A CAMPANHA
PROPOLAR 2012-2013
Novembro de 2012 a Março de 2013
PROPOLAR 2012-2013
Novembro de 2012 a Março de 2013
Estamos a bordo do navio oceanográfico espanhol Hespérides, na Baía do
Almirantado, ilha do Rei Jorge, já na Antártida. O Pedro e o Bruno do projeto Fishwarm acabaram de desembarcar para a base Arctowski debaixo de um nevão. A temperatura do ar é de -4.8ºC, valor um pouco baixo para esta época do ano, em que costumam estar valores entre -1 e 1ºC. Na Antártida Marítima, é assim o Verão. Curto, fresco e com amplitudes térmicas relativamente pequenas, sempre com temperaturas próximas de 0ºC. O voo DAP Punta Arenas - Aeródromo de Frei realizou-se ontem e correu muito bem. Depois de um atraso de cerca de 10 horas, devido ao mau tempo na Antártida, por volta das 17h30, saímos finalmente de Punta Arenas. A viagem é rápida. Em cerca de 2 horas, saltamos para o outro lado da mítica Passagem de Drake, o pior mar da Terra. De barco, a mesma viagem dura cerca de 3 a 4 dias e as ondas, como me aconteceu na minha primeira viagem à Antártida, em 2000, chegam a 12-14 metros. Pelo ar é muito mais confortável. O único problema são mesmo os frequente atrasos que a meteorologia frequentemente causa. Esperas de 3 a 4 dias, infelizmente, não são raras por estes lado. Por isso, tivemos muita sorte. No aeródromo de Frei encontrámos os portugueses que regressavam no mesmo voo: Pedro Pina do projeto HiSurf, João Canário e André Mão-de-Ferro, do projeto Contantarc-2. Foi bom reencontrá-los mais uma vez na pista de Frei à nossa espera. Mas praticamente não houve tempo para conversas, porque era preciso retirar a carga do avião e organizar tudo, para rapidamente embarcarmos no Hespérides que já estava à nossa espera na baía Maxwell. Este ano, com o voo português, o PROPOLAR transportou 109 cientistas e técnicos entre o Chile e a Antártida. Beneficiaram diretamente deste apoiom, os programas antárticos do Brasil, Bulgária, Chile, Espanha e Republica da Coreia, mas na verdade, as nacionalidades dos investigadores que voaram, foram ainda mais diversificadas, alargando-se a norte- americanos e neozelandeses. O navio começa de novo a abanar... estamos a sair da baía do Almirantado. Segue-se a largada de uma investigadora na base ecuatoriana na ilha Greenwich e, em princípio, ao final do dia, seremos nós na base búlgara na ilha Livingston. Gonçalo Vieira No terceiro dia na base e quase totalmente acomodados, já temos o sistema de tanques montado, as bombas e termostatos testados e estamos praticamente prontos para começar as experiências. Próximo passo será terminar de bombear a água e ir depois à pesca para termos inquilinos. Para isso estamos dependentes da boa vontade dos Polacos e das condições climáticas. O tempo parece que irá criar hoje ao fim do dia uma pequena janela em que a tempestade de neve poderá acalmar... agora falta convencer os Polacos que ir à pesca é divertido! Penso que não será difícil, pois a equipa da base até agora tem sido excelente no apoio prestado.
Bruno Louro e Pedro M Guerreiro Eram18.00h quando finalmente pudemos sair de Punta Arenas no voo do Propolar. Sobrevoar os fiordes mais austrais do continente americano e a passagem de drake. Depois de cerca de duas horas aterrámos em Fildes e é o reencontro e troca de abraços com as outras equipas portuguesas, mas rápido que o avião tem de voltar enquanto o tempo permite. Sopra um vento gelado e a visibilidade diminui rapidamente. Os carros do inach e da armada espanhola levam bagagens e dão-nos boleia e assim evitamos caminhar um km à chuva e ao vento. Já na praia vestimos os fatos de sobrevivência, uma aventura para quem tem pressa. É que temos de ser transportados rapidamente para o Hesperides e há apenas dois zodíacos para cerca de 30 pessoas e bagagens.
No navio, após as boas vindas do imediato e do capitão, somos distribuídos pelos camarotes. Há gente a dormir no chão porque não há lugar para todos... com os atrasos também nós temos de passar a noite a bordo e somos muito bem recebidos pelos elementos da Armada Espanhola. Navegamos toda a noite e estamos finalmente frente a Arctowski às 8 da manhã. Vestimos novamente o fato de sobrevivencia, despedimo-nos do Gonçalo e da Ana, que ficam mais uns tempos no navio, e descemos a escada de corda na amurada para chegar ao zodíaco. O nevoeiro baixou e começa a nevar sob um vento cortante. Na praia de calhaus somos recebidos pela figura alta de Marek Zielinski, o chefe da base nesta 37 expedição polaca, que nos dá as boas-vindas e se queixa do temporal. Há realmente muito mais neve que no ano passado e as montanhas e o campo de musgo junto à base estão cobertas de branco. Às 9 da manhã de 30/01/2013 chegámos à nossa casa para os próximos dois meses. Café quente é o que se segue. Pedro M Guerreiro e Bruno Louro Apesar de o trabalho de campo estar todo feito, temos ainda que tratar algumas amostras antes de fechar a mala e, por isso, aproveitámos a manha para peneirar algumas amostras de sedimento. Depois de almoço saímos da base para visitar a igreja Ortodoxa Russa, localizada no cimo de uma colina do lado da base Bellinsgausen. Uma vitrine informava que as madeiras da Sibéria que compõem a igreja foram transportadas de barco desde a Russia até King George, onde, em Fevereiro de 2004, ocorreu a cerimonia de abertura. Regressámos à base pois tínhamos uma tarefa da maior importância: fazer as sobremesas para o dia seguinte. O desafio da feijoada à portuguesa ficou marcado para domingo, por isso, decidimos adiantar trabalho na cozinha hoje. O João decidiu fazer uma mousse de ananás e eu, uma de chocolate. Só quando acabámos a tarefa é que me apercebi que deveria ter juntado o dobro da quantidade de ovos ao chocolate derretido. De qualquer maneira as mousses estão lindas! A ver vamos. 26/01/2013 Hoje era o grande dia em que a cozinha portuguesa ia ser posta à prova. A expectativa era grande e a nossa responsabilidade também. De Portugal vinham emails de um amigo do João, cozinheiro profissional, cheios de dicas. No entanto, era complicado fazer feijoada à portuguesa sem aqueles ingredientes portugueses. E em relação aos ingredientes chilenos, deixam alguma coisa a desejar. Por exemplo, não havia alho. Deitamos a mão à massa com o todo o vigor. O João passou uma eternidade a cortar pedaços de tarde enquanto o André tratava do resto. E assim se passou uma animada manhã na cozinha. Toda a gente lá ia espreitar e o peso da responsabilidade caía cada vez mais sobre nós. Mas pronto, modéstia à parte, foi um SUCESSO. Tal como no ano passado em Gabriel de Castilla, até nós ficamos surpreendidos. Estava excelente. Depois seguiram-se os aplausos, os parabéns e os pedidos de receita. Estávamos orgulhosíssimos.Parece que quando cozinhamos na Antártida é sempre um sucesso. A mousse de ananás estava muito boa também e a mousse de chocolate saborosíssima embora com a consistência das pastilhas gorila. E assim foi o domingo. Como ainda tivemos de lavar a loiça e arrumar a cozinha estávamos de rastos e não fizemos mais nada. 27/01/2013 E assim chegou o penúltimo dia de campanha. O tempo passou num ápice. Depois de peneirar as ultimas amostras de sedimento, empacotámos todas as restantes amostras e fechámos a mala juntamente com todo o nosso material de trabalho. Apesar das dificuldades surgidas pelo mau tempo, conseguimos alcançar os objectivos e levamos para Portugal cerca de 170 amostras cuja análise será feita nos próximos meses. Ao fim do dia, fomos dar um passeio pela praia da baía de Fildes, fizemos as últimas despedidas da ilha de King George e aproveitámos para tirar mais umas fotos dos pinguins que descansavam na praia. 28/01/2013 |
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