A CAMPANHA
PROPOLAR 2011-2012
Novembro de 2011 a Abril de 2012
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17 de Fevereiro
Finalmente chegámos à base americana de Palmer. Por volta das 6h da manhã acordámos com o barulho dos propulsores laterais, que são utilizados para atracar o barco ao cais da base. Após o pequeno almoço, o responsável da base foi ao barco para recebermos o primeiro breefing sobre as regras da base. Posteriormente tivemos uma visita guiada pela base, onde foram explicados os diversos procedimentos a ter em cada uma das áreas, ou consoante possíveis situações, principalmente as de emergência. A principio são muitas coisas para memorizar, mas à medida que os dias forem passando, estaremos completamente adaptados. A nossa equipa, vai continuar instalada no barco por mais uma semana, enquanto as restantes vão para a base amanhã. No entanto, foi-nos atribuído um laboratório na base, onde podemos aceder à Internet e realizar os últimos preparativos do nosso equipamento para o trabalho de campo. As instalações da base são espectaculares e bastante modernas, com alguns pequenos luxos que não existem em outras bases, como um ginásio ou uma sala bem equipada e muito confortável para ver filmes. Os laboratórios também são muito bons e com equipamentos de topo, para as diversas pesquisas. Quem quiser conhecer mais pormenores sobre a base por fazê-lo pelo seguinte link: http://www.usap.gov/videoclipsandmaps/palwebcam.cfm Amanhã, finalmente, iremos para o campo para fazer o reconhecimento da área onde procederemos à perfuração. Estamos ansiosos para iniciar os trabalhos... Alexandre Trindade, Base Palmer, Ilha Anvers Chegámos finalmente no dia 15 de Janeiro à Península Antártica. Depois de 4 dias de navegação, depois de atravessar o Estreito de Drake e o Estreito de Bransfield, já todos estávamos com vontade de ir a terra esticar as pernas e começar a trabalhar. O primeiro local em que desembarcámos foi em Caleta Cierva, onde se situa a Base Argentina Primavera. Pensávamos que a base estava encerrada, mas para nossa surpresa, não estava! Quando desembarcámos, pelas 20h30, fomos muitíssimo bem recebidos pelo chefe de base, o Capitão Ariel Quiróga, que nos mostrou a base e nos apresentou à equipa de 14 militares e cientistas que lá se encontram.
Segundo os nossos planos iniciais, 5 de nós iriam acampar a partir do início de Março próximo da base para desenvolver os trabalhos da 2ª fase do projecto. Escrevo "iriam acampar" porque, com uma enorme simpatia foi-nos oferecida a base para ficarmos instalados durante as 3 semanas de trabalho em Caleta Cierva, o que foi uma excelente notícia. Apesar da base já estar encerrada e sem ninguém no início de Março, fomos convidados a usar as instalações o que nos deixou a todos muito satisfeitos (mesmo a mim, que regressarei a Portugal mais cedo). A visita ao fim da tarde foi curta e serviu essencialmente para discutir os nossos planos para o dia seguinte, bem como os locais onde pensamos vir a fazer a perfuração. Vários biólogos que estavam na base aconselharam-nos em relação aos sítios com menor impacte sobre a fauna e vegetação. Combinámos regressar na manhã seguinte para, com o chefe de base, seleccionar esse local e estudar o caminho para carregar até lá os cerca de 400kg de equipamento para a perfuração. Selecionámos um afloramento rochoso a 170m de altitude, pelo que vai ser duro transportar tudo até lá desde a praia...preocupa-nos em particular um gerador de 80 kg, mas com calma e muito esforço, pensamos que será possível faze-lo. Provavelmente, poderemos contar com o apoio de pessoal do navio para nos ajudar no dia em que desembarcarmos, antes do navio zarpar. Cabe ainda referir que o dia foi ESPECTACULAR! A paisagem da Costa de Danco na Península Antártica é linda e este foi provavelmente o sítio mais bonito em que estive na Antártida. Fiz centenas de fotografias e só muito dificilmente consegui selecionar algumas que anexo no blogue. Para já é tudo... chegámos entretanto à base de Palmer e o Alex fará o próximo post. Gonçalo Vieira, Base Norte-Americana Palmer, Ilha Anvers. 14 Fevereiro de 2012
O meu nome é Alexandre e estou a participar na minha 5ª campanha na Antárctida. Sou aluno de doutoramento e membro do grupo de investigação AnteCC do Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa. O meu trabalho nesta região abrange a monitorização da camada activa e do permafrost e da geomorfodinâmica destes ambientes. Este ano esta campanha é especial para mim. Será a minha ultima até terminar o meu doutoramento, que será em 2015, que abrange a Serra da Estrela. Venho à antarctida desde de 2006, apenas com 1 ano de interrupção. Não será fácil ficar longe desta região que para mim é especial, e mudou muita na minha vida. Esta campanha também é a que estarei mais a sul (64⁰S), em que parte será na base americana de Palmer (17 dias) e posteriormente em acampamento em Cierva Point (3 semanas). O meu objectivo principal é proceder a duas perfurações, uma em cada local, com a profundidade de 16 metros. Estou bastante asnsioso para iniciar os trabalhos, visto que estamos a preparar-nos há cerca de 1 ano. Nas campanhas passadas realizamos 3 perfurações atingindo o maximo de 8 metros, mas este ano iremos utilizar uma perforadoura nova e com mais potência, onde esperamos conseguir atingir os nossos objectivos. Alexandre Trindade, Estreito de Gerlache. ![]() 13 de Fevereiro de 2012 Estamos já há algumas horas em pleno Drake. Aliás, para além das ondas de uns 7 metros, nota-se bem onde estamos pela disposição do pessoal. O oscilar forte e continuo do barco, que por vezes deve ultrapassar os 30 graus, dá cabo dos que enjoam e moi os que não enjoam, ou que enjoam menos. Ainda consegui trabalhar um pouco no computador, mas é muito difícil fazer qualquer coisa de jeito. Desisti. Vejo filmes, dou um salto à ponte, ajudo a decorar a sala de refeições com corações do São Valentim, não faço nada...espero. Uma animação! Ainda devemos ter mais um dia e meio disto até entrarmos no Estreito de Bransfield onde o mar costuma ser mais calmo. Depois, será a chegada à Antártida e começar a atacar o trabalho do projecto. Agora...vou ver mais um filme e dormir sacudido pelas ondas que fazem as minhas costas quase levantar do colchão. Estamos a receber as ondas de oeste e isso faz com que o navio abane mais. Gonçalo Vieira. ![]() Estamos finalmente no navio LM Gould a caminho da Antártida. Os últimos dois dias e meio foram passados em Punta Arenas a fazer os preparativos finais para a campanha. Todo o equipamento teve que ser revisto, fizemos algumas compras de última hora e passámos várias horas a arrumar tudo dentro de um contentor que vai cheio com o material do nosso projecto. Uma infindável tralha. Na 6ª feira de manhã estivemos também a verificar as tendas para o acampamento de Cierva Point, bem como a montá-las para que depois seja tudo mais fácil e rápido. Esta revisão em grupo é especialmente importante, pois em caso de necessidade de montar as tendas com mau tempo, é essencial que todos saibam o que fazer. Os projectos PERMANTAR-2 (Permafrost and Climate Change in the Maritime Antarctic) e ANT-6900673 (Impact of Recent Climate Warming on Active-Layer Dynamics, Permafrost, and Soil Properties on the Western Antarctic Peninsula) são parte de um consórcio que visa estudar o permafrost da Península Antártica. A campanha deste ano inclui-se em ambos os projectos e representa uma colaboração entre a Universidade de Wisconsin-Madison, e as Universidades de Lisboa (CEG/IGOT) e de Évora (CGE). No terreno, seremos 5 na nossa equipa. Dois portugueses: eu e o Alexandre Trindade, meu estudante de doutoramento; e três norte-americanos, o James Bockheim e dois estudantes de doutoramento seus, o Nick Haus e o Kelly Wilhelm. Os objectivos principais desta campanha são: a) a instalação de duas novas perfurações para a monitorização das temperaturas do permafrost (próximo da base norte-americana de Palmer e em Cierva Point); b) a instalação de novos sensores para a monitorização da camada activa e de uma nova estação meteorológica em Cierva Point; c) a recolha dos dados de sensores instalados no ano passado; d) a análise de perfis de solo. Basicamente, as tarefas distribuem-se em três etapas: - Reconhecimento do terreno em Cierva Point (16 de Fevereiro); - Trabalhos próximo da base Palmer (17 de Fevereiro a 5 de Março); - Trabalhos e acampamento em Cierva Point (5 de Março a fim de Março). Eu ficarei no terreno até ao acampamento, momento em que regressarei a Portugal. O meu tempo de campanha deste ano já começa a ser muito longo, depois dos trabalhos de Janeiro em Fildes e tenho compromissos lectivos no IGOT. O resto da equipa ficará acampada em Cierva Point durante 3 semanas e regressarão a casa no início de Abril. Para vários de nós, será a 1ª vez que vamos ao arquipélago de Palmer e à Península Antártica (Cierva Point), pelo que estamos bastante contentes com a possibilidade de conhecer novas paisagens, ainda mais geladas do que aquelas em que temos trabalhado até agora. O Estreito de Gerlach será certamente um dos highlights. Entretanto, vamos dando novidades. Gonçalo Vieira Navio LM Gould, Estreito de Magalhães, 12/02/12 ![]() Voo Santiago do Chile - Punta Arenas 9 de Fevereiro de 2012 Novamente no ar. Cerca de 24h depois de sair de casa, de passar por Madrid e Santiago do Chile, sigo novamente para sul. Estou a iniciar mais uma campanha antártica, depois de 10 dias em Lisboa. Foi uma pausa pesada, com muito trabalho acumulado. Passei longas horas a corrigir relatórios e exames dos meus cerca de 230 alunos deste semestre no IGOT. Ainda ontem em Madrid passei 3 horas a fazer as revisões finais nas pautas. Está quase tudo terminado, mas ainda me resta uma disciplina de mestrado, que espero encerrar neste fim-de-semana. Em Lisboa, foi muito bom aproveitar o tempo livre com a familia. Essencial interrupção entre duas campanhas. Agora sigo novamente para a Antártida. Desta vez, mais para sul, para a Península Antártica, uma região onde ainda nunca estive, e numa colaboração com a National Science Foundation e com o Programa Antártico Norte-americano. Os obrigatórios símbolos com pinguins do USAP que trazemos nas nossas malas, assim o comprovam. Voltamos a atacar o estudo do solo permanentemente gelado - o permafrost - na sequência dos trabalhos iniciados no ano passado. Trata-se de uma colaboração entre o projecto PERMANTAR-2, financiado pela FCT e que coordeno, e do projecto... Da NSF coordenado por James Bockheim da Universidade de Wisconsin-Madison. Mas quanto aos trabalhos do projecto, voltarei a eles mais tarde. Hoje, em Punta Arenas, espera-me ainda uma reunião com os restantes membros americanos da campanha e mais à noite, reune-se a nós o Alexandre Trindade, meu estudante de doutoramento que tem também já muita experiência antártica. Os próximos dois dias serão passados em Punta Arenas a tratar da logística da campanha. Rever o equipamento enviado através dos E.U.A. Em Novembro, selecionar vestuário e comida e, arrumar tudo num contentor que seguirá no domingo, conosco no navio LM Gould. |
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