Pedro Ferreira (LNEG) e João Mata (FCUL) Barton Peninsula; King George Island, Antárctida Depois do reconhecimento de parte da área da Península de Barton na companhia de Gonçalo Vieira e João Branco (IGOT), colegas que já realizaram várias missões de campo nesta região, iniciámos os nossos trabalhos de campo com a realização de dois “cortes” geológicos junto ao litoral: o primeiro, entre a estação King Sejong e um pequeno esporão localizado 4 km a Este (foto 1). O segundo corte ao longo da costa de Marian Cove, em direcção ao Glaciar Furcade (foto 2). Em ambos os trajectos efectuados tivemos sempre no nosso horizonte vários icebergs, alguns com dimensões significativas, que este ano proliferam na região (foto 3). O primeiro “corte” permitiu observar as litologias da Formação de King Sejong (definida pelos geólogos Sul-Coreanos autores da Carta Geológica da Peninsula de Barton, em 2002). É principalmente formada por rochas vulcaniclásticas (rochas muito heterogéneas, com clastos vulcânicos de distintas dimensões, numa matriz geralmente fina), onde se intercalam escoadas lávicas (foto 4). Com frequência são observadas estruturas intrusivas do tipo dique (foto 5) e, com menor frequência, algumas estruturas interpretadas como chaminés vulcânicas. Durante este “corte” foi possível observar Focas de Wedell (dormitando e refrescando-se pacíficamente na neve que bordeja a praia de cascalho - foto 6), Elefantes Marinhos fêmea, Andorinhas-do Ártico, Petréis (foto 7) e Skuas, a ave dominante, pelo menos nesta parte da ilha. Mas o deslumbramento para ambos ocorreu no atravessamento da ASPA 171 (uma área Antárctica especialmente protegida – foto 8) que corresponde a uma zona de reprodução de pinguins Gentoo. Por estarmos especialmente autorizados tivemos ocasião de seguir pela muito movimentada “auto-estrada para a pinguineira” (foto 9). Aqui, muitas eram as crias (facilmente identificáveis pela sua penugem acinzentada) que se encontravam sob proteção e aconchego das progenitoras (foto 10). Este primeiro “corte” concluiu-se num pequeno esporão formado por um dique, apresentando uma interessante disjunção prismática (foto 11). O segundo corte geológico realizado fez-se para NE em direcção ao glaciar de Furcade. Foi possível observar afloramentos das rochas intrusivas, essencialmente de natureza diorítica e granodiorítica (as mais abundantes). Pontualmente, rochas mais máficas, do tipo gabro, são também observadas. Pequenos veios centimétricos aplíticos cortam, por vezes, estas rochas plutónicas.
Mais NE, já próximo do glaciar, estas rochas deixam de aflorar, passando-se a observar rochas vulcânicas, com uma matriz fina, preferencialmente afanítica (sem minerais visíveis), mas por vezes porfiríticas, com microfenocristais de plagioclase, e que estão descritas como tendo uma composição química que varia entre o basalto e o andesito. Depois desta longa caminhada… o bem merecido descanso!!!!! (foto 12)
Patrícia Azinhaga
28/1/2016 20:35:40
Companheiro de aventura por essas paragens, que grande início de campanha! O tempo parece fantástico e a paisagem ainda é mais deslumbrante... Que a campanha corra da melhor forma! Os comentários estão fechados.
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