Equipa da Universidade de Lisboa em estudo inovador sobre o enxofre em lagos do Ártico Canadiano11/4/2016
João Canário, Gonçalo Vieira e Teresa Cabrita No passado mês de Março, recolheram-se pela primeira vez, amostras de águas de lagos de termocarso no Ártico Canadiano durante o inverno. O objetivo da equipa portuguesa envolvida, que contou com a presença no terreno de João Canário (CQE/IST/ULISBOA), é conhecer melhor a complexa química do enxofre, numa investigação até agora nunca realizada. Para aceder à água dos lagos, quando as temperaturas do ar são em média de -30 °C, é preciso furar a superfície gelada, de modo a recolher as amostras. A importância deste estudo em condições tão adversas, deve-se ao facto de no inverno a cobertura de neve e gelo impedir as trocas de oxigénio entre a água dos lagos e a atmosfera, o que os torna extremamente redutores, alterando por isso a sua química e todos os processos biogeoquímicos envolvidos na degradação da matéria orgânica natural. O aumento considerável da área com lagos de termocarso associados à degradação do permafrost nas regiões árticas e sub-árticas é uma das consequências do aquecimento global que se faz sentir particularmente nas regiões polares. Acresce o fato destes lagos serem fortes emissores de metano, um gás com efeito de estufa mais intenso do que o dióxido de carbono, que se liberta durante a degradação microbiana da matéria orgânica natural.
Sabe-se atualmente que o reservatório de carbono nos solos gelados do ártico é muito superior ao da atmosfera, e portanto bastante vulnerável ao aumento da temperatura global, que ao acelerar a degradação microbiana do carbono orgânico, poderá ter efeitos consideráveis no aumento da temperatura global através da libertação destes gases associados ao efeito de estufa. Esta campanha surge na sequência de uma outra que decorreu no verão de 2015 na mesma área, onde, além da recolha de amostras, se realizaram levantamentos com um veículo autónomo não-tripulado, que levou à geração de modelos de alta resolução nunca antes realizados na região. O projeto é coordenado pelo Centro de Química Estrutural (CQE) do Instituto Superior Técnico (IST) e conta com a participação Centro de Estudos Geográficos (IGOT), numa colaboração com o Centre d’Ètudes Nordiques (Universidade Laval) e visa estudar os efeitos das alterações climáticas na degradação do permafrost e na química dos lagos de termocarso. A presente campanha envolveu ainda cientistas de diversas universidades canadianas, finlandesas e alemãs. Os trabalhos de campo decorreram no Norte no Canadá perto da comunidade de Whapmagoostui-Kuujjuarapik. Deste projeto fazem ainda parte outros investigadores do CQE, CEG/IGOT e ainda do Centro de Ciências e Tecnologias Nucleares também do IST. |
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