Já alcançámos a plataforma continental da Antártida. Dada a chegada a equipa de investigação deu mãos à obra, iniciou-se assim a investigação. De forma a tirar o máximo proveito na recolha de dados o navio funciona continuamente durante 24h, atualmente por turnos de 12h (12h-00h e 00-12h). O turno que me foi atribuído corresponde ao turno das 00 às 12h. Durante esse tempo tenho sido responsável pela aquisição e tratamento de dados de Batimetria Multifeixe e também aquisição de dados de Chirp para mapeamento do fundo marinho a nível superficial e em profundidade, respetivamente (Fotos 1 até 3). A aquisição de dados através destes métodos exige atenção praticamente contínua, onde ao longo do tempo é necessário aplicar uma serie de parâmetros de ajuste (como a abertura do feixe, no caso do multifeixe e janelas de aquisição/intervalos de profundidade, no caso do Chirp) assegurando de que toda informação recolhida tenha a melhor qualidade possível ou eventualmente evitar que esta seja perdida. A "sonda multifeixe Kongsberg EM 122" operando com uma frequência de sinal de 12kHz é um tipo de sonar que é usado para mapear a topografia do fundo do marinho. O sistema de aquisição do N.B. Palmer pode alcançar profundidades que variam entre os 20 e os 11000m com uma largura de feixe até 30km, o seu valor depende da profundidade a que se encontra o fundo marinho. A morfologia da plataforma continental da Antártida está intensamente condicionada pela ação glaciar existente no passado, possuindo formas muito diferentes do que pode ser observado ao longo da plataforma continental Portuguesa. Para a aquisição de perfis verticais do fundo oceânico (geologia subsequente ao fundo marinho) é usado nesta campanha o "sistema Knudsen Chirp 3260" que emite pulsos acústicos que podem chegar a mais de 10000m de profundidade com frequências de sinal entre 3,5-210kHz. Tenho conseguido lidar bem com o trabalho, e este tem sido supervisionado por Kathleen Gavahan, principal responsável na batimetria multifeixe que possui vasta experiência tendo já realizado um grande número de expedições a bordo do N.B. Palmer, e por Frank Nitsche, principal investigador da presente campanha no que respeita aos perfis do fundo marinho obtidos pelo Chirp. Estes últimos dias têm sido muito intensos a nível de trabalho, o que é bom para a equipa de investigação. Termino os meus turnos bastante cansado, mas ainda assim fico mais tempo a assistir os restantes membros da equipa, fico sempre curioso no que se pode vir a descobrir e aprender. Procuro deixar também a câmara fotográfica pronta para captar algo de interessante. No final de tudo isto sobra pouco tempo para dormir. Descansarei devidamente no final da campanha, afinal de contas não é todos os dias que se vai a Antártida. Os comentários estão fechados.
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