A CAMPANHA
PROPOLAR 2011-2012
Novembro de 2011 a Abril de 2012
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22 Fevereiro 2012 Fomos forçados a antecipar o nosso regresso, mudando mesmo o trajecto da viagem, porque por motivos logísticos incontornáveis o nosso barco de regresso não ia conseguir chegar a Ushuaia a tempo de apanharmos os nossos voos de regresso. Assim, fomos obrigados a fazer uma rápida passagem por Punta Arenas, Chile, de menos de 24 horas. Aí começamos a trocar voos e eu, não conseguindo trocar o meu voo, faço agora uma viagem de 12 horas de autocarro entre Punta Arenas e Ushuaia para conseguir regressar a casa. Este género de coisa acontece, mas dá umas dores de cabeça imensas, principalmente após quase 50 dias deslocado. Felizmente esta mudança não afectou nenhum do trabalho em mente, pois aproveitamos bastante bem o tempo e conseguimos adiantar tudo. Saí de Portugal dia 28 de Dezembro de 2011. Ontem, dia 21 de Fevereiro, pisei pela última vez a Antárctida. A aventura de investigação em Livingston no projecto Permantar-2 e em King George no projecto Holoantar foi longa, exaustiva, stressante, fisicamente e psicologicamente desgastante, mas nem por isso me sinto feliz por abandonar esta parte do mundo, antes pelo contrário, o regresso tem um distinto travo amargo. A beleza natural é demasiada para gostarmos de sair daqui. Investigar nesta parte do mundo implica abdicar de confortos, falar 4 línguas por dia se necessário e saber resolver com recursos muito limitados todos os problemas que se nos deparam. Desde sensores avariados, a tempestades de neve que nos bloqueiam o trabalho, tudo aconteceu (menos pernas partidas, ufaaa), mas tudo foi superado graças ao apoio dos países que nos receberam: Argentina (Base Jubany), Bulgária (Base St. Kliment Ohridski), Coreia do Sul (Base King Sejong), Espanha (Base Juan Carlos I), Uruguai (Base Artigas), sem o esforço e recursos gastos por eles o nosso trabalho em Livingston e King George seria impossível. Muito obrigado! Também tenho de agradecer o apoio dos restantes colegas portugueses, que não sendo nem do Permantar-2 nem do Holoantar ajudaram e deram apoio em campo (trabalhando ou apenas fazendo companhia a ver filmes após o jantar) e à distância, com o apoio logístico imprescindível da Ana Salomé. O regresso custa porque fizemos literalmente dezenas de amigos, de imensos países, e porque o local mexe connosco. Afinal, poder voltar do trabalho e ver pinguins à porta de casa é um raro prazer. Só que para vir todos pagámos um preço alto para vir aqui, o Dermot deixou a criança com dois anos em casa, o Marc precisa de regressar por motivos familiares e eu não vejo a família, a minha companheira e os meus amigos e colegas há dois meses. Talvez haja mais oportunidades noutra altura de regressar à Antárctida, mas para já, queremos todos voltar e eu pessoalmente quero uma bica e um travesseiro de Sintra com urgência. Este foi o meu último post, obrigado pela oportunidade. João Agrela, em viagem entre Punta Arenas e Ushuaia. Os comentários estão fechados.
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