Esteve para ser adiado devido a um problema técnico no avião da Força Aérea do Chile, mas o nosso voo de Punta Arenas para a Ilha do Rei Jorge acabou por realizar-se no dia previsto, 19 de fevereiro, num avião da companhia de aviação DAP fretado pelo Instituto Antártico Chileno (INACH). Às 21h00 do dia anterior fomos informados de que teríamos de estar às 06h30 frente à sede do INACH, de onde seguiríamos todos para o aeroporto. Com este ‘todos’ quero dizer a equipa de reportagem da SIC, o novo chefe da base chilena de Julio Escudero, Javier Arata, investigadores de vários países incluindo os dois portugueses do projeto Geoperm, Pedro Ferreira, do LNEG, e Patrícia Azinhaga, da Universidade de Coimbra, e cerca de 20 estudantes chilenos vencedores de um concurso nacional que premeia trabalhos bibliográficos e experimentais sobre a Antártida. Embarcámos juntamente com um grupo de turistas norte-americanos e ingleses que vinham passar o dia à Ilha do Rei Jorge, “a baixa de Manhattan da Antártida”, nas palavras da guia turística, uma professora universitária chilena, antiga investigadora que passou largas temporadas na Antártida a estudar os pinguins. Ao longo das cerca de duas horas e 10 minutos, a guia foi dando informações e alertando para a necessidade de reduzir ao mínimo o impacto na ilha. Da Antártida nada se pode levar para casa como recordação a não ser fotografias. “Não levar recuerdos, nem mesmo uma pedra.” O turismo para a Antártida é uma atividade em crescimento, com mais de 37 mil visitantes ao ano, e os chilenos vêem-na como importante fonte de receita. Aterrámos na Ilha de Rei Jorge - a uma das mais movimentadas da Antártida, com bases de países tão diferentes como o Chile, a Rússia, ou a Coreia do Sul - numa manhã quase sem vento e com temperatura muito amena (a rondar os zero graus) para esta região do Planeta. À tarde acompanhámos os investigadores Pedro Ferreira e Patrícia Azinhaga no reconhecimento do terreno para o projeto de cartografia geológica e litológica que pretendem aqui desenvolver. Antes do almoço já tínhamos aproveitado para fazer imagens da baía de Fildes, onde elementos da Marinha do Chile com mergulhadores tentavam recolocar um ponto de ancoragem para embarcações, perdido devido ao mau tempo dos últimos meses. Um dos botes de borracha aproxima-se de terra. Apresento-me e digo que estamos a fazer uma grande reportagem sobre a ciência na Antártida. O Sargento Canto explica-nos que por aqui todas as operações militares são pacíficas. Vai apontando em várias direções: aqui são as bases chilenas, da Marinha e de Julio Escudero, além a da Rússia, do outro lado da baía a do Uruguai e da Coreia do Sul. Uma carrinha enorme passa por nós e pára logo a seguir. Meto novamente conversa mas fico apenas a saber o nome: Vladimir, e o país de origem: Rússia. Não “habla español” nem “speak english”. Sorrimos à mesma e apresento-me a mim e ao repórter de imagem da SIC: Carla Castelo e Filipe Ferreira. Jornalistas. De Portugal. Carla Castelo e Filipe Ferreira, Base de Julio Escudero. Ilha do Rei Jorge, 20 de feveiro de 2015 Os comentários estão fechados.
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