No dia 7 de Janeiro embarcámos no Castillo à tarde e chegámos na madrugada de 8. A chegada à base argentina de Primavera era para mim sem qualquer dúvida emocionante, sendo que este seria o primeiro momento em que pisaria a Península Antárctica!! A viagem de zodiac foi longa devido à enorme quantidade de gelo que flutuava em redor da baia de Primavera. Éramos constantemente acompanhados por vários pequenos grupos de pinguins Gentoo que saltavam alegremente fora da água bastante próximos da nossa embarcação. Assim que chegámos à base, pelas 6h da manhã fomos recebidos calorosamente pela dotação militar argentina da base e com um pequeno almoço típico, “medias luas” acabadinhas de sair do forno!! A base Primavera é impressionante: está construída sobre pilares na rocha granítica e todos os edifícios são ligados por longas pontes de madeira.
Embora o mau tempo tenha atrasado o tempo de trabalho de campo em Caleta Cierva, os próximos 4 dias seriam sem dúvida intensos em trabalho. Assim que terminámos o pequeno almoço, eu e a Vanessa, investigadora espanhola, que estuda sísmicidade, fomos fazer a manutenção da sua estação que mede dados todo o ano. E pela tarde, eu e mais 2 cientistas espanhóis subimos até ao local onde estão instalados alguns locais de monitorização incluindo uma estação meteorológica e uma perfuração de 15m. A oportunidade de trabalhar em Calieta Cierva surge de uma colaboração com uma equipa americana que estuda criossolos na Antárctida liderada por James Bockheim. Quando chegámos à estação meteorológica, verificou-se que não estava a funcionar e que seria necessário descer a bateria e carregá-la e colocar o sistema de energia solar a funcionar correctamente. Também no mesmo local havia uma máquina fotográfica que realizava 3 fotos por dia para monitorizar a cobertura de neve. Fiz as ligações necessárias e o aparelho que realiza o disparo estava a dar um erro. Deste modo, retirei todo o equipamento da máquina fotográfica e levei para a base para poder avaliar os problemas e testar o seu funcionamento. No dia seguinte, preparei todos os sensores para colocar nas perfurações superficiais (<2m) em posições topográficas distintas e descarreguei os dados dos sensores. Pela tarde foram instaladas as cadeias de sensores que se encontravam abaixo dos 200m e com a ajuda dos militares foi recolhida a bateria da estação meteo para carregar. Foi também instalado um termonivómetro nessa área. Após o jantar houve algo como uma pré-festa de batismos na base Primavera. É tradição nas bases argentinas haver um batismo onde as pessoas que estão da perfuração de 15m pela primeira vez na Antárctida efectuam algumas provas definidas pelos mais veteranos em campanhas antárcticas. Alice Ferreira, 9 de Janeiro 2015, Ilha Anvers (Base argentina Primavera, Cierva Cove) Os comentários estão fechados.
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