19.02.2015
Ontem o dia amanheceu com uma feliz possibilidade: como os nossos dois colegas, Pablo e Magnus, iriam finalmente regressar à base argentina Carlini, e para tal iria ser utilizado um Zodiac da base coreana, pedimos boleia até ao ponto mais extremo da Península de Barton, situado na baía de Potter, sensivelmente defronte à base científica argentina. Como o tempo estava bom, embora sem sol, mas com um vento praticamente calmo, decidimos, ambiciosamente, tentar cobrir o máximo possível duma área que ainda não tinha sido cartografada com o nosso drone. Fomos felizes nessa aposta; além do local onde efectuámos os dois primeiros voos serem muito bonitos, com extensos tapetes de musgos entre lagunas, numa praia bastante extensa onde leões marinhos (Otaria flavescens) brincavam ao longe, os voos correram muito bem e assim que terminados e o material arrumado, pusemo-nos a caminho subindo para cotas mais elevadas em direcção ao interior da península para a escolha de outro local apropriado à realização de novos voos. Uma nota sobre a vida animal da Antárctida: no trajecto de Zodiac, entre a base Carlini e a praia onde desembarcámos em Barton, observámos uma foca leopardo (Hydrurga Leptonyx), um predador de topo, que tinha acabado de caçar um pinguim de barbicha (Pygoscelis Antarctica) e tal como um gato brinca com um rato, assim esta foca fazia com o pinguim antes de o transformar no seu alimento. O ciclo da natureza. Para o segundo voo depois de vencermos a vertente da arriba, continuámos a subida, seguindo para noroeste, na direcção da base e atravessámos um bonito valeiro encaixado com bastante neve na parte superior, de onde alcançámos uma área aplanada onde nos pareceu ser um local para as nossas operações aéreas. Preparar o equipamento novamente e em pouco tempo estávamos mais uma vez no ar (remotamente), para efectuar o terceiro e quarto voos desse dia. O termo área aplanada é um pouco eufemístico porque o relevo do local onde temos passado as últimas semanas dificilmente permite essa classificação pois toda a península é muito acidentada e a cobertura do terreno ora é de materiais de origem glaciária com blocos de dimensões assinaláveis ou de depósitos de materiais angulosos e cortantes tal como já pudemos comprovar há alguns dias. Mas correu tudo bem e embora num dos voos tenhamos tido indicação de cobertura fraca de GPS, já no final do voo, tal não afectou a qualidade das imagens produzidas. Depois, regressámos à base atravessando a pinguineira que existe na costa sul da península e que, se não tivéssemos a certeza do caminho até lá, não haveria que enganar pois com o cheiro do guano é impossível não dar pela presença de tão simpáticos animais. Novamente esgotados, mas alegres pelo excelente dia de trabalho, que permitiu a recolha de dados completos nas bandas do espectro visível (RGB) e do Infravermelho Próximo (NIR) e ter observado novas áreas de Barton, terminámos o dia com a agradável sensação dos objectivos alcançados. João Branco Ilha de King George, Península de Barton, Base de King Sejong Os comentários estão fechados.
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