projeto GEOWHIMBREL: Num piscar de olhos os GeoSpoi deixam o Ártico e voltam a África

Camilo Careiro e José A Alves, 25 Agosto de 2016

Parece que ainda ontem os GeoSpoi estavam a chegar à Islândia, e agora já estão novamente em África. GeoSpoi? Se não sabe do que falamos, leia primeiro esta notícia: http://www.propolar.org/notiacutecias/projeto-geowhimbrel-geospoi-de-volta-entre-o-artico-e-os-tropicos.

Mais uma época de campo terminou e fica a ambígua sensação de um passar do tempo a correr, mas simultaneamente longo. E de facto, se por um lado temos dias longos no campo a (tentar) recapturar GeoSpoi, por outro, estas aves são relativamente rápidas na sua curta visita e estadia anual aos locais de reprodução. Em cerca de 3 meses: reencontram o parceiro, ou encontram um novo; fazem a postura dos ovos; incubam durante cerca de 25/27 dias; guardam as crias durante pouco mais de um mês; e acumulam reservas para a longa migração que têm pela frente.

Ninho de Maçarico-galego na Islândia (foto: Camilo Carneiro)

Após eclosão, em poucas horas as crias estão prontas para caminhar e alimentarem-se sozinhas. É nesse período que as marcamos individualmente com uma anilha, para mais tarde sabermos quem sobreviveu (foto: Camilo Carneiro)

Migrações (linhas) e locais de invernada e paragem migratória (áreas a sombreado) de um Maçarico-galego entre 2015 e 2016. A linha cor-de-laranja representa a migração outonal, em direção ao local de invernada, no Oeste Africano (área cor-de-laranja); a linha azul representa a migração primaveril, para norte, com uma paragem em Portugal (área azul)

Este ano regressaram aos territórios de reprodução 18 dos 30 maçaricos-galegos (Numenius phaeopus islandicus) nos quais colocamos um geolocator no ano passado. A nossa curiosidade em conhecer os dados armazenados naqueles minúsculos aparelhos é sempre enorme. E isso só ajuda ao aumento da nossa inquietude até conseguirmos recapturar estas aves. Dos GeoSpoi que regressaram, conseguimos recuperar 12. A predação dos ninhos, que este ano foi ligeiramente superior a 2015, foi a razão de não conseguirmos recapturar quatro aves e recuperar os respetivos aparelhos, uma vez que quando o ninho é predado (e uma nova postura não é feita), não há qualquer hipótese de recaptura. Os restantes dois indivíduos foram vistos nos territórios no início da época, mas não chegaram a fazer a postura nesses locais.
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Neste momento estamos ainda a analisar os dados sobre o investimento e o sucesso reprodutor, mas temos já alguns resultados sobre as migrações feitas no último ano. Os 12 GeoSpoi deixaram a Islândia entre 2 e 17 de Agosto de 2015 e voaram 4-5 dias, sem parar, até aos locais onde passaram o inverno, no Oeste Africano. Entre 14 e 25 de Abril deste ano iniciaram o voo migratório de regresso, mas desta vez, 11 deles pararam alguns dias pelo caminho, e apenas um fez um voo directo até à Islândia. A maioria parou no Reino Unido ou Irlanda, mas um deles decidiu fazê-lo em Portugal, possivelmente na Ria de Aveiro. Foi uma alegria especial vermos esse elo entre o Ártico e os trópicos com um ponto chave em Portugal!