Gutten morgen!!! Existe cerca de 50 países a fazer investigação na Antártida hoje. Temos países da Europa, Asia, África, Ocêania e das Américas, evidenciando o papel importante da Antártida para o nosso planeta. Mas além da ciência e da diplomacia, a educação tem tido um papel cada vez mais forte, tal como evidenciado por um recente artigo na prestigiada revista Nature (Kennicutt et al. 2014). Porquê? Porque hoje em dia a informação flui com uma grande rapidez, através das novas communication tecnologias (internet, como através do facebook, twitter e/ou websites) e o acesso a informação útil e credível é cada vez mais importante. Também faz com que o nosso planeta pareça mais pequeno. Há 20 anos falar de pinguins era algo pouco usual nas nossas escolas, hoje temos cientistas portugueses a estudar pinguins e ir à nossas escolas a falar de viva voz como é estudá-los. Tudo isto se reflete no nosso dia a dia com a globalização da informação. Um dos melhores exemplos é o caso onde estou agora, em Bremenhaven (Alemanha). Aqui, nesta cidade de pouco mais do que 500.000 habitantes (mais ou menos o tamanho do Porto, em Portugal), existem pinguins e ursos polares literalmente por todo o lado. A cidade “respira” regiões polares!!!! Vejamos...a equipa de hóquei no gelo de Bremenhaven chama-se “fischtown pinguins”, um dos mais prestigiados institutos de investigação polar está aqui (Alfred Wegener Institute), os restaurantes possuem pinguins gigantes a dar direções, as agências de viagens têm pinguins nas montras, até os centros comerciais possuem uma área alusiva à Antártida!!! Passado uns dias aqui, parece que estou bem mais perto da Antártida. Aliás, bem me fez recordar Punta Arenas e as Ilhas Falklands por uns breves segundos... Nestas semanas de trabalho, onde passei muito tempo entre coleções, livros, artigos e reuniões, sair à rua naqueles dias bem frios de Fevereiro, bem me fez estar bem pertinho de todos os colegas que foram em trabalho de campo para a Antártida este ano! Espero que tenha corrido tudo bem!!!! Mas para eu saber, e aprender mais, basta um clic.
Depois de fazer as malas e dar rumo a uma longa viagem chego finalmente a Hobart (Tasmânia) partindo de Lisboa (Portugal) para dar início às preparações de embarcação do Navio Nathaniel B. Palmer com destino a Antártida, a minha casa para os próximos 42 dias. Sou estudante de Engenharia Geológica, atualmente no 1º ano de Mestrado, no Departamento de Geociências e membro do CESAM (Centro de Estudos do Ambiente e do Mar) e será sem dúvida uma viagem de grandes experiências. A cidade de Hobart é encantadora, com grandes paisagens e cheia de pessoas amigáveis. Já tive oportunidade de entrar a bordo do navio atracado no porto de Hobart e de conhecer grande parte dos investigadores e membros da tripulação que estarão envolvidos na campanha, sendo muito bem recebido. Nathaniel B. Palmer é um quebra-gelo científico da Fundação Nacional de Ciência dos Estados Unidos, que tomou o nome do primeiro americano a ter visto a Antártida em 1820, Nathaniel Palmer. O navio possui dimensões consideráveis (94 m de comprimento), e o seu interior é divido por uma grande série de corredores e andares (convés) com bons equipamentos e laboratórios. Terei muito que explorar e conhecer acerca deste navio. A equipa de investigação é composta na sua maioria por investigadores americanos e australianos, coordenados por Frank Nitsche, da unidade de investigação Lamont-Doherty Earth Observatory da Universidade de Columbia (EUA). A nossa missão é procurar recolher informações acerca da plataforma continental adjacente com a calote glaciária da Antártida Este, nomeadamente sobre o passado e o presente da dinâmica do gelo, extensão máxima de gelo, e direção de fluxo de paleo-correntes de gelo, através da recolha e análise de dados batimétricos de elevada resolução, complementados com a recolha de sondagens, onde irei prestar auxílio. Pretende-se também adquirir medições de coluna de água, para testar a hipótese de que as instabilidades da Calote de Gelo da Antártida Este (EAIS) verificadas atualmente podem estar relacionadas com condições morfológicas da plataforma continental que facilitam a intrusão de águas com temperaturas que possam acelerar o processo de degelo, como foi verificado em estudos prévios na região WAIS (Calote de Gelo da Antártida Oeste). São no fundo os objetivos que se pretendem cumprir na campanha que irá dar inicio muito em breve, a partida do navio está prevista para o final do dia de hoje, 26 de Março. Ricardo Correia (26/03/2015) Gutten morgen!!! Com as alterações climáticas a afetar o Oceano Antártico, particularmente na Península Antártica, tem-se registado algumas mudanças importantes de quem domina a cadeia alimentar no Oceano. Nesta região, pensava-se que o krill do Antártico Euphausia superba era o rei mas nestas últimas décadas, mas os ventos de mudança das alterações climáticas, fez com que a sua abundância tenha estado a declinar. Por outro lado as salpas Salpa thompsoni (tunicatos marinhos, são como primos das ascídias, e mais distante das alforrecas e medusas) têm aumentado a sua abundância. Mais a norte, junto à Geórgia do Sul, temos notado que o krill do Antártico tem sido menos abundante em alguns anos, sendo substituído por uma espécie de zooplanctón carnívoro chamado Themisto gaudichaudii. Isto notou-se claro em 2009 na dieta dos pinguins gentoo Pygoscelis papua que de repente começa a alimentar-se destes pequenos organismos marinhos em vez do krill do Antárctico… Estando a fazer uma revisão dos crustáceos do Oceano Antártico, noto que o Themisto até é muito abundante noutras paragens. Aliás ele possui uma distribuição circumpolar em águas do Oceano Antártico e em águas subantárticas. É uma das espécies mais numerosas em águas junto à superfície, entre o continente e a corrente oceânica subtropical. E sim, muitos predadores o comem, tais como peixe, lulas, pinguins, baleias, albatrozes, petreis, fulmares, moleiros e até focas. É particularmente importante na dieta de varias espécies de pinguins (Adelie, barbicha, macaroni, rockhopper e real). Recordo-me como fosse ontem quando comecei a encontrar o Themisto na dieta de pinguins gentoo em 2009. Em principio, julgava que eram duas espécies pois uns tinham umas antenas mais curtas e outros indivíduos tinham umas antenas maiores e segmentadas. Foi através de pesquisa cuidada, com consulta de artigos científicos e com colegas, que finalmente me levou a concluir que estava a olhar para as fêmeas e os machos respectivamente, de Themisto. Interessante, não é? Só recentemente se começou a ter mais estudos sobre a biologia do Themisto. Com este nosso estudo, mais informação sobre esta espécie vai estar disponível…mas existe ainda muito por fazer quer nesta espécie quer em outras semelhantes de zooplancton!!!!! Quem será o próximo no trono da abundância no Oceano Antárctico? With climate change afecting the Southern Ocean, particularly in the Antarctic península, some important changes have been happenning in the water. In this region, Antarctic krill 'Euphausia superba' was thought to be the King of abundance in the last decades, but the winds of change has been affecting it. In the last decades, Antarctic krill has decreased in abundance in the last 40 years in Antarctic Peninsula. On the other hand, salps 'Salpa thompsoni' (marine tunicates) have been increasing in abundance. Further north, close to South Georgia, Antarctic krill has also been less available to predators in some years, being substituted by 'Themisto gaudichaudii' (a carnivorous zooplankton species). This was particularly obvious when I was studying gentoo penguins 'Pygoscelis papua' in 2009 at Bird Island Research station of the British Antarctic Survey. These penguins were feeding on Themisto instead of krill...While doing this review, I noticed how important Themisto is. It has a circumpolar distribution in Antarctic and subantarctic waters, being one of the most numerous zooplankton species closer ot the surface. Yes, loads of predators feds on it, from fish, squid to albatrosses and whales. It is particularly important in the diet of certain species of penguins, such as Adelie, chinstrap, macaroni and royal penguins. Only recently there has been a signigficant improvement of the knowledge of the biology of Themisto....With our study, more information will be available...but there is still loads to do in marine sciences, particularly on the biology of zooplancton.... so that we can know more on who will be the next species on the throne of abundance in the Southern Ocean?
Realizou-se hoje, dia 11 de Março, o voo português de ligação ida e volta entre o Chile e a Península Antártica, trazendo de regresso a Punta Arenas os dois últimos investigadores portugueses que ainda se encontravam a realizar trabalho de campo na Ilha de King George, Pedro Ferreira e Patrícia Azinhaga, do projeto GEOPERM. Desta vez nada de alarmes! As condições climáticas estiveram favoráveis e o programa de viagem correu como planeado. O dia a dia numa base científica é sempre uma aventura. Mais do que o local onde nos abrigamos, comemos e dormidos este é um local onde se está sempre a aprender. As nacionalidades são variadas e convive-se com chilenos, brazileiros, espanhoís, venezuelanos, colombianos, equatorianos, chineses alem dos lusos claro. Esta multiculturalidade cria um ambiente muito próprio onde se fala português, espanhol e inglês e por vezes também uma espécie de “portunhol abrazileirado” (acontece muitas vezes quando começas a falar com alguém em espanhol e de repente compreendes que é brazileiro e o chip baralha-se um pouco!). As regras são necessárias no meio de toda esta convivência entre as cerca de 40 pessoas (em média) que partilham a base Escudero. Além de cientistas existem pessoas responsáveis pela logística e operações e dois cozinheiros, o Christian e o Roberto Carlos (Carlitos como é conhecido por aqui) responsáveis pela preparação das refeições, mas alguns de nós damos sempre uma ajudinha e ao domingo as refeições são feitas por alguém de nós que se voluntaria. O dia começa cedinho e a alvorada é pelas 6.45. O pequeno almoço é das 7 às 8h, o almoço das 13 às 14h e o jantar das 20 às 21h. A comida é bastante boa e bem temperada e embora a carne seja deliciosa já sinto a falta de uma boa salada! Alem das refeições existe um “espécie de cafetaria onde se pode sempre beber um café ou chá bem quentinho (a melhor coisa quando se retorna de um dia de campo por aqui). O bloco 5 é o local onde estou a dormir. Um bloco mesmo ao lado da estrutura central onde existem várias camaratas. A minha é uma camarata para 6 pessoas e por onde já passaram várias companheiras (já esteve cheio, a meio gás, “sola” e agora está de novo cheio). A entrada da base é a sala das botas, uma sala “suis generis” e com um cheiro muito característico. Todos têm que tirar as botas que usam na rua e calçar outra coisa (há por aqui umas crocs mas é tudo do 42 para cima...nada melhor que as minhas sapatilhas!). Na sala de convívio existe um mesa de ping pong e uns matraquilhos para libertar tensões e também uma boa vista que se pode disfrutar do sofá. Neste edifício ficam ainda os laboratórios e também uma outra zona de dormitório. São várias os projetos aqui em desenvolvimento e por isso podemos aprender um bocadinho de áreas distintas de estudo que vão desde a biologia às ciências sociais. Fascinante! Além da ciência conhecem-se pessoas muito interessantes e fazem-se amizades para a vida. Esta é sem dúvida uma grande experiência de vida que nunca vou esquecer! Patrícia Azinhaga Gutten morgen!!! De momento, no nosso projeto estamos a estudar mais de cem espécies de crustáceos que estão presentes na dieta de numerosos predadores do Oceano Antártico, como pinguins, focas, albatrozes, baleias, petréis, peixes e até lulas. Tudo que come crustáceos será estudado. Claro que os crustáceos são dos alimentos mais preferidos deste predadores...pensem em camarão, é bom não é? Um dos aspetos mais curiosos neste estudo é percebermos que as muitas espécies de crustáceos são...de grandes profundidades! Mais, predadores que apenas se alimentam em águas costeiras e de pouca profundidades, tal como pinguins ou albatrozes (por exemplo o albatroz viageiro, que é a maior ave marinha com cerca de 3 metros de asa a asa, só se alimenta na superficie), também encontramos espécies de crustáceos de profundidade...como será isso possível? Melhor, como é que espécies de crustáceos de grande profundidade (> 300 metros de profundidade) poderão estar disponíveis a predadores que nem mergulham, limitados à superficie? Esta questão tem sido abordada por numerosos cientistas mas ainda hoje, muito ainda está por explicar. Num dos nossos estudos de 2013 (Xavier et al. 2013. ICES J. Marine Science), revê como lulas do Oceano Antártico poderão estar disponíveis aos albatrozes junto à superficie. Muitas espécies de lulas fazem migrações verticais diariamente para se alimentarem (passam o dia nas profundidades e vêm junto à superfície) ou em determinadas alturas do ano para se reproduzirem. Outra possível razão são outros predadores, como as baleias (que conseguem ir a grandes profundidades), regurgitarem lulas regularmente na superfície (para se verem livre dos bicos de lulas, que são estruturas não digeríveis e que se acumulam nos seus estômagos). Também se têm questionado que algumas espécies de lulas vêm à superfície, após morrerem (ficando a flutuar). É possível também os albatrozes se alimentarem de peixe que comem lulas, logo quando se estuda a dieta dos albatrozes não sabemos se os albatrozes comeram as lulas diretamente ou não. Mais recentemente, tem-se debatido que as correntes de fundo podem ajudar as lulas, peixes e crustáceos para os ajudar a vir junto da superfície. Finalmente, espécies de lulas podem ser apanhadas por peixes de profundidade, e estes podem ser apanhados por pescadores (que deitam fora os estômagos dos peixes, ficando disponíveis aos albatrozes. Algumas destas razões pode-se aplicar aos crustáceos. Por exemplo, o camarão do Antártico Euphausia superba é conhecido por fazer migrações verticais (da profundidade para junto da superfície) regularmente....e muitos peixes alimentam-se de crustáceos que são apanhados por pinguins, focas e albatrozes...ou seja, no fim de contas, acaba por ser uma combinação de razões do porquê crustáceos de profundidade podem estar presentes na dieta de predadores no Oceano Antártico. Quanto a certezas, mais estudos são precisos! In our project we are studying more than 100 species of crustaceans that are found in the diet of predators from the Southern Ocean, such as penguins, albatrosses, seals, whales, petrels, prions, fish and squid. Every predator that feeds on crustaceans will be studied! Yes, they are lot but hey, who does not like shrimps? One of the most interesting aspects of the project at the moment is noticing that numerous crsutaceans living in the deep-sea (> 300 meters deep) are available to surfasse living predators. How do they become available to them? One of my recent studies (Xavier et al. 2013. ICES J. Marine Science) reviewed how Antarctic squid may become available to surface predadors. Many species of squid exhibit vertical migrations from the depths to near surfasse, either daily to feed or periodically to reproduce. Also, whales may regurgitate squid that they caught in the deep-sea at the surface (i.e. squid beaks, that resist digestion and stay in their stomachs, must be removed regularly). Some squid may also die and float to the surface. It is also possible that predators may eat fish that eat squid (we call it secondary digestion) so we do not know if, for exemple, the albatross fed directly on the squid or not. Finally, albatrosses may feed on offal (e.g. stomachs from deep-sea fish, with squid) from behind fishing vessels. Some of these reasons may apply to crustaceans. For exemple, we do know that Antarctic krill Euphausia superba carry out vertical migrations. In conclusions, i tis a porbalby of a mix of these reasons to explain why deep-sea crustaceasn become available to surface predators. For certain, more studies are needed... 5 de Março, Ilha de Rei Jorge, Antártida
Nos últimos dias o tempo aqui na Ilha de Rei Jorge tem estado menos bom dentro do que é normal (a normalidade por aqui é estar frio e uns chuviscos que variam com alguma neve). Tem chovido bastante sobre a forma de neve e o branco predomina sobre a cor escura da rocha que cada vez é menos visível. A paisagem é brutal e observar os flocos de neve a cair através da janela da base Prof. Júlio Escudero transmite tranquilidade e também um bocadinho de melancolia (a banda sonora vai contribuindo para esta sensação - Tiago Bettencourt acústico...uma lareira acesa e um copo de vinho tinto e seria perfeito!). A visibilidade está mais reduzida e a nossa estadia já se resume a uma semana. Dentro de 7 dias estaremos de partida. A maior parte do trabalho que estava programado está feito mas ainda não está concluído e por isso mesmo nestas condições menos favoráveis há que continuar. Embora as horas passadas lá fora no campo não ultrapassem as 5 as marcas já se fazem sentir. O cansaço aumentou e o frio, em especial nos pés, é mesmo muito. Caminhamos quase sempre sobre gelo, água gelada e neve o que tem aumentado a sensação de frio. Muitas vezes a neve chega-nos aos joelhos e por diversas vezes tive a impressão que ando a fazer alpinismo e que pelo meio vou fazendo cartografia geológica! Sentir os pés como um bloco tem sido o dia a dia mas ontem deixei de os sentir (mesmo com dois pares de meias para trekking de montanha). Continuar a caminhada era o melhor a fazer de modo a que a circulação pudesse continuar e mantive no pensamento a necessidade de ir mexendo os dedos dos pés para que aquecessem...não aconteceu, tal era o frio. Quando cheguei à base tive uma surpresa! Ali estava ela...uma queimadura por frio nos dedos de ambos os pés. Felizmente foi apenas superficial!! A sensação é a mesma de uma queimadura normal: vermelhidão, inchaço e dor. Com o passar das horas a coisa foi melhorando e agora há que ter um pouco mais de cuidado. A colaboração aqui é excepcional e um colega brasileiro experiente neste ambiente deu-me umas dicas e também umas saquetas de um produto posso colocar entre as botas e as meias e que mantém os pés quentes. Assim que reduzir um pouco o nevão e a visibilidade seja melhor já vou experimentar. Espero que resulte! Patrícia Azinhaga A expedição científica que estamos a realizar na Ilha King George, uma ilha pertencente ao arquipélago das Shetland do Sul, Antarctica, tem dois objectivos principais: O primeiro é a realização de um mapa geológico/litológico de pormenor (a uma escala 1/5000) numa região norte da Península de Fildes que tem a designação de Meseta Norte. O segundo objectivo é recolha de um conjunto de amostras de rocha (temos um número máximo limite definido para 40 amostras, por questões logísticas, mas o número total de amostras a recolher irá ser fundamentalmente controlado pela variabilidade do tipo de rochas que iremos encontrar. Este trabalho de campo irá contribuir para o desenvolvimento da investigação do permafrost. Dados científicos actualmente disponíveis indicam que o seu desenvolvimento está fortemente dependente das alterações climáticas, ou seja aquecimento global => fusão do permafrost. Este projecto do estudo do permafrost já está a decorrer sendo liderado pelo Gonçalo Vieira, do IGOT (Instituto de Geografia e Ordenamento do Território) da Universidade de Lisboa, mas envolvendo cientistas brasileiros. Desde 2013 vários sectores, dentro da região que iremos estudar, que têm estado a ser monitorizados (através de perfurações superficiais do permafrost de modo a obter-se valores para as temperaturas dos solos e se estes solos degelam ou não nos períodos do verão). As características das rochas que iremos estudar (estamos numa zona totalmente formada por rochas ígneas do tipo vulcânicas, e assim interessa saber o tipo de rocha, se é uma rocha lávica (vulcanismo do tipo efusivo) ou ou rocha piroclástica (vulcanismo do tipo explosivo), o tamanho do grão das rochas vulcânicas piroclásticas, o grau de alteração e fracturação das rochas, etc… que no geral constituem as características físicas das rochas e que poderão controlar a evolução do permafrost. Os dados das características físicas das rochas irão ser usados para estabelecer mapas de difusividade térmica de alta resolução (difusividade - capacidade que um material tem em transmitir uma variação de temperatura) que irão ser usados na modelação da distribuição do permafrost. A campanha de amostragem das rochas vulcânicas aflorantes na Península de Fildes permitirá, posteriormente, a caracterização química e isotópica das mesmas. Paralelamente as rochas irão ser estudadas através do microscópio petrográfico para identificação das texturas e seus minerais constituintes que serão, posteriormente, analisados quimicamente através de uma técnica instrumental designada por Microssonda Electrónica. Esta caracterização geoquímica global das rochas e seus minerais constituintes permitirá caracterizar o tipo de vulcanismo ocorrente nesta região. O tipo de vulcanismo e a composição química dos magmas que dão origem às rochas vulcânicas estão intimamente relacionadas com o tipo de fronteira de placas onde ocorrem. Os magmas formados, por exemplo nas cristas médias oceânicas, que permitem a expansão dos oceanos e sua crusta oceânica, têm uma composição química e isotópica distinta dos magmas formados nas designadas zonas de subducção, onde ocorre o afundamento de uma placa sob outra (destruição das placas). A região das Ilhas Shetland do Sul onde se encontra incluída a ilha do Rei Jorge, que estamos a estudar, encontra-se numa situação em que ocorrem ambos os tipos de fronteiras de placa. Pretendemos, assim, estudar a contribuição dos diferentes processos do manto terrestre ocorrentes em cada fronteira de placas na geração das lavas destas ilhas antárcticas contribuindo, assim, para o conhecimento da evolução e diferenciação química e isotópica do manto terrestre. Neste momento, a progressão dos trabalhos de campo é fortemente condicionada pelas condições atmosféricas. Mas, apesar disto, a cartografia geológica da Meseta está praticamente terminada. Após definição das distintas litologias aflorantes, resta-nos cartografar a região envolvente à Meseta e realizar a campanha de amostragem dos diferentes litotipos. Pedro Ferreira, Ilha de King George. |
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