João Branco Base Professor Julio Escudero Duas horas depois de descolar de Punta Arenas o BAe146 da DAP aterra na pista de terra batida do aeródromo Teniente Marsh, na Península de Fildes, que serve a Base Científica Chilena de Escudero na Ilha King George no Arquipélago das Shetland do Sul na Antárctida. Devido à possibilidade de acesso por via aérea em aviões de passageiros a jacto, esta é a principal porta de entrada na Península Antárctica para os investigadores dos vários programas científicos que conduzem projectos no continente antárctico. Despedimo-nos dos investigadores sul-coreanos que se dirigem para a Península de Barton e que esperamos rever dentro de duas semanas quando chegarmos à base King Sejong. Encontro-me na Antárctida pela segunda vez e a chegada aqui foi como regressar a um lugar que, ainda que remoto, se tornou agradavelmente familiar. O ar limpo e frio, a intensidade das cores no fundo branco da neve e do gelo, que rodeia a base de Escudero tudo me traz boas recordações da minha prévia passagem por este local há um ano atrás. Chegámos aqui, eu e o Gonçalo, após um dia de viagem de Lisboa, via Madrid e Santiago do Chile, até Punta Arenas, seguidos de dois dias nesta cidade, consumidos nos últimos preparativos da campanha deste ano: contactos no Instituto Antárctico Chileno (INACH), na DAP (a companhia de aviação que efectua os voos para King George) e compras de última hora, pois tudo o que necessitarmos na Antárctida terá que ser transportado connosco. Estamos a 12.000 km de Portugal o que amplifica a complexidade logística, não só para aqui chegar, mas também, para levar a cabo os projetos científicos em curso que o Programa Polar Português desenvolve neste continente. Hoje ficamos instalados na base chilena onde já se encontra um grupo de investigadores de Portugal, do projecto POLARLODGE que vão este ano testar um abrigo destinado a ambientes polares concebido com materiais ecológicos.
Este ano a minha parte da campanha envolve não só o regresso à Península de Barton, onde espero recolher os dados dos sensores ali instalados no último verão antárctico, como também colaborar com o Gonçalo na manutenção de perfurações e equipamentos na pequena ilha de Amsler situada cerca de 400 km a sudoeste de King George e realizar na área da base chilena de Yelcho voos de fotografia aérea com o nosso drone eBee que mais uma vez regressará aos céus antárcticos. A base de Escudero, além de local com capacidade de receber investigadores nas ciências da Terra e Biológicas, serve de entreposto para investigadores em trânsito para outras bases na região da Península Antárctica como é nosso caso. Amanhã, dia 7, de acordo com o plano embarcaremos no Lautaro, o navio da Armada Chilena que nos levará rumo a Sul até Palmer, a base do Programa Antárctico dos EUA (USAP) situada na Ilha de Amsler no arquipélago com o mesmo nome. Os comentários estão fechados.
|
BLOGS DAS CAMPANHAS
|