A CAMPANHA
PROPOLAR 2012-2013
Novembro de 2012 a Março de 2013
PROPOLAR 2012-2013
Novembro de 2012 a Março de 2013
Após uma primeira tentativa lúdica, mas bem sucedida, ontem à tarde, a pesca de hoje já foi uma actividade profissional. Canas, linhas, anzóis, chumbadas, contentores, chalavares... check! Fatos de sobrevivência, rádio, remos, ancora, cabos, flares, e depósitos de gasolina cheios... check! Tudo OK e o tempo ajuda... segundo a previsão haverá condições favoráveis até cerca das 15.00h. Afinal os polacos não estão motivados para a pesca. Assim, às 10.15h eu e o Bruno zarpamos sozinhos no zodiaco e apontamos ao centro da Baía. O local ideal para pescar não está longe da estação, e o morro do Point Thomas abriga-nos do vento noroeste. Após cerca de 10 minutos paramos o motor e iscamos os anzois. O sabor do dia: carne de porco. Lançamos... não tarda muito até que começam a morder... primeiro o Bruno, e depois eu, vamos recolhendo vários exemplares de Nothotenia rossi, o Antarctic marbled rockcod, (qualquer coisa como o bacalhau-da-rocha marmoreado antarctico), entre 25 e 35 cm de comprimento. Por vezes duas ou até três na mesma linha, o que já dá alguma luta. O vento empurra-nos ao longo da baía, e quando ultrapassamos as rochas junto ao farol de Arctowski, as vagas aumentam, e é tempo de ligar o motor e voltar ao ponto inicial. Após um par de horas, várias passagens, e encontros imediatos com skuas, pinguins, petreis e uma baleia, que nos tirou a atenção da pesca por uns minutos, é tempo de ir a terra deixar o peixe. Cerca de 25 exemplares... não está mal. Recomeçamos e às 14.45 damos por terminada a faina. Ao todo, 40 peixes hoje, mais uns quantos que escaparam, e que se juntam aos 12 de ontem, por enquanto sem baixas... e ainda mais 6 Notothenia coriiceps, um peixe maior a que os brasileiros chamam Cabeçuda, que afinal não vão ser necessários para a experiência... o que fez a alegria de Piotr, o cozinheiro. Hoje foi um bom dia.
Pedro M Guerreiro e Bruno Louro No terceiro dia na base e quase totalmente acomodados, já temos o sistema de tanques montado, as bombas e termostatos testados e estamos praticamente prontos para começar as experiências. Próximo passo será terminar de bombear a água e ir depois à pesca para termos inquilinos. Para isso estamos dependentes da boa vontade dos Polacos e das condições climáticas. O tempo parece que irá criar hoje ao fim do dia uma pequena janela em que a tempestade de neve poderá acalmar... agora falta convencer os Polacos que ir à pesca é divertido! Penso que não será difícil, pois a equipa da base até agora tem sido excelente no apoio prestado.
Bruno Louro e Pedro M Guerreiro Eram18.00h quando finalmente pudemos sair de Punta Arenas no voo do Propolar. Sobrevoar os fiordes mais austrais do continente americano e a passagem de drake. Depois de cerca de duas horas aterrámos em Fildes e é o reencontro e troca de abraços com as outras equipas portuguesas, mas rápido que o avião tem de voltar enquanto o tempo permite. Sopra um vento gelado e a visibilidade diminui rapidamente. Os carros do inach e da armada espanhola levam bagagens e dão-nos boleia e assim evitamos caminhar um km à chuva e ao vento. Já na praia vestimos os fatos de sobrevivência, uma aventura para quem tem pressa. É que temos de ser transportados rapidamente para o Hesperides e há apenas dois zodíacos para cerca de 30 pessoas e bagagens.
No navio, após as boas vindas do imediato e do capitão, somos distribuídos pelos camarotes. Há gente a dormir no chão porque não há lugar para todos... com os atrasos também nós temos de passar a noite a bordo e somos muito bem recebidos pelos elementos da Armada Espanhola. Navegamos toda a noite e estamos finalmente frente a Arctowski às 8 da manhã. Vestimos novamente o fato de sobrevivencia, despedimo-nos do Gonçalo e da Ana, que ficam mais uns tempos no navio, e descemos a escada de corda na amurada para chegar ao zodíaco. O nevoeiro baixou e começa a nevar sob um vento cortante. Na praia de calhaus somos recebidos pela figura alta de Marek Zielinski, o chefe da base nesta 37 expedição polaca, que nos dá as boas-vindas e se queixa do temporal. Há realmente muito mais neve que no ano passado e as montanhas e o campo de musgo junto à base estão cobertas de branco. Às 9 da manhã de 30/01/2013 chegámos à nossa casa para os próximos dois meses. Café quente é o que se segue. Pedro M Guerreiro e Bruno Louro Nuvens baixas, queda de neve e algum vento impedem a aterragem do avião da DAP no aeródromo Teniente Rodolfo Marsh Martin, da Força Aérea Chilena, na Península Fildes, em King George Island.
Devíamos ter saído às 9.00 e chegar por volta das 12.00 a Fildes onde o navio oceanográfico Hespérides, da marinha espanhola, nos espera para levar à base polaca de Henryk Arctowski, na Baía do Almirantado, onde contávamos chegar para jantar. Ao invés, estamos de prontidão à espera de uma aberta que permita o voo. A ordem é para nos mantermos juntos no mesmo local e capazes de estar prontos em uma hora após a chamada. Esta é uma situação relativamente comum numa região onde as condições climáticas mudam rapidamente e várias vezes num intervalo de 24 horas, permitindo apenas previsões de curto alcance e com fiabilidade reduzida. Além disso a precipitação e a temperatura na Antártica Maritima têm sido esta época mais agrestes que em anos anteriores, e mesmo no pico do verão austral ainda podemos ver grande cobertura de neve junto à pista do aerodoro de Fildes (http://www.aipchile.gob.cl/camara_ubicacion/show/designador/SCRM). Assim este primeiro dia do projecto Fishwarm 2013 pode redundar numa longa espera sentados no Hostal El Calafate, a base logística não oficial do Programa Polar, onde o Gonçalo Vieira e a Ana Salomé, também à espera para seguirem com destino à base búlgara em Livingston Island, se multiplicam em contactos com a companhia aérea, o Instituto de Investigações Antárticas do Chile, a empresa de transporte de equipamento e todos os demais investigadores de várias nacionalidades que irão como passageiros neste voo fretado pelo Propolar, e aqueles que o esperam para regressar da Antártica após o término das suas missões. Enquanto isso eu, o Bruno e o António Correia, que também irá para Livingston, entretemo-nos com os computadores e, por agora, esperamos. Alerta geral. Informação de última hora: todos no aeroporto às 15.30 para poder sair às 17.00... mas sem qualquer garantia de voo. Façamos figas. Pedro M Guerreiro e Bruno Louro |
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