Depois da partida de Lisboa no fim da tarde do dia 31 de Janeiro e de vários voos que duraram mais de um dia, cheguei com o Lourenço Bandeira ao ponto no sul do Chile (Punta Arenas) de onde está previsto embarcarmos para a Antártida no dia 4 num C130 da Força Aérea Brasileira. Foi, como sempre, uma viagem cansativa mas atenuada pelas fantásticas paisagens e formas da superfície terrestre observadas da janela do avião quando a viagem é feita de dia e as nuvens não se põem na frente. Deu para ver a mudança latitudinal da paisagem, de cores castanhas a verdes e de relevos irregulares a planos, em particular, a grandiosidade e as diferentes tonalidades dos Andes, vulcões com e sem cobertura de neve, lagos com águas diferentemente coloridas ou ainda meio cobertos de gelo e alguns glaciares, sempre espectaculares.
Na chegada a Punta Arenas, o não aparecimento de umas das minhas mochilas no tapete rolante e a dificuldade da companhia aérea em encontrá-la criaram algum desconforto. O seu não aparecimento nos dias seguintes obrigou a comprar grande parte da minha roupa e algum do equipamento fundamental para a campanha. Felizmente, a mochila acabou por dar à costa ainda a tempo (tinha ficado em Santiago) e o que fica em duplicado será sempre utilizado em campanhas futuras. Antes a mais do que faltar. Estes dias de espera em Punta Arenas serviram também para afinarmos o planeamento da campanha, comprar pequenos materiais que não se justificam trazermos de Portugal e ainda despacharmos ao computador algum do trabalho que tinha ficado pendurado à saída de Lisboa. Hoje, dia 4, depois de madrugarmos e de estarmos prontos dentro de um autocarro para ir para o aeroporto, somos informados de que de manhã já não haveria voo por causa do mau tempo em King George. À tarde há nova reavaliação e nada feito, o voo é mesmo cancelado e passa para o dia seguinte. Tudo isto é normal, assim como as conversas que se têm logo a seguir, que incidem em se saber quem esperou mais tempo em situações anteriores. E redescobre-se que ter de se esperar uma semana ou mais pelo esperado voo (de ida ou de vinda) não é tão infrequente quanto isso. No fim do dia o nosso ânimo aumentou, pois as previsões meteorológicas para o dia seguinte dizem que a probabilidade de o voo se realizar é elevada. Pedro Pina, Punta Arenas, Chile Os comentários estão fechados.
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