No dia 13 de Janeiro à noite chegámos eu e a Rita à Base Búlgara em Livingston e fomos recebidos com emoção por parte da dotação. Para mim foi especial voltar a rever alguns dos membros com que partilhei grandes momentos antárcticos o ano passado. Devido ao mau tempo apenas no dia 15 nos foi possível ir até aos nossos locais de monitorização e recolher os sensores.
Esta é a minha 3ª campanha em Livingston e no primeiro ano em que estive em 2010, entre os nossos locais de monitorização e a base quase não havia neve, no 2.º ano em 2014, uma grande parte da área estava coberta por neve e este ano é sem dúvida o que mais neve registou desde que venho. Havia uma espessa camada de neve em quase toda a área sem gelo da área da Base Bulgara o que irá dificultar bastante algumas tarefas importantes desta campanha, nomeadamente os voos com o UAV e a monitorização da solifluxão com DGPS. Recolhemos os sensores de monitorização de temperaturas do ar, da neve, da superfície do solo e das perfurações, assim como da temperatura da rocha instalados o ano passado. Alguns dos sensores instalados na superfície do solo não foram recolhidos devido à enorme quantidade de neve e gelo. Seria necessário esperar algum tempo até que a neve fundisse para facilitar a retirada dos sensores. Entretanto, começou a precipitar neve com intensidade moderada o que impossibilitou fazer o download dos dados na estação meteorológica com o computador. Retirámos o cartão de memória da máquina fotográfica que efectua a monitorização da evolução da cobertura nival ao longo de todo o ano. Na base verificámos com enorme satisfação que o sistema tinha funcionado perfeitamente todo o ano e assim poderíamos ver de que forma a precipitação e acumulação de neve na área da BAB ocorre ao longo do ano. No dia seguinte estava um dia péssimo de ventos muito fortes com precipitação de neve e sem visibilidade quase nenhuma, de modo que foi um dia onde foi realizado todo o trabalho de laboratório necessário; foram descarregados os dados dos sensores recolhidos, reprogramados e preparados para serem instalados. Alice Ferreira e Ana Rita, 15.01.2015, Ilha Antártica de Livingston (Base búlgara St. Kliment Ohridski) No dia 10, a maior dificuldade seria subir a bateria carregada e tentar colocar em funcionamento o painel solar. Quando o sistema foi colocado a funcionar o painel não estava a carregar a bateria e a opção foi colocar um painel de menor capacidade da máquina fotográfica a funcionar com o grande painel, uma vez que o erro da máquina fotográfica não foi possível solucionar. Subi com o apoio dos militares argentinos até aos restantes pontos acima de 270m de altitude para instalar os restantes sensores nas perfurações superficiais. A paisagem é impressionante desde o topo; é possível ver a Calieta Escondida que nesse dia estava iluminada por sol parcial e a água estava parada e reflectia um espelho quase perfeito das pequenas ilhas na baía. À noite foi realizado então o batismo dos neófitos na Antártida e foi festa pela noite de sábado na base argentina pois no dia seguinte seria dia de descanso para os militares.
No Domingo foi dia de assado na rua apesar da constante queda de neve a temperatura rondava os 2º C e não havia quase vento algum. Pela tarde fomos pela última vez verificar o funcionamento da estação meteorológica. Partimos no Castillo para Deception cedo na manhã de 12 de Janeiro para deixar os 3 investigadores espanhóis e seguiriamos para Livingston onde me deixariam para continuar com as tarefas em Livingston. Alice Ferreira, 12 de Janeiro 2015, Ilha Anvers (Base argentina Primavera, Cierva Cove) No dia 7 de Janeiro embarcámos no Castillo à tarde e chegámos na madrugada de 8. A chegada à base argentina de Primavera era para mim sem qualquer dúvida emocionante, sendo que este seria o primeiro momento em que pisaria a Península Antárctica!! A viagem de zodiac foi longa devido à enorme quantidade de gelo que flutuava em redor da baia de Primavera. Éramos constantemente acompanhados por vários pequenos grupos de pinguins Gentoo que saltavam alegremente fora da água bastante próximos da nossa embarcação. Assim que chegámos à base, pelas 6h da manhã fomos recebidos calorosamente pela dotação militar argentina da base e com um pequeno almoço típico, “medias luas” acabadinhas de sair do forno!! A base Primavera é impressionante: está construída sobre pilares na rocha granítica e todos os edifícios são ligados por longas pontes de madeira.
Embora o mau tempo tenha atrasado o tempo de trabalho de campo em Caleta Cierva, os próximos 4 dias seriam sem dúvida intensos em trabalho. Assim que terminámos o pequeno almoço, eu e a Vanessa, investigadora espanhola, que estuda sísmicidade, fomos fazer a manutenção da sua estação que mede dados todo o ano. E pela tarde, eu e mais 2 cientistas espanhóis subimos até ao local onde estão instalados alguns locais de monitorização incluindo uma estação meteorológica e uma perfuração de 15m. A oportunidade de trabalhar em Calieta Cierva surge de uma colaboração com uma equipa americana que estuda criossolos na Antárctida liderada por James Bockheim. Quando chegámos à estação meteorológica, verificou-se que não estava a funcionar e que seria necessário descer a bateria e carregá-la e colocar o sistema de energia solar a funcionar correctamente. Também no mesmo local havia uma máquina fotográfica que realizava 3 fotos por dia para monitorizar a cobertura de neve. Fiz as ligações necessárias e o aparelho que realiza o disparo estava a dar um erro. Deste modo, retirei todo o equipamento da máquina fotográfica e levei para a base para poder avaliar os problemas e testar o seu funcionamento. No dia seguinte, preparei todos os sensores para colocar nas perfurações superficiais (<2m) em posições topográficas distintas e descarreguei os dados dos sensores. Pela tarde foram instaladas as cadeias de sensores que se encontravam abaixo dos 200m e com a ajuda dos militares foi recolhida a bateria da estação meteo para carregar. Foi também instalado um termonivómetro nessa área. Após o jantar houve algo como uma pré-festa de batismos na base Primavera. É tradição nas bases argentinas haver um batismo onde as pessoas que estão da perfuração de 15m pela primeira vez na Antárctida efectuam algumas provas definidas pelos mais veteranos em campanhas antárcticas. Alice Ferreira, 9 de Janeiro 2015, Ilha Anvers (Base argentina Primavera, Cierva Cove)
Despedi-me do navio espanhol Hespérides e dos meus companheiros de campanha, Pedro Pina e Ana Rita, e desembarquei em Deception no dia 5 de Janeiro. Embora seja a segunda vez que estou em Deception, continuo a ficar espantada com a paisagem desta ilha onde confluem processos de origem periglaciária e vulcânica. A minha primeira impressão deste ano em Deception foi a grande quantidade de neve existente.
Assim que cheguei à base espanhola de Gabriel de Castilla, encontrei o colega de projecto Miguel A.de Pablo que iria embarcar com a sua estudante de mestrado no Hespérides para irem até ao acampamento na Península de Byers. Tivemos então oportunidade de falar sobre alguns pormenores da campanha em Livingston, onde iriamos trabalhar em conjunto. Apesar de não estar planeada, existia uma tarefa a realizar num dos nossos mais importantes locais de monitorização do estado térmico do permafrost em Crater Lake (Ilha Deception). A verificação do estado de uma nova instalação realizada pelo investigador da Universidade de Buenos Aires, Gabriel Goyanes, um registrador automático da humidade do solo na camada activa, com sensores até 1m de profundidade. A camada activa é o solo que descongela sazonalmente. Pela manhã subi a Crater Lake com o apoio dos militares de Gabriel de Castilla para realizar a manutenção dos sensores de humidade do solo. À tarde seria necessário realizar o download dos dados para verificar se estaria tudo a funcionar correctamente. Devido ao mau tempo, o navio argentino Suboficial Castillo, que nos levaria a Calieta Cierva (Península Antárctica), não pode recolher-me e a mais 3 investigadores espanhóis. Seria necessário esperar que a tempestade passasse. No dia seguinte foi impossível sair da base devido à tempestade e apenas no dia seguinte, realizei a última verificação da instalação de datalogger em Crater Lake. Alice Ferreira, 06.01.2015, Ilha Antártica de Deception (Base espanhola Gabriel de Castilla) Ao fim de uma longa semana em viagens chegamos finalmente à Antártida, a viagem apesar de longa decorreu de forma tranquila. O mar na passagem de Drake esteve calmo o que facilitou muito. O barco esteve hoje ancorado na baía de Deception e neste momento já estamos a partir rumo a Livingston. Amanhã de manhã, dia 6 de Janeiro, eu e o Pedro Pina iremos descer para a base Búlgara de St. Kliment Ohridski, em Livingston. A Alice ficou hoje na base Espanhola Gabriel de Castilla e seguirá amanhã no navio Argentino Castillo para Caleta Cierva, onde irá realizar manutenção de equipamento e recolha de dados. Estou pela primeira vez na Antártida e a paisagem supera todas as espectativas criadas, o contraste entre o solo escuro e o branco da neve é simplesmente único. Em meu nome e da equipa agradecemos a toda a tripulação do barco BIO-Hespérides pelo apoio e todas as atenções prestadas. Agora resta esperar pelo desembarque na praia Búlgara e o começo do trabalho. Ana Rita, ao largo de Deception Island, 5 de Janeiro de 2015
Já recebemos ‘formação’ sobre regras de segurança e procedimentos de evacuação, com uma componente prática de como, por exemplo, vestir os fatos protectores ou de como utilizar os botes salva-vidas. O resto do tempo tem sido passado a trabalhar, arrumando alguns assuntos que tinham ficado pendurados à saída de Portugal, a rever o planeamento da nossa campanha ou simplesmente a conversar com os outros investigadores que viajam no Hespérides sobre as suas campanhas, descobrindo assuntos desconhecidos e também pontos de contacto muito interessantes entre especialistas de formações tão diversas (biólogos, geólogos, geógrafos, químicos ou engenheiros) que poderão dar até lugar a colaborações futuras. O ambiente é excelente, sente-se que há grande expectativa em todos estes investigadores para rapidamente entrarem em diferentes sítios do terreno antártico (ou no oceano antártico, porque alguns não sairão sequer daqui do navio para desenvolver as suas actividades). Os 57 investigadores que aqui vão são na sua maioria oriundos de Espanha mas, para além de nós os 3 de Portugal, há também mais nacionalidades, sem ser exaustivo, da Argentina, Japão, Itália, entre outras que ainda nao consegui saber. Este ano consegue-se com alguma paciência aceder à net, somente para enviar emails de texto. E consegue-se usar, como se em casa estivéssemos, o WhatsApp para troca de mensagens com o mundo fora do Drake (não estão por isso isolados…). E como toque final, uma palavra de apreço para a disponibilidade total da tripulação para nos ajudar no que tem sido pedido e pela excelente cozinha do Hespérides. Temos comido muitíssimo bem! Pedro Pina Algures no Estreito de Drake, 03 de Janeiro de 2015 Pois é, cá estou eu de novo outra vez. Começo por me reapresentar, o meu nome é Pedro Pina, sou investigador do Centro de Recursos Naturais e Ambiente do Instituto Superior Técnico (CERENA-IST) e estou com a Alice Ferreira do Centro de Estudos Geográficos do Instituto de Ordenamento do Território (CEG-IGOT) e com a Ana Rita Reis do Instituto Dom Luís da Universidade de Lisboa (IDL-UL) no Sul da Argentina em Ushuaia para embarcarmos amanhã, dia 2 de Janeiro de 2015, para a Antártida. Iremos no navio oceanográfico espanhol Hespérides, fazendo a travessia do estreito de Drake rumo à ilha Livingston. Se o mar estiver relativamente calmo, a sua travessia deverá durar cerca de 3 dias, caso contrário, será certamente um pouco mais.
Ficaremos instalados durante a campanha na base búlgara de St. Kliment Ohridski na península Hurd. Na chegada a Livingston desembarcaremos só eu e a Rita, continuando a Alice no navio durante cerca de uma semana mais para recolher dados e fazer a manutenção de equipamento que está instalado noutros locais, relacionado com a monitorização do permafrost nesta região da Península Antártica por equipas portuguesas, integrando no GTN-P-Global Terrestrial Network for Permafrost. Após este período a Alice irá também para Hurd para a base de St. Kliment Ohridski. Tarefas similares de recolha de dados e de manutenção de equipamento serão também desenvolvidas em Hurd, assim como será efectuada a medição de deslocamentos de vertentes e de um glaciar rochoso. Por outro lado, serão captadas pela primeira vez na península de Hurd imagens remotas de muito elevada resolução, utilizando o nosso drone Suzanne Daveau, que permitirão obter a cartografia da superfície e modelos de terreno com detalhes nunca antes obtidos. As expectativas para realizarmos uma boa campanha são naturalmente elevadas, apesar de sabermos bem as partidas que o tempo nos poderá provocar. Para já a equipa está praticamente pronta para a iniciar pela sempre imprevisível travessia do Drake! Pedro Pina Ushuaia, Argentina, 01 de Janeiro de 2015 Después de una dura campaña, llegamos al final de la misma. Este ha coincidido con la Noche Buena. Pese a tratarse de un día especial, debido a una demora que sufrimos con el software del logger de humedad, por la mañana decidimos ir al sitio CALM-S Crater Lake a darle arranque a las mediciones e impermeabilizar parcialmente el instrumental hasta la llegada de la segunda fase de nuestro grupo de trabajo a la isla.
Al alcanzar el final de nuestra estadía decidimos hacer un balance de la campaña. Pese a las condiciones climáticas adversas y la gran cantidad de nieve presente, se pudieron realizar la totalidad de las tareas programadas. Esto nos permitió continuar tanto con el monitoreo térmico del permafrost como el del movimiento de laderas, los cuales comenzaron hace ya varios años, dándole continuidad a los mismos. Los únicos puntos negativos fueron la rotura de la cámara fotográfica automática en el sitio CALM-S Irizar y la imposibilidad del retiro de los sensores del sondeo localizado en el sitio Refugio Chileno, conteniendo este último aun los datos térmicos del año 2013. En este último resumen aprovechamos y agradecemos al personal militar del Ejército de Tierra de la Base Española “Gabriel de Castilla” sin quienes nuestros trabajos no podrían haberse realizado. Asimismo agradecemos al personal del buque BIO Hespérides quienes nos trasladarán otra vez a casa, sabiendo que esta primera fase del Proyecto PERMANTAR-3 ha sido satisfactoria. Gabriel Goyanes
Aprovechando que la velocidad de los vientos ha descendido en los últimos días, aunque no así lo han hecho las temperaturas bajas, decidimos comenzar a realizar las mediciones del movimiento de laderas (soliflucción) en el sitio de monitoreo Irizar, Abanico Irizar y Crater Lake.
PERMANTAR 3 - Deception: En el Refugio Chileno, buscando los sensores abajo 1,30m espesor de nieve19/12/2014
Ya nos quedan pocos días en la isla y por suerte estamos cumpliendo con las tareas programadas pese a la pérdida de tiempo que conlleva el hecho de tener que quitar grandes espesores de nieve antes de realizar nuestro trabajo de mantenimiento de los equipos.
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