A CAMPANHA
PROPOLAR 2011-2012
Novembro de 2011 a Abril de 2012
PROPOLAR 2011-2012
Novembro de 2011 a Abril de 2012
_A influência do permafrost no clima da Terra foi um tema negligenciado até há alguns anos, mas na última década a investigação realizada demonstrou que este exerce um papel muito importante como componente da criosfera. Nas mais recentes avaliações das alterações climáticas pelo Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas, Avaliação dos Impactos Climáticos no Árctico e Programa das Nações Unidas para o Ambiente, as respostas actuais e futuras do permafrost ao clima já se encontram incluídas. Existe mesmo uma tendência geral para o aumento das temperaturas do permafrost com influências significativas no clima (fluxos de carbono), estabilidade de terrenos, ecologia e hidrologia.
Os estudos do permafrost têm uma longa tradição no Hemisfério Norte, em particular na região circum-árctica, onde se instalaram centenas de sondagens para a sua monitorização térmica e também da camada activa. Contudo, o permafrost da Antárctida está ainda pouco estudado e a rede de perfurações para monitorização é muito escassa. A International Permafrost Association (IPA) mantém a Global Terrestrial Network for Permafrost (GTN-P), bem como a Circumpolar Active Layer Monitoring Newtork (CALM), as quais fornecem dados para a Global Geocryological Database, usada pela comunidade científica que necessite de dados de terreno sobre o estado térmico do permafrost. Durante o Ano Polar Internacional (API), a IPA encetou um enorme esforço para desenvolver a rede antárctica de monitorização do permafrost e camada activa. Criou para isso dois core projects do API: The Thermal State of Permafrost (TSP) and Antarctic and sub-Antarctic Permafrost, Soils and Periglacial Environments (ANTPAS). Portugal participou nestes projectos através do projecto PERMANTAR – Permafrost and Climate Change in the Maritime Antarctic, que esteve na origem do projecto PERMANTAR-2. O principal objectivo do PERMANTAR-2 é contribuir para colmatar a escassez de sítios de monitorização da camada activa e do permafrost da região da Península Antárctica. Conjuntamente, pretende contribuir para melhorar o conhecimento das características e distribuição espacial do permafrost das Shetlands do Sul através de técnicas de modelação espacial e da instalação de uma rede para monitorização da dinâmica geomorfológica ligada ao permafrost, e como os processos são influenciados pelas alterações climáticas. As actividades centram-se em dar continuidade ao programa de monitorização iniciado, incluindo um upgrade significativo aos sítios existentes, de modo a permitir uma melhor caracterização do permaforst e da dinâmica da camada activa. O projecto inclui ainda a modelação espacial e cartografia do permafrost, bem como uma componente importante ligada à monitorização da neve a partir de dados de terreno e de imagens SAR. Além disso, seguindo as indicações da IPA para a implementaçãode uma rede para a monitorização do permafrost ao longo da Península Antárctica, novos sítios de monitorização serão instalados em colaboração com a Universidade de Wisconsin-Madison em Anvers Island, próximo da base norte-americana de Palmer, bem como na Península Antártica nas proximidades da base argentina Primavera. Na campanha de 2011-12 o projecto PERMANTAR-2 terá as seguintes actividades de terreno: - Ilha Livingston, Península Hurd - uma equipa do Centro de Geofísica da Universidade de Évora (António Correia e João Pedro Rocha), conjuntamente com o João Agrela (Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa - IGOT/UL), levarão a cabo a manutenção de sensores meteorológicos e de monitorização do permafrost, conduzirão levantamentos geodésicos de deformações do terreno e efectuarão ainda vários perfis de resistividade eléctrica para a detecção do permafrost. As actividades decorrerão na Base Antártica Búlgara St Kliment Ohridski, bem como num acampamento realizado em False Bay. - Ilha Deception - uma equipa com investigadores do Centro de Estudos Geográficos (IGOT/UL - José Miguel Cardoso), Universidade de Buenos Aires (Gabriel Goyanes) e Universidade de Fribourg (Antoine Marmy), levarão a cabo a manutenção de sensores meteorológicos e de monitorização do permafrost, conduzirão levantamentos geodésicos de deformações do terreno e efectuarão ainda vários perfis de resistividade eléctrica, bem como de sísmica de refracção para a detecção do permafrost. - Ilha King George - uma equipa de investigadores da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, liderada por Márcio Francelino, fará a manutenção de uma perfuração em permafrost instalada no início de 2011 e conduzirá ainda o levantamento geodésico de pontos sobre glaciares rochosos com o objectivo de monitorizar as taxas de deformação. - Ilha Anvers e Península Antártica (Primavera) - uma equipa de investigadores do CEG/IGOT-UL (Gonçalo Vieira e Alexandre Trindade) e da Universidade de Wisconsin-Madison (James Bockheim, Kelly Wilhelm e Nicholas Haus) levarão a cabo duas novas perfurações para monitorização do permafrost. Serão as primeiras perfurações para monitorização de longo-prazo situadas na região entre a ilha Deception e a ilha Adelaide. O Projecto PERMANTAR-2 é uma colaboração entre as seguintes instituições: - Centro de Estudos Geográficos, Universidade de Lisboa, Portugal - Centro de Geofísica da Universidade de Lisboa, Portugal - Centro de Geofísica de Évora, Portugal - Bulgarian Antarctic Institute, Sofia, Bulgaria - Departamento de Física, Universidad de Alcalá de Henares, Spain - Universidad de Buenos Aires, Argentina - Universidade Federal de Viçosa, Brasil - Université de Fribourg, Suiça - University of Wisconsin-Madison, USA |
Investigador Principal
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Gonçalo Vieira [homepage]
Assistant Professor, Head of AntECC Research Group. PhD in Physical Geography at the University of Lisbon and coordinator of AntECC (Antarctic Environments and Climate Change). His research interests focus in the geomorphodynamics of polar and mountain environments and the control of climate change. Gonçalo collaborates since 1999 in research projects in the Antarctic. He is Co-Chair of SCAR Expert Group on Permafrost and Periglacial Environments, national representative at the European Polar Board, national contact for the International Polar Year, as well as national representative at the International Permafrost Association and International Association on Cryospheric Sciences . |
Alexandre Trindade
Research Assistant. MS in Geography (Specialty in Physical Geography, Resources and Natural Hazards) at the Faculty of Letters of the University of Lisbon and researcher of the Centre of Geographical Studies. His research interests focus on Permafrost and climate change and Geomorphodynamics in permafrost environment. His MS focused on the thermal regime of the active layer and permafrost in the Hurd Peninsula (Livingston Island, Antarctica). He participated in the Antarctic campaigns of 2006-07, 2007-08 and 2008-09 in Livingston Island, integrated in the Bulgarian Antarctic Expedition. Alexandre is a member of the Permafrost Young Researchers Network (PYRN) and of the Association of Polar Early Career Scientists (APECS). |
Antoine Marmy
Investigador do Department of Geosciences, University of Fribourg, Suíça. |
João Agrela
Pós-graduado em Gestão do Território (Área de Especialização Ambiente e Recursos Naturais) pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas. Encontra-se actualmente a desenvolver tese de mestrado sobre a temática de conservação de solos e é bolseiro do grupo de Investigação AntECC - Antarctic Environments and Climate Change, do Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa. |
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