleuse aventure humaine, témoin d'une coopération internationale remarquable. Moi, un géographe physique suisse pouvant participer à la campagne par le biais d'un projet portugais, de résider dans une base argentine et de compter sur l'appui de l'armée argentine et espagnole est tout simplement admirable. Des amitiés se nouent et nous partageons d'excellents moments de fraternité. La preuve ? Plus de 2 semaines avant la fin de la campagne, le stock de bières est déjà épuisé ! Finalement, une campagne en Antarctique ce sont des images plein les yeux et des souvenirs plein la tête. Une expérience inoubliable dans une région que les générations suivantes ont aussi le droit de vivre, donc protégeons-la ! Antoine Marmy, 19 Fevereiro 2012, Ilha Deception
A próxima campanha em Byers, que ja estamos a planificar, tem que começar em meados do fim de Novembro, quando a cobertura de gelo nos lagos permite usar um equipamento mais pesado que permita recolectar os sedimentos mais profundos.
Marc Oliva 19 Fevereiro 2012, Ilha King George 18 de Fevereiro de 2012
Hoje de manhã, ao abrir o email, recebi uma notícia que me deixou bastante abalado. O David Gilichinsky, colega e amigo da Academia Russa das Ciências e um dos maiores especialistas mundiais em permafrost, com quem trabalhámos em 2009 na ilha Deception, faleceu de ataque cardiaco. Gostava muito do David. Era um cientista fantástico e um tipo incrível para colaborar no terreno. Estivemos cerca de 2-3 semanas juntos em Deception a trabalhar em perfurações em permafrost, juntamente com colegas e estudantes portugueses e espanhois, bem como com dois estudantes do David. Foram dias muito interessantes e bastante divertidos. O David deixou-nos aos 64 anos, depois de uma vida inteira dedicada ao estudo do permafrost, em especial na área da microbiologia. Interessava-se também muito pela astrobiologia, ciência que estuda as possibilidades de sobrevivência de micro-organismos no espaço. Ainda jovem, o David passava muito tempo a perfurar no permafrost da Sibéria, andando sozinho de um lado para o outro com a sua perfuradora. Lembro-me bem dos dias da ilha Deception e da sua perfuradora ferrugenta e fumarenta, bem como das perfurações que efectuámos. Ficámos então de escrever um paper em conjunto, que acabámos por não terminar e que me sinto na obrigação de o fazer agora, com mais velocidade. Acho que conheci pessoalmente o David em Madison-Wisconsin, numa reunião importantíssima em 2004, que marcou o meu rumo na pesquisa antártica e no permafrost. Lembro-me de o ver também em programas na televisão a falar sobre mamutes congelados encontrados no permafrost da Sibéria. Foi um previlégio e uma grande honra ter podido trabalhar e aprender com ele. Hoje é, por isso um dia triste para a comunidade internacional que estuda o permafrost, pois perdeu-se um grande cientista e uma pessoa fantástica. Achei que com este texto no diário de campanha, bem como com algumas fotografias da campanha de 2009, lhe poderiamos prestar uma pequena homenagem. Quanto ao que fizemos no dia de hoje, fica para amanhã contar em mais detalhe. No essencial, encontrámos o sítio para fazer uma nova perfuração; uma perfuração que esperamos que venha a contribuir para completar a rede de monitorização num gradiente latitudinal ao longo da fachada oeste da Península Antártica, para a qual os trabalhos do David, em muito contribuiram. Acho que ele ia gostar de saber o que fizemos hoje. Obrigado David. Gonçalo Vieira Base Palmer, ilha Anvers 17 de Fevereiro
Finalmente chegámos à base americana de Palmer. Por volta das 6h da manhã acordámos com o barulho dos propulsores laterais, que são utilizados para atracar o barco ao cais da base. Após o pequeno almoço, o responsável da base foi ao barco para recebermos o primeiro breefing sobre as regras da base. Posteriormente tivemos uma visita guiada pela base, onde foram explicados os diversos procedimentos a ter em cada uma das áreas, ou consoante possíveis situações, principalmente as de emergência. A principio são muitas coisas para memorizar, mas à medida que os dias forem passando, estaremos completamente adaptados. A nossa equipa, vai continuar instalada no barco por mais uma semana, enquanto as restantes vão para a base amanhã. No entanto, foi-nos atribuído um laboratório na base, onde podemos aceder à Internet e realizar os últimos preparativos do nosso equipamento para o trabalho de campo. As instalações da base são espectaculares e bastante modernas, com alguns pequenos luxos que não existem em outras bases, como um ginásio ou uma sala bem equipada e muito confortável para ver filmes. Os laboratórios também são muito bons e com equipamentos de topo, para as diversas pesquisas. Quem quiser conhecer mais pormenores sobre a base por fazê-lo pelo seguinte link: http://www.usap.gov/videoclipsandmaps/palwebcam.cfm Amanhã, finalmente, iremos para o campo para fazer o reconhecimento da área onde procederemos à perfuração. Estamos ansiosos para iniciar os trabalhos... Alexandre Trindade, Base Palmer, Ilha Anvers Chegámos finalmente no dia 15 de Janeiro à Península Antártica. Depois de 4 dias de navegação, depois de atravessar o Estreito de Drake e o Estreito de Bransfield, já todos estávamos com vontade de ir a terra esticar as pernas e começar a trabalhar. O primeiro local em que desembarcámos foi em Caleta Cierva, onde se situa a Base Argentina Primavera. Pensávamos que a base estava encerrada, mas para nossa surpresa, não estava! Quando desembarcámos, pelas 20h30, fomos muitíssimo bem recebidos pelo chefe de base, o Capitão Ariel Quiróga, que nos mostrou a base e nos apresentou à equipa de 14 militares e cientistas que lá se encontram.
Segundo os nossos planos iniciais, 5 de nós iriam acampar a partir do início de Março próximo da base para desenvolver os trabalhos da 2ª fase do projecto. Escrevo "iriam acampar" porque, com uma enorme simpatia foi-nos oferecida a base para ficarmos instalados durante as 3 semanas de trabalho em Caleta Cierva, o que foi uma excelente notícia. Apesar da base já estar encerrada e sem ninguém no início de Março, fomos convidados a usar as instalações o que nos deixou a todos muito satisfeitos (mesmo a mim, que regressarei a Portugal mais cedo). A visita ao fim da tarde foi curta e serviu essencialmente para discutir os nossos planos para o dia seguinte, bem como os locais onde pensamos vir a fazer a perfuração. Vários biólogos que estavam na base aconselharam-nos em relação aos sítios com menor impacte sobre a fauna e vegetação. Combinámos regressar na manhã seguinte para, com o chefe de base, seleccionar esse local e estudar o caminho para carregar até lá os cerca de 400kg de equipamento para a perfuração. Selecionámos um afloramento rochoso a 170m de altitude, pelo que vai ser duro transportar tudo até lá desde a praia...preocupa-nos em particular um gerador de 80 kg, mas com calma e muito esforço, pensamos que será possível faze-lo. Provavelmente, poderemos contar com o apoio de pessoal do navio para nos ajudar no dia em que desembarcarmos, antes do navio zarpar. Cabe ainda referir que o dia foi ESPECTACULAR! A paisagem da Costa de Danco na Península Antártica é linda e este foi provavelmente o sítio mais bonito em que estive na Antártida. Fiz centenas de fotografias e só muito dificilmente consegui selecionar algumas que anexo no blogue. Para já é tudo... chegámos entretanto à base de Palmer e o Alex fará o próximo post. Gonçalo Vieira, Base Norte-Americana Palmer, Ilha Anvers. 14-02-2012
Estes últimos dias têm sido movimentados. Finalizámos o trabalho em Barton e despedimo-nos dos nossos colegas coreanos que tão bem nos receberam. Por questões de logística tivemos de parar duas noites na base uruguaia Artigas antes de chegar à base Argentina Jubany, onde temos estado a trabalhar nos últimos dias. Em Artigas conseguimos fazer algum reconhecimento para campanhas futuras e ainda tivemos tempo de auxiliar os colegas brasileiros na manutenção de um sensor deles. A estadia em Artigas, apesar de curta, foi muito boa e também fomos muito bem recebidos. Quase parece haver uma competição não escrita entre bases para ver qual consegue ser mais hospitaleira. Chegamos a Jubany (base argentina na península de Potter, ilha King George) depois de uma curta viagem no navio brasileiro Maximiano. O desembarque foi quase à meia-noite, com ondulação forte, ventos fortes e visibilidade reduzida. Podemos dizer que sentimos emoções fortes quando a água começou a entrar a jorros pelo zodiac dentro, mas chegámos vivos e sem problemas. Os nossos colegas brasileiros Filipe Simas e Karoline Delpupo já seguiram para casa, mas foram substituídos por dois outros colegas brasileiros, o André (Geógrafo) e o David (montanheiro) que tem trabalho a fazer em Potter. Temos tido dias com algum mau tempo, tempestades, chuva, neve e ventos fortes, mas continuamos a seguir até aos lagos destas penínsulas para recolher testemunhos do passado, com o nosso mini Beagle ao lado. Os sedimentos desta península têm-se mostrado terríveis de trabalhar, pois são muito argilosos e conseguem fazer muita sucção no nosso equipamento e quase não o conseguimos recuperar. Mesmo assim já conseguimos 3 cores de diferentes lagos. A vida na base Jubany é bastante diferente da vida na base coreana. Não há algas na alimentação e os horários são mais maleáveis para poder acomodar o trabalho de mais de 40 cientistas que aqui trabalham. O facto de todos falarmos um pouco de espanhol ajuda a transpor as diferenças culturais e à mesa temos sempre boas conversas. Hoje estivemos em campo a movimentar o mini Beagle (o nome de baptismo do nosso querido bote), mas os ventos obrigaram-nos a parar o trabalho. Mesmo com mochilas de 13 quilos o vento empurrava-nos e forçava-nos a caminhar dobrados. Se em terra não conseguimos estar quietos seria impossível estabilizar o barco nos lagos. Mas seremos persistentes! Conseguimos ainda passar perto de um sector com permafrost exposto. O permafrost ao descongelar fica exposto pois o terreno fica saturado em água e desliza sobre a parte ainda sólida, o que resulta numa lenta escoada de lamas. Foi uma visão inesperada, mas muito apreciada pelo grupo. João Agrela, Ilha King George 14 Fevereiro de 2012
O meu nome é Alexandre e estou a participar na minha 5ª campanha na Antárctida. Sou aluno de doutoramento e membro do grupo de investigação AnteCC do Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa. O meu trabalho nesta região abrange a monitorização da camada activa e do permafrost e da geomorfodinâmica destes ambientes. Este ano esta campanha é especial para mim. Será a minha ultima até terminar o meu doutoramento, que será em 2015, que abrange a Serra da Estrela. Venho à antarctida desde de 2006, apenas com 1 ano de interrupção. Não será fácil ficar longe desta região que para mim é especial, e mudou muita na minha vida. Esta campanha também é a que estarei mais a sul (64⁰S), em que parte será na base americana de Palmer (17 dias) e posteriormente em acampamento em Cierva Point (3 semanas). O meu objectivo principal é proceder a duas perfurações, uma em cada local, com a profundidade de 16 metros. Estou bastante asnsioso para iniciar os trabalhos, visto que estamos a preparar-nos há cerca de 1 ano. Nas campanhas passadas realizamos 3 perfurações atingindo o maximo de 8 metros, mas este ano iremos utilizar uma perforadoura nova e com mais potência, onde esperamos conseguir atingir os nossos objectivos. Alexandre Trindade, Estreito de Gerlache. ![]() 13 de Fevereiro de 2012 Estamos já há algumas horas em pleno Drake. Aliás, para além das ondas de uns 7 metros, nota-se bem onde estamos pela disposição do pessoal. O oscilar forte e continuo do barco, que por vezes deve ultrapassar os 30 graus, dá cabo dos que enjoam e moi os que não enjoam, ou que enjoam menos. Ainda consegui trabalhar um pouco no computador, mas é muito difícil fazer qualquer coisa de jeito. Desisti. Vejo filmes, dou um salto à ponte, ajudo a decorar a sala de refeições com corações do São Valentim, não faço nada...espero. Uma animação! Ainda devemos ter mais um dia e meio disto até entrarmos no Estreito de Bransfield onde o mar costuma ser mais calmo. Depois, será a chegada à Antártida e começar a atacar o trabalho do projecto. Agora...vou ver mais um filme e dormir sacudido pelas ondas que fazem as minhas costas quase levantar do colchão. Estamos a receber as ondas de oeste e isso faz com que o navio abane mais. Gonçalo Vieira. ![]() Estamos finalmente no navio LM Gould a caminho da Antártida. Os últimos dois dias e meio foram passados em Punta Arenas a fazer os preparativos finais para a campanha. Todo o equipamento teve que ser revisto, fizemos algumas compras de última hora e passámos várias horas a arrumar tudo dentro de um contentor que vai cheio com o material do nosso projecto. Uma infindável tralha. Na 6ª feira de manhã estivemos também a verificar as tendas para o acampamento de Cierva Point, bem como a montá-las para que depois seja tudo mais fácil e rápido. Esta revisão em grupo é especialmente importante, pois em caso de necessidade de montar as tendas com mau tempo, é essencial que todos saibam o que fazer. Os projectos PERMANTAR-2 (Permafrost and Climate Change in the Maritime Antarctic) e ANT-6900673 (Impact of Recent Climate Warming on Active-Layer Dynamics, Permafrost, and Soil Properties on the Western Antarctic Peninsula) são parte de um consórcio que visa estudar o permafrost da Península Antártica. A campanha deste ano inclui-se em ambos os projectos e representa uma colaboração entre a Universidade de Wisconsin-Madison, e as Universidades de Lisboa (CEG/IGOT) e de Évora (CGE). No terreno, seremos 5 na nossa equipa. Dois portugueses: eu e o Alexandre Trindade, meu estudante de doutoramento; e três norte-americanos, o James Bockheim e dois estudantes de doutoramento seus, o Nick Haus e o Kelly Wilhelm. Os objectivos principais desta campanha são: a) a instalação de duas novas perfurações para a monitorização das temperaturas do permafrost (próximo da base norte-americana de Palmer e em Cierva Point); b) a instalação de novos sensores para a monitorização da camada activa e de uma nova estação meteorológica em Cierva Point; c) a recolha dos dados de sensores instalados no ano passado; d) a análise de perfis de solo. Basicamente, as tarefas distribuem-se em três etapas: - Reconhecimento do terreno em Cierva Point (16 de Fevereiro); - Trabalhos próximo da base Palmer (17 de Fevereiro a 5 de Março); - Trabalhos e acampamento em Cierva Point (5 de Março a fim de Março). Eu ficarei no terreno até ao acampamento, momento em que regressarei a Portugal. O meu tempo de campanha deste ano já começa a ser muito longo, depois dos trabalhos de Janeiro em Fildes e tenho compromissos lectivos no IGOT. O resto da equipa ficará acampada em Cierva Point durante 3 semanas e regressarão a casa no início de Abril. Para vários de nós, será a 1ª vez que vamos ao arquipélago de Palmer e à Península Antártica (Cierva Point), pelo que estamos bastante contentes com a possibilidade de conhecer novas paisagens, ainda mais geladas do que aquelas em que temos trabalhado até agora. O Estreito de Gerlach será certamente um dos highlights. Entretanto, vamos dando novidades. Gonçalo Vieira Navio LM Gould, Estreito de Magalhães, 12/02/12 ![]() SÁBADO, 11 DE FEVEREIRO Arctowski - Há umas décadas atrás esta zona de rocha nua e sedimento, onde se encontram os edifícios da estação de Henryk Arctowsky, eram um arraial baleeiro. Os restos de esqueletos de baleias encontram-se dispersos pela praia e um pouco mais para o interior. Vértebras que parecem bancos num jardim, crânios que se assemelham a banheiras (ms maiores) e as costelas tão grandes como troncos de árvore dispersos. Na nossa memória estão as imagens (a preto e branco) desses tempos e as descrições de encontros com icebergs, do cheiro (que imaginamos) da queima de óleo de baleia para aquecer os corpos doridos, a luta heróica nas tempestades que rapidamente se formam na Passagem de Drake, a viagem de Ernest Shackleton que andou por próximo para salvar (todos) os seus homens, entretanto retidos na Ilha do Elefante após o Endurance se afundar, esmagado pelos gelos do Mar de Weddel. Henryk Arctowsky foi um dos pioneiros da investigação científica no continente Antárctico. Nascido na partição russa de Varsóvia, hoje Polónia, em 1871, juntou-se à Expedição Antárctica Belga (1897-1899), liderada por Adrian de Gerlache de Gomery onde tomou a posição de subdirector científico. Nesta expedição a bordo do navio Belgica seguia também o jovem Roald Amundsen que há 100 anos, a 14 de Dezembro de 1911, bateria Robert Falcon Scott na corrida para chegar primeiro ao Pólo Sul. Amudsen lideraria também a primeira travessia por barco da mítica Passagem do Noroeste (1918-1920) e o primeiro a chegar ao Pólo Norte de avião (1926) e o primeiro homem a ter estado em ambos os pólos geográficos. Embora o Belgica tenha ficado preso no gelo, o que levou a que fosse a primeira expedição a hibernar na Antárctica, a expedição foi muito bem sucedida tendo resultado quase uma centena de trabalhos científicos publicados nos dois anos seguintes. Arctowski acabou por voltar para a Polónia em 1920, onde lhe foi oferecido o lugar de Ministro da Educação, que recusou, continuando a fazer investigação e a leccionar. Quando a guerra estalou, em 1939, estava nos Estados Unidos no Congresso da União Geofísica Internacional, na qualidade de Presidente da Comissão Internacional de Alterações Climáticas. Não podendo voltar, por lá ficou a trabalhar no Smithsonian Institute, tendo falecido nos Estados Unidos em 1958, nunca tendo voltado à Polónia. Henryk Arctowsky fez várias contribuições importantes no campo da meterologia, oceanografia e geologia. Nesta estação, que recebeu o seu nome, um outro projecto, para além do nosso, que se encontra a decorrer, com 6 cientistas, trata da diversidade microbiana. Fazem recolhas de amostras em vários pontos, especialmente na interface entre o gelo e os solos. A diversidade bacteriana não é muito grande mas existem espécies muito especiais que produzem proteínas de superfície que impede que se forme cristais de gelo que as destruiriam. Por outro lado, estas proteínas fazem com que exista sempre alguma água líquida na interface envolvente que garante a sua sobrevivência. Como não existe forma de manter culturas destas bactérias um dos objectivos do trabalho vai ser sequenciar o seu DNA, não só para perceber quantas espécies existem, mas também para identificar possíveis genes que possam ser interessantes para aplicações práticas. Ao longo da semana a nossa experiência tem estado a decorrer bem. A rotina é mudar a água para manter os pexies em boas condições e ajustar as temperaturas desde -2ºC até 6ºC e desde salinidade de 32 por mil (água salgada) até 10 por mil (água salobra). E estão a adaptar-se a estas condições. Na segunda-feira é dia de amostragem. Entretanto, hoje o Pedro está de faxina - apoio à cozinha e limpezas - e amanhã é a minha vez. O clima na semana tem estado variável, uns dias ventosos e chuvosos, outros calmos e com muito sol. Por vezes temos visitas de companheiros de outras bases aqui à volta - peruanos, brasileiros e argentinos. Amanhã é suposto ser dia de aniversário da estação temporária americana apelidada de Copacabana, mas se estiver a ventania que está agora deve ficar às moscas. Penso eu! E eu? Fico de faxina ou vou p'rá festa? Adelino Canário & Pedro Guerreiro, Ilha King George, http://www.facebook.com/note.php?note_id=10151277418810384. |
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