As campanhas na Antarctida caracterizam-se sempre pela possibilidade do imprevisto. Quem participa nestas campanhas, dadas as distâncias a percorrer desde Portugal, os vários meios de transporte utilizados para chegar ao local de trabalho de cada um e os imponderáveis do clima sempre muito instável a estas latitudes, tem que estar preparado para modificar e adaptar a calendarização estabelecida antecipadamente. Este ano, contudo, ocorreu um conjunto de eventos que levaram a alterações significativas no planeamento executivo da nossa campanha. Ontem, depois de finalmente termos conseguido atravessar o Drake no avião da DAT - 3 dias depois do previsto – e ter entrado no navio militar chileno Aquiles, fomos confrontados com a notícia de que o atraso que o Aquiles levava devido a ter esperado pelas pessoas que vinham no voo e o facto de a base chilena de Yelcho ser obrigada a fechar mais cedo que o planeado, somente teríamos algumas horas no dia seguinte para levar a cabo o trabalho que aqui nos trouxe, voltando de novo ao Aquiles. Durante a noite e a manhã do dia seguinte preparámos os sensores a instalar e eu pedi ao João Canário e a Ana Padeiro, que nos acompanham no Aquiles com destino a Deception, para nos ajudarem no trabalho rápido que teríamos que fazer na ilha de Amsler. Os preparativos para a descida nas zodiacs do Aquiles são demorados mas a segurança é sempre um imperativo essencial. Saímos um pouco depois das 12:00 (hora local), primeiro em direcção à base americana Palmer onde vamos buscar um PC que nos vai ajudar na recolha de dados. A base Palmer aparenta ser muito acolhedora mas infelizmente não temos tempo para nos demorarmos aí. Somos recebidos pela chefe de base Carolyn Lipke que muito amavelmente nos oferece um café. Atravessámos de Zodiac os 500 metros que separam a base da ilha de Amsler em poucos minutos. Aqui chegados, dirigimo-nos à Estação Climatológica onde deixamos a Inês e a Ana a recolher os dados de temperatura, vento e precipitação, enquanto eu e o João subímos ao topo para inspeccionar a perfuração profunda e tentar instalar aí sensores para monitorizar a temperatura do solo ao longo dos próximos 12 meses. Ainda havia outras pequenas tarefas menos importantes mas a brevidade da estadia na ilha não nos permite completa-las. Voltamos ao barco exaustos mas satisfeitos com o trabalho realizado.
Mário Neves, algures nos mares do Sul a quase 65 S, 3 de Fevereiro de 2015. Os comentários estão fechados.
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