Nosso trabalho aqui é obter dados de referência para a campanha aérea, que terá lugar em Março com a nossa câmara hiperespectral. Colectamos espectros das principais espécies representativas no terreno, para construir uma biblioteca espectral que vai ajudar na análise das imagens aéreas. Usamos um espectrofotómetro de dois canais de fibra óptica, que medem a irradiância incidente ("downwelling", a partir do sol) e a radiação retrodispersa ("upwelling", da amostra e arredores), montado sobre um suporte especial que uniformiza as distâncias e ângulos de medição, com ajuda de um sensor inercial, GPS e camara RGB. Às vezes é uma tarefa difícil, devido ao vento e o ar gelado, e as condições do céu tem que ser as adequadas. Transportar todo o equipamento vários quilómetros através dos montes nevados pode ser bastante exigente. Mas o trabalho de campo na Antártida nunca foi suposto ser fácil ou confortável!
Julio Martín e Maria Calviño, Universidade de Vigo Depois de uma longa viagem, os investigadores do HOLOANTAR Jesús Ruiz e Marc Oliva já estão na cidade patagónica de Punta Arenas, no sul de Chile. Os investigadores já entraram em contacto com a equipa do Prof. Dr Andrés Zarankin, do Programa Antártico Brasileiro, que serão os nossos colegas no trabalho de campo em Ponta Elefante. A equipa brasileira vai trabalhar nos restos arqueológicos existentes neste pequena península livre de gelo da ilha Livingston, perto de Byers, onde analisaram os restos dos primeiros exploradores da ilha e dos comerciantes que exportavam produtos de baleias e focas.
A partida para Antártida está prevista para o dia 12 de Janeiro com um voo Hercules da força aérea brasileira. Para o Jesús vai ser a sua primeira campanha antártica, para o Marc será a quarta. A equipa está motivada para fazer uma grande campanha. Marc Oliva Chegamos à estação King Sejong após a longa viagem do costume desde a Europa até Punta Arenas na Patagónia chilena. O pessoal do INACH recebeu-nos com a sua simpatia e eficiência do costume. O voo para a King George foi à hora e com bom tempo. Estava mesmo solarengo quando chegámos (mesmo que por um curto tempo). Esperámos na estação chilena de Escudero até os coreanos nos pegarem de zodiac para atravessar a baía de Fildes até Barton. A travessia foi bastante molhada, com muito vento e ondas, mas estava engraçado ver o salpico das ondas se congelar no ar gelado. A recepção na Base King Sejong foi muito boa, a base é muito confortável e os nossos anfitriões são muito agradáveis.
Há um monte de neve, e muitos pedaços de gelo na baía, com muitos icebergs ao redor. Nestes primeiros dias estivemos a percorrer toda a península, para localizar os melhores locais de trabalho e nos familiarizar com o terreno, suas dimensões e forma. Isso significa uma grande quantidade de andar, principalmente na neve, subindo e descendo montes, mas também maravilhosas vistas das estranhas paisagens típicas da Antártida. Finalizado o reconhecimento prévio, chegou a hora de trabalhar: mais caminhadas e mais neve, mas desta vez com todo o equipamento nas costas... Julio Martín e Maria Calviño Barton, 10 de Janeiro de 2014 O verão antárctico chegou e o projecto HOLOANTAR continua a avançar.
Depois de meses de mudanças na planificação da campanha, dois integrantes do projecto HOLOANTAR irão a Península Byers (ilha Livingston, South Shetland Islands) a fazer trabalho de campo entre os dias 16 de Janeiro e 1 de Fevereiro. Marc Oliva (Universidade de Lisboa) e Jesús Ruiz Fernández (Universidade de Oviedo) saem de Europa no dia 9 de Janeiro em direcção Punta Arenas, onde chegarão no dia 10. Depois de dois dias para comprar as últimas coisas, o seu voo para o aeródromo antárctico de Frei está previsto para o dia 12. A logística será proporcionada pelo Programa Antárctico Brasileiro. Os investigadores do HOLOANTAR ficarão acampados até ao dia 1 de Fevereiro na Ponta Elefante, uma área sem gelo perto da Península Byers. Todos os dias o Marc e o Jesús vão ter que ir e voltar cruzando um domo glaciário até as bacias dos lagos de Byers em estudo . O objectivo desta campanha é conseguir realizar um estudo detalhado das bacias dos lagos Limnopolar, Escondido, Cerro Negro e Domo, nomeadamente cartografia geomorfológica e da vegetação, instalação de equipamento para monitorização da camada activa e condições climáticas actuais (temperatura, neve), amostragem de solos, etc. Os dados vão proporcionar um melhor conhecimento da dinâmica actual nos ecossistemas da Península Byers, a área livre de gelo com maior biodiversidade da Antártida. Está prevista a volta de Frei a Punta Arenas para o dia 4 de Fevereiro. Os investigadores irão actualizando as suas actividades no blog do PROPOLAR (www.propolar.org) e do projecto HOLOANTAR (www.holoantar.com) Aguardamos o vosso interesse! Marc Oliva, 7 de Janeiro de 2014 A campanha antártica do projecto HISURF2 vai arrancar muito brevemente com as suas actividades de campo na península de Barton, na ilha de King George (62ºS) do arquipélago das Shetland do Sul. Tal como o acrónimo indica, este projecto é a continuação do projecto HISURF que teve como objectivo principal iniciar a cartografia das zonas livres de gelo da Antártida a partir de imagens remotas e com um detalhe nunca antes obtido. As actividades planeadas para este ano dão continuidade aos trabalhos anteriores mas são também mais diversificadas, analisando por exemplo as características espectrais destas superfícies e amostrando os seus solos. É por isso necessário envolver mais investigadores e ter uma equipa mais multidisciplinar, numa colaboração entre o PROPOLAR e os programas e institutos polares do Brasil (PROANTAR), Coreia do Sul (KOPRI) e Chile (INACH).
Quanto à campanha do projecto HISURF2, ela decorrerá na íntegra na ilha de King George e será desenvolvida por 3 equipas que irão executar tarefas complementares. As equipas desenvolverão as suas actividades em períodos distintos, entre o início de Janeiro e meados de Março de 2014, e ficarão todas instaladas na base de King Sejong da Coreia do Sul localizada na península de Barton. A equipa de campo tem uma verdadeira dimensão internacional (nacionalidades portuguesa, espanhola e brasileira), viajando os seus membros desde o seu país natal até Punta Arenas, no sul do Chile, onde depois serão transportados por avião até à ilha de King George na Antártida. Depois, será ainda necessário ir da península de Fildes (onde se encontra a pista de aterragem) até à península de Barton (onde se localiza a base de King Sejong), fazendo a travessia de cerca de uma dezena de quilómetros da baía Maxwell em lancha rápida. A cooperação internacional com PROANTAR, INACH e KOPRI, assim como com as Forças Aéreas do Chile e do Brasil, tem também aqui um papel crucial. O voo português organizado pelo PROPOLAR será também utilizado pela equipa do HISURF2, num dos sentidos Punta Arenas-King George. Apresento em seguida as várias equipas de campo do projecto HISURF2 de uma forma breve. A equipa 1 é constituída pelo Julio Martín e pela María Calviño, ambos da Universidade de Vigo, e terá como actividade principal a obtenção das assinaturas espectrais das diferentes superfícies (solos, rochas, vegetação, água, neve, gelo) em muitos pontos da superfície de Barton, durante este mês de Janeiro. A equipa 2 será constituída numa fase inicial por mim e pelo Lourenço Bandeira, a que se juntará um pouco mais tarde o Gonçalo Vieira, e que terá como principal actividade a aquisição de imagens remotas com plataformas e sensores próprio, bem como a informação de campo (pontos de controlo) que permita o seu posterior processamento, e que decorrerá entre o início de Fevereiro e meados de Março. A equipa 3 tem como membros os nossos colegas brasileiros da Universidade Federal de Viçosa (Felipe Simas, Roberto Michel e Davi do Vale), que irão fazer a colheita de solos de forma a identificar as suas características químicas, físicas e mineralógicas e que permitirão efectuar a sua correlação com as imagens remotas captadas, e que decorrerão durante o mesmo período da equipa 2. Todas estas 3 equipas colaborarão também durante as campanhas com vários investigadores coreanos do KOPRI, em particular os das equipas lideradas por Soon-gyu Hong e Hyun-cheol Kim. Um projecto de investigação que necessita da colheita de dados no campo obriga sempre a um planeamento criterioso que, no caso de o campo ser antártico, tem ainda de ser mais minucioso e completo. O mais pequeno e normal equipamento ou material, como uma vulgar chave de parafusos ou um simples rolo de fita adesiva, não pode lá faltar quando é preciso, pois não haverá possibilidade de o ir buscar a casa ou a uma loja. A capacidade de haver sempre mais do que um membro da equipa para operar cada tipo de equipamento é também fundamental, não só para colmatar eventuais indisponibilidades, mas também para maximizar as saídas de campo, muito dependentes da meteorologia ou da boa vontade do São Pedro. Naturalmente que este treino, no caso do HISURF2, começou muito antes da campanha para, quando se estiver no campo, o risco de algo falhar seja mínimo. Entretanto, a primeira equipa de HISURF2 acaba de chegar a Barton e está já a instalar-se na base King Sejong para iniciar as suas actividades. O seu relato, certamente ilustrado com fotos das belas paisagens antárticas, será aqui publicado nas próximas 2 semanas e meia. Fiquem atentos! Pedro Pina Lisboa, 06 de Janeiro de 2014 |
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