Por Camilo Carneiro e José A. Alves 31 Maio 2016 Uma grande parte dos Maçaricos-galegos (Numenius phaeopus) reproduz-se na Islândia e passa o resto do ano em zonas subtropicais e tropicais. Para isso fazem longas migrações desde o ártico até aos trópicos, que podemos agora desvendar. Uma recente forma de investigar esta “ponte aérea” é com o recurso a pequenos loggers colocados nas aves, que medem e registam a irradiância luminosa de forma constante. Sabendo a que hora o sol nasce (pelo aumento da irradiância luminosa) e a duração do dia é possível estimar a longitude e a latitude, respectivamente. Uma vez que os dados ficam armazenados nestes loggers, é necessário recuperá-los para descarregar a informação e portanto recapturar a mesma ave. A estes aparelhos chama-se comumente geolocator, e vieram revolucionar a nossa capacidade de seguimento das aves migradoras. Quando colocamos os geolocators em Maçaricos-galegos (Spoi em Islandês), demos origem ao projecto GeoSpoi. Em 2015, 30 indivíduos desta espécie saíram da Islândia batizados de GeoSpoi e foram construindo durante os últimos 12 meses as histórias que pretendemos agora desvendar. A fidelidade aos territórios de nidificação na Islândia é muito elevada e é por isso no período em que as aves incubam que os ovos são (re)capturadas e os geolocators recuperados e, nalguns casos, recolocados para conhecermos também os movimentos no ano seguinte. Este ano de 2016 já observamos vários GeoSpoi de volta aos territórios de nidificação. Não tarda terão a postura feita e as nossas tentativas para os recapturar irão começar. Ficaremos então a saber quando e como os indivíduos migraram e onde passaram o inverno. Além disso, faremos também o registo da fenologia e investimento reproductor (p. ex. tamanho das posturas), bem como do sucesso (p. ex. numero de ovos eclodidos e de descendentes criados), dados que serão relacionados com migração entre o ártico e os trópicos.
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