A CAMPANHA
PROPOLAR 2012-2013
Novembro de 2012 a Março de 2013
PROPOLAR 2012-2013
Novembro de 2012 a Março de 2013
Quem manda aqui é o tempo que hoje nos obrigou a ficar na base durante todo o dia. Não havia impedimento do chefe da base para sair, mas o vento forte permanente, à volta dos 60 km/h, primeiro ainda com um pouco de sol, mas depois com um nevoeiro que permite uma visibilidade reduzida, tornaram impossível a execução das nossas tarefas na rua. Mas se hoje tivesse sido dia de irmos embora teríamos cá ficado em Barton, pois as zodiacs não puderam operar, e não teria sido possível fazer a travessia da baía até Fildes. Pareceu-nos que a grande maioria dos outros investigadores que aqui estão em King Sejong também não saiu daqui. Foi pois dia de secretária, agarrados ao computador, a continuar a organizar e pré-processar os dados captados nos dias anteriores e que nos vão ser úteis para orientar as tarefas dos próximos dias. Mas dias como este permitem-nos também descansar e recuperar fisicamente. Partilhamos a ampla sala onde estamos instalados com um escritor coreano, convidado do KOPRI-Instituto Polar Coreano, que está aqui a escrever um livro. Não conseguimos perceber de que tipo de livro se trata, pois ele não fala inglês, mesmo nada, e nós não conseguimos ler os caracteres coreanos no ecrã do computador dele...Mas penso que a paisagem e as musas antárticas devem ser uma excelente inspiração para o trabalho dele. Por outro e se por um lado o dia de hoje foi sossegado, existe também alguma inquietude por o trabalho de campo estar parado e não avançar, pois nunca se sabe como vai estar o tempo nos próximos dias e quão tudo se pode atrasar. Mas é preciso manter um optimismo quando pensando que, por estarmos a entrar pelo verão austral adentro, dias melhores virão. Mas entretanto, com o nevoeiro a ficar cada vez mais denso, ainda é capaz de nos aparecer para aí o D. Sebastião.
Pedro Pina, 19 de Janeiro de 2013, Ilha de King George A rotina de ir amostrar o rio que corre junto às estações Russa e chilenas foi cumprida de manhã. Quando chegámos à base tratámos as amostras e preparámo-nos para ir à ilha de Ardley. Esta ilha, situa-se muito próxima da península de Fildes, e contém uma curiosidade interessante: durante a maré baixa, o mar deixa a descoberto uma língua de sedimento marinho que permite passagens por terra entre a península de Fildes e a “ilha” de Ardley. Assim, partimos logo a seguir ao almoço a fazer pontaria com a maré baixa. Ao chegar ao local de passagem entre as duas ilhas, acontece que a passadeira de areia até Ardley não deu todo o ar da sua graça (ver foto). Isto porque as marés baixas durante esta semana, afinal, não são assim tão baixas. São, digamos, marés médias. Estivemos por isso de voltar para a base e tentar ir de zodiac. Havia duas opções a escolher: ir pela estrada, um caminho mais longo, mas mais seguro e definido; ou fazer corta mato, neste caso corta neve, através da costa e atravessando os desfiladeiros do cabo da baía de Fildes. A opção escolhida foi a segunda (íamos com outros investigadores), o que permitiu, sem dúvida, as melhores fotos. Quando regressámos à base, partimos de imediato de Zodiac (barco semi-rígido) para a ilha de Ardley. Fomos recebidos por colónias de pinguins a perder de vista. Uns andavam pela ilha, outros estavam no ninho a aconchegar as crias com a barriga, outros estavam simplesmente nas rochas a curtir o ar fresco da Antártida. Era um cenário deslumbrante, e sentimo-nos uns felizardos por podermos observar, ainda que por momentos, a vida daquelas aves fascinantes. Equipa Contantarc 2, 17 Janeiro 2013, Ilha King George, Antártica Hoje o dia esteve praticamente sem vento, mas nevava suavemente. Quase toda a electrónica do nosso hexacóptero está protegida para que seja impermeável, mas existem algumas fragilidades, pelo que não podemos arriscar. Assim sendo foi um dia passado a analisar parte dos dados de campo recolhidos no dia anterior; a compor, ainda de uma forma grosseira, alguns mosaicos de imagens e a preparar no topo de um monte a estação base para o levantamento com o DGPS. Entrámos hoje na segunda semana da estadia e percebemos duas coisas: a primeira, é que o reportório do alarme musical das refeições não é nada variado; e a segunda é que por muito boa que seja a comida coreana, já nos apetecia um bacalhau à braz (e sem picante por favor!).
Reportório do alarme musical das refeições em King Sejong Station (identificado por Pedro Pina): Journey – Separate Ways (Worlds Apart) Metallica – Nothing Else Maters Queen – Save Me / Bohemian Rhapsody Adele – Set Fire To The Rain … e música clássica (ainda) desconhecida Lourenço Bandeira, 17 de Janeiro de 2013 De manhã cumprimos a nossa rotina diária de recolha de amostras no rio perto das bases chilenas e russa. Por volta da hora do almoço, pela primeira vez no projecto CONTANTARC, vimos o sol na Antártida. Era o mesmo sol que se vê em Portugal ou no Chile, mas desta vez, a sua luz e calor foram recebidos com um carinho especial por todo o pessoal na base. De repente, tornou-se um dia esplendoroso e o timing não podia ser melhor porque durante a tarde tivemos muito trabalho para fazer. Instalámos 4 dispositivos DGT nas águas da baía de Fildes e logo de seguida caminhámos até à baía Grande Muralha, perto da base Chinesa, para retirar os dispositivos DGT instalados nesse local 2 dias atrás. Infelizmente não encontramos um dos dispositivos, e teremos que voltar a este local mais tarde. De qualquer forma, a tarde solarenga revelou-se muito produtiva.
Antes de jantar e como era quarta-feira tivemos quatro apresentações científicas. Duas por chilenos e duas por chineses. Ficámos com a certeza que, senão a totalidade, a maioria dos investigadores aqui em Fildes são biólogos. Equipa Contantarc 2, Ilha King George, 16-01-2013
Viémos almoçar à base para carregar as baterias, as nossas e do helicóptero, mudámos as nossas tralhas de trabalho para um gabinete espaçoso noutro módulo da base, e voltámos novamente entusiasmados para o campo para mais voos. A qualidade das imagens é excelente e estamos a conseguir obter resoluções milimétricas (o tamanho da superfície que corresponde a cada pixel) com voos controlados a cerca de 10 m de altura, o que permite identificar perfeitamente cada líquene, pequeno musgo ou pequena pedra. Regresso à base para novo carregamento, com a intenção de voltar a sair novamente depois do jantar. Mas afinal não chegou a ser de sol a sol. Primeiro porque o dia aqui nesta altura do ano tem cerca de 20 horas e depois porque o vento se pôs a soprar com alguma intensidade. Ficámos no laboratório a processar a informação dos voos de forma a colar as imagens para compôr um mosaico, usando algoritmos de processamento de imagem próprios para isso. É pois com muito gosto que colocamos hoje e aqui no blog um exemplo do tipo de imagens que estamos a obter (as 2 imagens no canto superior esquerdo são ampliações que mostram o detalhe até onde se consegue ir, neste caso até melhor do que a tampa da garrafa de água) . Mas atenção que as imagens aqui colocadas não são as originais, pois têm de ser degradadas para não ocuparem tanto espaço e não bloquearem os browsers quando visitamos a página do PROPOLAR.
Pedro Pina, 16 de Janeiro de 2013, ilha de King George Copiamos informação que nos chegou!
"A Catarina já está na Antártica. Chegou há uns dias à base Scott e tem estado nestes dias em treinos intensivos para ir para o acampamento no Vitoria Valley. Tem o voo por helicóptero para o acampamento marcado para hoje, dia 15 de Janeiro." Ficam aqui algumas fotos!" Parece que tive sorte! MUITA SORTE!!!! A minha chegada à Nova Zelândia, em Wellington, foi brindada com um sol radioso. Na verdade, segundo os meus amigos locais, os meus primeiros 4 dias em Wellington foram dos melhores de todo o Verão. Sol, nada de vento (algo verdadeiramente notável nesta cidade que também é conhecida como “a cidade do vento”) e um calor que só apareçe buscar a mochila e ir explorar este lindo pais. No meu segundo dia, lá tive de ir dar um mergulho, durante a hora de almoço com alguns dos meus colegas da NIWA...se estás em Roma, faz o que todos os Romanos fazem!
Ao chegar ao aeroporto para apanhar o avião, a minha percepção do bonito modo de viver na Nova Zelândia revelou-se mais uma vez. O check-in é feito automaticamente por nós, ninguém verifica a tua mala (e isso de vasculhar tudo por liquidos com mais de 100 ml não existe), ninguém verifica a tua identificação nem o peso da tua mala. Literalmente basta teres o bilhete e é só entrar no avião. ADORO-TE NZ! Quando o avião se fez à pista o vento era já muito intenso. Felizmente tinha uma local comigo que me disse que nem estava muito mau: “não te preocupes! Esta sensação de que o avião se vai despistar ou cair só dura mais 10 minutos.” Estão a imaginar a minha cara quando ela disse isto...“MAIS 10 MINUTOS!!!!”. O avião abanava como um carrocel num Domingo de dia de Feira de Maio. Uns dias mais tarde, um colega nosso que veio a Wellington nesse mesmo dia , me disse que aterrar foi nos limites, e confirmado pelos pilotos.... eu bem sabia! Christchurch é uma linda cidade na ilha do sul (que com Auckland e a capital Wellington reune metade da população de pouco mais de 4 milhões de pessoas), que surgiu por volta dos 1850´s. A destruição dos terramotos há 2 anos (vai fazer o segundo aniversário do mais forte a 22 de Fevereiro) teve um impato MUITO grande na cidade mas nota-se a grande vontade de toda a comunidade desejar voltar à sua vida normal. E nota-se todos os dias em pequenas coisas. O centro da cidade possui contentores com um design muito interessante para substituir os inumeros edificios destruidos. São mais de 10 000 casas e edificios que precisam de ser destruidos e reparados, desde bancos, a edificios da Universidade, tudo... é mesmo impressionante o impato que os terremotos causaram. As empresas construtoras têm trabalho para 10-15 anos, segundo alguns cálculos!!!
Os dias fabulosos em Christchurch foram super intensivos com as aulas e reuniões com as equipas científicas locais. Estar com Daniela, David, Clyde, Paul, Lou... foi um privilegio... Agora está a chover mas para mim, o que já vivi aqui, se compara a muitos dias de sol! Venha de lá mais trabalho! José Xavier, Christchurch, Nova Zelândia, 15 Janeiro 2013 It seems that I was lucky! I arrived in Wellington on a sunny day. Indeed, my first 4 days were classic: sunny, no wind, just perfect sunny days. My locals friends spent their time warning me that “Wellington is known as the windy city, so be ready; this is not always like this!”. On my second day I had to go for a swim. 18 degrees celcius felt pretty nice! On my 4th day, I had to go to Christchurch to give some lectures at the University of Canterbury. Flying in New Zealand is far more relaxed than in Europe; no need for ID´s, you take care of your own bag, just nice and efficient! Loved it! Really good fun taking off from Wellington on a windy day. The person next to me told me not to worry as “this feeling of the plane going down and clash will only last for more 10 minutes or so!!!” Imagine my face;))) Christchurch is a beautiful city whose people is doing their very best to overcome the effects of the earthquake two years ago. In the city centre is still a way far from becoming what it was but they are in the right direction. The post-graduate course students were highly enthusiastic and eager to learn more and more. It was nice to give a general lecture to the general public in which Catarina, another Portuguese polar scientist who was going to the Antarctic the following day, attended my lecture. Happy trip Catarina! Overall, there were busy days in Christchurch but highly productive. Being with Daniela, David, Clyde, Lou...was a privilege...it is raining now but for me, for what I lived already here, it compares to many sunny days! Work is waiting now... Nos últimos dois dias praticamente não nevou nem choveu e o vento esteve por vezes um pouco distraído soprando pouco. Foi a altura ideal para pôr o helicóptero a voar, conseguindo-se efectuar o seu controlo quase na perfeição, executando trajectórias correctas sem grandes preocupações. Já sabíamos, mesmo antes de virmos, que as condições ambientais antárcticas extremas, mesmo que mais suaves no verão, seriam um factor condicionante para a execução desta tarefa. Estamos a confirmar agora no terreno que elas tornam impeditiva a sua realização acima de determinado limiar, principalmente a força dos ventos, que não só não permite a captura de imagens de boa qualidade como põe seriamente em risco o próprio equipamento.
Aproveitámos também para fazer trabalho de gabinete e acabar de tratar alguns dos dados que tínhamos captado no campo relativamente aos percursos efectuados nas nossas saídas de reconhecimento nos dias anteriores. É importante georreferenciar correctamente as regiões mais interessantes para efectuar os voos e realizar localmente o reconhecimento pormenorizado de cada tipo de superfície (solos, rochas, musgos, líquenes, água, gelo) e ter a garantia que não caem dentro de zonas protegidas. Essas zonas designam-se por ASPA (Antarctic Specially Protected Area) e, para proteger as suas características ecológicas, científicas e estéticas da intervenção humana, não é permitido que lá se entre. Há naturalmente excepções, por exemplo para quem estuda esses musgos, líquenes ou pinguins, mas requerem uma autorização especial, que nem sempre é concedida. Aqui a Península de Barton tem uma dessas áreas, Narebski Point, por ter extensas manchas de musgos e líquenes, assim como uma das maiores colónias de pinguins (gentios e de barbicha) desta região Antártica. Como não estão delimitadas por tipo algum de vedação ou com qualquer tipo de sinalização, cada um de nós que cá anda tem a obrigação de saber os seus limites, ou seja, tem de antecipadamente saber bem por onde vai andar e acompanhar-se de um bom mapa e/ou gps. Hoje houve uma visita de altas individualidades da Coreia à base de King Sejong, penso que membros da sua Assembleia, mas foi tudo tão discreto que praticamente não demos por ela. Se não nos tivessem informado antes e pedido para almoçarmos um pouco mais tarde acho que não tínhamos sequer dado por isso. Nos próximos dias vamos começar a captar as imagens com o UAV e a construir a informação de referência com o DGPS nas regiões que definimos como prioritárias. Pedro Pina, Ilha King George, Antártida, 15-01-2013 Hoje chegaram à base quase 30 investigadores. Muitos deles ficam apenas um ou dois dias, e estarão brevemente de partida para outras bases espalhadas pelo arquipélago das ilhas Shetland do Sul. A base Escudero está numa azafama, já que o número de investigadores durante estes próximos dois dias será o dobro da sua capacidade “oficial” e muitos terão mesmo que dormir na “piscina”. Por a península de Fildes ser o centro logístico da ilha de King George e de outras ilhas aqui em redor, esta base está preparada para estas ocasiões e, por isso, tem uma sala de trabalho que serve também de dormitório temporário para investigadores de passagem. Acontece que essa sala está coberta de azulejos azuis e parece realmente que estamos dentro de uma piscina.
Como não podemos adiantar trabalho de manhã, apenas tivemos tempo para ir ao rio fazer a recolha diária de água. Amanhã será um dia de trabalhinho redobrado! Equipa Contantarc 2, Ilha King George, 15-01-2013. Foi dia em grande. De amanhã, amostrámos pela segunda vez o rio e os dois lagos, e à tarde o “passeio” à baía da Grande Muralha. O gelo e a neve derretem a olhos vistos principalmente nos lagos onde notamos diferença de um dia para o outro. Novamente nos quatro pontos de amostragem, recolhemos águas para filtrar, medimos alguns parâmetros como o pH, temperatura e salinidade e confirmámos as coordenadas GPS dos pontos de amostragem. Depois de almoço foi a segunda tentativa (agora sucedida) de acesso por terra à Baía da Grande Muralha. Caminho a pé pelo interior e algo acidentado o que se tornou penoso pois tínhamos de carregar além do material científico umas pesadas botas de cano alto para ter acesso à água.
Dia em grande com as tarefas previstas superadas.
Equipa Contantarc 2, Ilha King George, 14-01-2013. |
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