22.02.2015 O HISURF 3 está em final de campanha. O que significa que a pressão para terminar o máximo de tarefas propostas aumenta em função do tempo que falta para nos irmos embora de Barton. Nos últimos três dias não pudemos voar o nosso drone. O tempo não permitiu, além de que ainda tínhamos que instalar um conjunto de sensores de temperatura para recolha de dados necessários ao meu estudo com o objectivo de realizar a caracterização microclimática desta península. Assim, na sexta-feira dia vinte, depois de programar os sensores para a recolha de dados para um período de um ano, subimos ao planalto nosso conhecido onde o eBee teve o problema à aterragem na sequência da degradação do sinal de GPS e tratámos instalar dois sensores, um da temperatura do ar e outro da temperatura do solo o que permitirá conhecer os regimes térmicos do solo e os efeitos da neve sobre este, além de que comparando a temperatura do ar neste local com outro num local com menor elevação, permitirá obter valores regionais de gradiente altitudinal. Dizer é mais fácil que fazer; todo o solo em redor do local escolhido para a montagem do sensor da temperatura do ar é basicamente constituído por calhaus e escavar 30 centímetros para poder assentar o mastro onde está colocado o sensor não é tarefa fácil nem rápida. O desafio seguinte é escorá-lo com corda de nylon de modo a que as estacas fiquem inseridas solidamente no chão e esperar que as skuas não se sintam especialmente atraídas por estes objectos estranhos. Perto deste ficou um sensor de temperatura do solo enterrado a cerca de 1cm da superfície. No sábado aproveitámos o mau tempo para organizar dados do drone e ultimar a apresentação que eu e o Lourenço tivemos que fazer nesse dia inseridos num seminário organizado pelos nossos anfitriões coreanos em que todos os projectos científicos em curso foram apresentados pelos seus responsáveis. Chegados a domingo o dia amanheceu com um tempo muito hostil, vento e neve que não convidavam a grandes actividades exteriores no entanto, ainda tínhamos que instalar outro conjunto de sensores de temperatura e ir recolher o tripé do DGPS que se encontrava instalado no alto da vertente na entrada no vale no sopé do monte Sejong. Resumindo, o local de instalação destes sensores era num interflúvio não distante da base, e lá chegar não foi tarefa complicada. Pelo contrário, esta operação, com tudo o que implicou, de cavar um pequeno buraco, instalar o mastro e escorá-lo, foi sem dúvida o momento mais penoso destas três semanas que aqui passámos, pois com o vento as mãos gelavam e a dor impedia os movimentos no meio do pequeno blizzard que parecia querer impedir o nosso trabalho; ou então era só uma forma delicada deste Continente nos dizer que a dureza deste clima não deve ser encarada de ânimo leve. Regressámos esgotados para o almoço e em seguida lá fomos buscar o tripé. Pois durante este trajecto o vento caiu, as nuvens tornaram-se mais diáfanas e o Sol pôde espreitar por debaixo destas, tornando o final do nosso último dia de trabalho planeado em Barton, mais alegre em preparação da despedida. No fundo esta variabilidade climática é característica desta região tão influenciada pela proximidade do mar austral. Depois foram algumas horas pela noite dentro para empacotar os materiais e arrumar os sacos para a possível partida no dia seguinte, caso a meteorologia permita. Mas isso será outra história... João Branco, Ilha King George Os comentários estão fechados.
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