No dia 23 de Dezembro desembarcámos na praia de Deception com toda a dotação e carga. A base argentina Deception (o mesmo nome da ilha) encontrava-se coberta de neve o que dificultou as condições de permanência na base, o que significaria que iríamos necessitar de alguns dias de trabalho para que as condições de funcionamento ficassem regularizadas. Para isso iríamos contar com o apoio do navio Castillo que ancorou no porto Foster (baía de Foster, Ilha Deception, arquipélago das Shetland do Sul) e aí permaneceu para festejar o Natal.

No dia seguinte fomos convidados a almoçar na base Gabriel de Castilla que, tal como nós se encontrava a tentar colocar em funcionamento a base devido à quantidade de neve que existia em volta da base. Na base fomos muito bem recebidos e pudemos encontrar os nossos colegas de investigação sobre permafrost espanhóis, Miguel e António, e conhecer outros cientistas do Brasil, Argentina e Espanha.

Alice Pena, 25-12-2012, Ilha Deception, Antártica

No dia 21 navegámos até à base Primavera (base argentina localizada em Cierva Point, Península Antártica). Um excelente dia de sol marcou a minha estreia no arquipélago de Palmer e conseguimos avistar algumas baleias e grandes icebergs que eram realçados pela luz solar transmitindo a beleza pura que é característica da antárctica marítima. No dia seguinte navegámos em direcção à base Carlini antes denominada de Jubany (base argentina localizada na Ilha do Rei Jorge, arquipélago das lhas Shetland do Sul) e uma vez que era sábado, participámos numa pequena festa que a tripulação habitualmente realiza onde todos cantam e dançam. Ao passarmos por Deception verificou-se que a banquisa se tinha movido para norte o que permitia o desembarque e também que o navio oceanográfico Hespérides se encontrava ancorado aí realizando também o desembarque para abertura da base espanhola vizinha de Deception, Gabriel de Castilla. 

Alice Pena, 22-12-2012, Ilha Deception, Antártica.

No barco conhecemos o 2º comandante que nos deu as boas vindas e aí assim pudemos descansar um pouco e desfrutar das magníficas paisagens das ilhas Shetland do Sul. Passado um dia, o primeiro destino previsto era a ilha Deception mas ao aproximarmo-nos verificámos que existia uma banquisa no porto Foster exactamente no local onde teríamos que realizar a descarga e por isso foi adiado o nosso desembarque por algum tempo enquanto iríamos a outras bases. 

Alice Pena, 18-12-2012, a bordo no navio da armada argentina Suboficial Castillo, arquipélago das Shetland do Sul.

Cheguei a Buenos Aires dia 12/12 de manhãzinha e bastante cansada após cerca de 30
horas de voos e esperas em aeroportos, todavia sentia-me ansiosa por ter começado a
viagem até à Antarctida. Após alguns dias de calor austral encontrei-me com o investigador
argentino Gabriel Goyanes que está a fazer o Doutoramento sobre dinâmica geomorfológica
de Deception que me vai acompanhar durante toda a campanha. A partida estava prevista
para o dia seguinte (17 de Dezembro) desde Rio Gallegos no sul da Argentina, de modo que
precisava de estar na DNA (Direccion Nacional del Antárctico) às 3h30 da manhã para apanhar
o Hércules da força aérea argentina. No DNA conheci os cientistas de diversas disciplinas
como biologia, gestão ambiental, etc.; que iriam realizar trabalho de campo em várias bases
antárcticas argentinas. Passamos a noite na base aérea de Rio Gallegos e aí já se fazia sentir
um vento gelado que nos preparava para as condições meteorológicas da Antárctida. Aí
conhecemos também as restantes pessoas que pertencem à armada argentina que iriam
realizar toda a logística de apoio na base Deception.

Alice Pena, 16-12-2012, Rio Gallegos, Argentina.

08-12-2012

A vida segue no Almirante Maximiano. Estamos a aproveitar o tempo para trabalhar com os cores. Estamos a cortar os cores das amostras mais superficiais e deixar já preparadas para fazer as datações dos sedimentos mais recentes pelo método Pb210. Este método vai permitir fazer a ligação entre as series de dados instrumentais e o registo sedimentário. Também estamos a aproveitar para comer muito e recuperar os kg que perdemos no duro trabalho de campo em Byers.

Está previsto que amanhã dia 9 desceremos na base uruguaia Artigas, onde vamos ficar dois dias para depois apanhar o voo uruguaio para Punta Arenas. A campanha antárctica do projecto HOLOANTAR está quase a acabar.

01-12-2012

A campanha de trabalho acabou. Hoje voltamos ao Maximiano depois de 23 dias em Byers. O resultado foi excelente: 17 metros de cores com mais de 250 kg de sedimento. O programa inicial foi amostrar três lagos e conseguimos fazer quatro. O sucesso da campanha de campo vai implicar muitos meses (e anos) para analisar as amostras.

Agora vamos estar 10 dias no Maximiano a aguardar para apanhar o voo uruguaio e voltar já à Europa.

Marc Oliva, Byers, Antártica