[SNOWCHANGE] A campanha em Fildes aproxima-se do fim.

20/1/2012

Secção em neveiro exposto a Sul na Meseta Norte.

20 de Janeiro de 2012

Temos saído para o terreno todos os dias de manhã e começamos a ficar um pouco cansados. O frio e o vento constante cansam bastante e nota-se em todos nós que o cansaço se está a acumular de dia para dia. Levantamo-nos às 7h da manhã, tomamos o pequeno-almoço às 7h30 e, pelas 8h consultamos o email e preparamos o equipamento para sair. Geralmente, pelas 9h já estamos a preparar as moto-4 e pelas 10h iniciamos o trabalho no terreno. O regresso à base faz-se por volta das 16h, momento em que almoçamos. Depois disso, vamos para o laboratório organizar o equipamento do terreno e organizar os dados recolhidos. A essa hora do dia, vamos discutindo os trabalhos e o que iremos fazer no dia seguinte. Isto dura até cerca das 20h, momento em que corremos para o jantar. Pelas 21h estamos de volta ao laboratório. Respondemos a emails e tentamos preparar as actividades do dia seguinte e ir analisando os dados que se vão acumulando. Geralmente, pela meia-noite deitamo-nos e dormimos ferrados até ao dia seguinte. O tempo foge. Todos os dias acabamos por alterar os nossos planos, em função daquilo que fizemos e da informação que fomos recolhendo. A cada visita ao terreno, aprendemos novas coisas. Hoje, uma vez que os neveiros perenes ainda estão enterrados por baixo da neve deste inverno, resolvemos abrir um buraco que chegasse até à neve mais antiga. Encontrámos gelo maciço, logo uns 40 cm abaixo da superfície. Passámos cerca de 1h30 literalmente a picar gelo e furámos até cerca de 70-80 cm de profundidade. Sempre gelo maciço. Estamos curiosos com o que estará por baixo e em saber se iremos encontrar algum horizonte com sedimentos, ou apenas mais gelo maciço. Deixámos o buraco aberto e amanhã voltaremos para ir cavar. Trata-se de um neveiro exposto a sul, orientação em que as vertentes são mais frias e onde a neve permanece durante períodos mais longos. Estamos curiosos, mas quase não sinto os braços de tanto picar. Agora, volto ao trabalho. Vou ver se consigo georeferenciar uma imagem de satélite com pontos que medimos hoje no campo.

Gonçalo Vieira, Base Antártica Chilena Prof. Julio Escudero

Turma 8.º ano - Colégio da Bafureira

24/1/2012 03:40:30

Boa tarde,
em primeiro lugar queremos agradecer a vossa resposta sobre a questão que colocámos.
Percebemos pelos vários relatos que estão cansados e que as condições climatéricas não são as mais favoráveis.
Depois de termos visto o vídeo "Permafrost - ciência polar a 62ºS"e lido os vossos posts surgiram algumas questões:
- qual o fuso horário em relação a Portugal?
- quantos elementos fazem parte deste grupo de investigação e quais as suas nacionalidades?
- qual tem sido a reação dos animais (por exemplo, pinguins) à presença humana?
Por fim, gostaríamos de saber se estão a pensar fazer um novo vídeo ou documentário sobre esta campanha.
Bom trabalho a todos,
Turma 8.ºAno

Pedro Pina

24/1/2012 12:40:52

A equipa Snowchange fica muito contente por saber que nos estão a acompanhar. Respondendo às vossas perguntas:

- aqui na ilha de King George são menos 3 horas do que em Portugal Continental.
- a nossa equipa tem 4 membros: eu, o Gonçalo Vieira e a Carla Mora somos portugueses, o Julio Martín é espanhol.
- o nosso principal local de trabalho situa-se na zona central da pensínsula de Fildes, que é também uma das suas partes mais elevadas (cerca de 120 metros acima do nível do mar) e aí não há pinguins. Mas temos estado perto deles quando vamos até perto do mar. Eles não se assustam com a nossa presença, são até bastante curiosos, caminhando por vezes na nossa direcção, mas sem chegarem muito perto.

Muito obrigado pelas vossas perguntas e uma saudação de toda a nossa equipa desde a Antártida para a Turma do 8º ano do Colégio da Bafureira