Prestes a iniciar a descida para Santiago o comandante do Airbus 321 da Lan Chile anuncia que nos estamos a aproximar dos Andes e que os passageiros deverão manter-se sentados, com os cintos de segurança apertados devido à possibilidade de turbulência. É sabido que o vento soprando sobre áreas montanhosas pode originar uma turbulência chamada ondas de montanha, turbulência severa que em alguns casos pode atingir a estratosfera. Olho de cima a cordilheira dos Andes que nesta região tem picos que ultrapassam os 6.000 metros e recordo que é no seu prolongamento que fica a Península Antárctica, o destino final desta viagem. Parti de Lisboa no dia 30 de Janeiro com destino a São Paulo, onde após umas horas de espera segui noutro voo em direcção a Santiago do Chile onde finalmente apanharei outro voo que me irá levar à cidade de Punta Arenas na América do Sul. A região do mundo mais perto do continente antárctico. O meu nome é João Branco, sou aluno de doutoramento em Geografia do IGOT, na ULisboa, e estou integrado no projecto de investigação HISURF 3 do Programa Polar Português. Acompanhado pelo meu colega Lourenço Bandeira, investigador do Instituto Superior Técnico, a quem me juntarei na Antárctida, pretendemos, essencialmente, recolher imagens de alta resolução das áreas livres de gelo na península de Barton (King George Island) com o objectivo de produzir cartografia temática com detalhes da ordem dos centímetros. Para isso contamos com um eBee, um pequeno Avião Não Tripulado (UAV), que nos permitirá efectuar voos de recolha de imagens com grande detalhe. Os problemas maiores com que nos iremos deparar serão os ligados às condições atmosféricas que são extremamente variáveis nesta área da Antárctida marítima e por vezes originam dias seguidos de mau tempo com chuva, neve e tectos das nuvens baixos, impedindo as actividades ligadas à aquisição de imagens e afectam as operações logísticas, como por exemplo as aterragens e descolagens dos aviões de transporte. Esperemos que o Verão austral nos seja propício e nos permita ajudar a conhecer este território imenso e ainda grandemente inexplorado. João Branco, Punta Arenas 31 Jan 2015. Os comentários estão fechados.
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