Gonçalo Vieira Base norte-americana de Palmer Quatro anos depois estou de regresso à base de Palmer. Em 2012 estivemos cá a instalar novas perfurações no permafrost, em colaboração com a Universidade de Wisconsin e desde 2014 que somos responsáveis pela sua manutenção. Este foi, aliás, o objetivo desta curta, mas intensiva visita a Palmer. Chegámos na 6ª feira à tarde e terminámos os trabalhos na manhã de hoje, 2ª feira. Desde então, temos estado à espera que nos venham buscar de lancha a partir da base chilena de Yelcho, a cerca de 25 km de distância, para onde vamos de seguida. Provavelmente a partida será só amanhã de manhã, depois de ter sido cancelado o transporte da tarde de hoje, por uma avaria numa das embarcações. Os trabalhos em Palmer correram de forma perfeita. Depois de uma chegada com o mar completamente cheio de gelo (brash) e da manhã de sábado em que não pudemos sair de zodiac para a ilha Amsler, onde temos os nossos instrumentos, o resto dos dias, foram perfeitos. Amsler é uma pequena ilha rochosa, cujo topo se encontra a 67 metros de altitude, e que se separou da ilha de Anvers quando há cerca de uma dezena de anos o glaciar que as ligava, colapsou. Foi esse o local escolhido para instalarmos em 2011-12 uma rede de sondagens para monitorizar a temperatura da camada ativa e permafrost, bem como uma estação meteorológica e uma máquina fotográfica automática. Infelizmente, parte deste equipamento estava inativo desde 2013-14 e a nossa vinda aqui a Palmer visava pôr todo o equipamento de novo a funcionar. E foi isso que fizémos, o que nos deixou muito satisfeitos, porque a janela temporal de que dispunhamos era muito restrita para a quantidade de trabalho a realizar. Assim, diariamente, saímos de zodiac para a ilha de Amsler, passámos os dias quase completos a trabalhar no campo, regressando à estação para rever os equipamentos e programar os data loggers ao final do dia. Os dados observacionais da ilha Amsler visam ajudar a compreender o modo como as alterações climáticas estão a influenciar o solo gelado na região. Até 2012, praticamente nada se sabia sobre o estado térmico do permafrost do arquipélago de Palmer. Graças aos trabalhos efectuados sabemos agora que o permafrost está ausente nas partes mais baixas das ilhas e que na perfuração do topo da ilha Amsler, está com temperaturas próximas da fusão, o que foi uma surpresa quando obtivémos esses dados em 2013.
Infelizmente a nossa perfuração principal estava inativa desde essa altura, porque quando os técnicos da base recolheram os sensores em 2014, o cabo ficou preso a 10 m de profundidade, não tendo sido possível recuperá-lo. Na campanha passada, o nosso colega, Mário Neves, tinha conseguido instalar uma cadeia de sensores até 4 metros, o que já permitiu começar a recolher novos dados. Finalmente, no sábado passado, conseguimos revitalizar a sondagem até aos 9 metros de profundidade. Perdeu-se a parte do furo entre 9 e 14 metros, mas conseguimos voltar a ter a perfuração ativa, o que é excelente. Os comentários estão fechados.
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