A CAMPANHA
PROPOLAR 2012-2013
Novembro de 2012 a Março de 2013
PROPOLAR 2012-2013
Novembro de 2012 a Março de 2013
3 de Março de 2013, Lisboa Depois de 1 semana de viagem desde que saímos da ilha Deception, chegámos hoje de manhã, finalmente, a Lisboa. Viagem longa e cansativa, com os sucessivos percalços e atrasos do costume numa campanha antártica. Este ano, optámos para as contribuições para o blogue da nossa equipa do Permachange, serem feitas pela Ana Salomé David. Foi a sua primeira campanha de investigação e quem vê as coisas pela primeira vez, conta-as de uma maneira especial. Foi uma campanha muito intensiva, com trabalho de campo quase diário e quase sem momentos de descanso. Foi possível levar a cabo com sucesso quase todas as atividades a que nos propusemos, tendo apenas sido na ilha Deception, que não conseguimos fazer tudo o previsto. Isso deveu-se a um atraso no transporte desde Livingston, que nos reduziu a nossa curta estadia em 3 dias, com implicações na campanha de prospeção geofísica e na cartografia geomorfológica de pormenor. Mas fazendo um balanço global, foi uma campanha muito bem sucedida, com mais de 90% das tarefas concluídas! Tocou-me fazer o balanço final da campanha, mas como estou ainda muito cansado, optei por escolher algumas fotografias, para as quais criei breves legendas. Contam, num curto espaço, a história da nossa mais recente campanha de estudo do permafrost, realizada entre 26 de Janeiro e 3 de Março de 2013. Um abraço! Gonçalo Vieira ************************* A Campanha dia-a-dia 26/01 - Saída de Lisboa pelas 16:30 rumo a Madrid 27/01 - Voo Madrid - Santiago do Chile - Punta Arenas. Chegada a Punta Arenas pelas 17h locais 28/01 - Reunião na DAP para acerto de detalhes relativos ao voo português do dia seguinte. Compra de coisas de última hora para levar para a campanha. Essencialmente artigos pessoais e barras de cereais... 29/01 - Dia de espera devido a más condições meteorológicas na Antártida. Voo para a Antártida ao fim da tarde. Embarque no navio espanhol Hespérides 30/01 - Chegada à Base Antártica Búlgara St Kliment Ohridski ao início da noite. 31/01 - Recolha de data loggers. Tempestade de neve e vento durante toda a tarde e noite obrigou-nos a ficar na base. 01/02 - Amanhece dia de sol. Recolha de dados dos data loggers e da máquina fotográfica automática. Preparação da geofísica no Alto do Papagal. 02/02 - Monitorização da deformação do terreno no observatório CALM, slope, Punta Hespérides. Geofísica em Papagal. 03/02 - Glaciar rochoso de Hurd, na Baía Falsa. Monitorização de deformação, cartografia da vegetação e prospeção geofísica. 04/02 - Verificação e análise dos dados recolhidos. Instalação do equipamento de geofísica. 05/02 - Levantamento GPS em Papagal. Manutenção data loggers. 06/02 - Levantamento GPS da vegetação em Salisbury Point. Manutenção de loggers. 07/02 - Programação de loggers. Instalação de loggers em furos e termometros para o ar. Geofísica. 08/02 - Conclusão da instalação de sensores nos furos. Loggers de solo e ar. Manutenção da estação meteorológica. Testes com a máquina fotográfica automática. Geofísica. 09/02 - Organização de dados. Instalação dos nivometros. Testes com a máquina fotográfica automática. 10/02 - Organização dos dados dos dias anteriores. Almoço-festa na base espanhola. 11/02 - Papagal - Cartografia geomorfológica de pormenor e levantamento da cobertura de Usnea antartica. Geofísica. 12/02 - Viagem a Hannah Point. Geofísica Papagal. 13/02 - Monitorização da deformação no Monte Reina Sofia. Instalação da máquina fotográfica automática no novo local. Arrumação do material para levar para Deception. 14/02 - Conclusão da programação da máquina fotográfica. Organização dos dados. 15/02 - Espera pelo navio que nos irá levar à ilha Deception. Esta seria a data prevista para nos recolherem. 16/02 - Continua a espera. Navio atrasado 1 semana. Ao final do dia, foi conseguido novo navio para nos transportar, mas só no dia 17. Trabalhamos na preparação de artigos e análise de dados. 17/02 - A espera continua, com mau tempo. O navio chega ao fim da manhã. Tempo péssimo, com muito vento. As ondas tornam impossível que nos recolham de zodiac na praia da base búlgara. Depois de vários contactos com a base espanhol e com o risco de não podermos vir a ser transportados para Deception, decidimos que iremos pelo glaciar de moto de neve até à base espanhola. Deixamos para trás metade do equipamento, pois é impossível de carregar às costas entre o sítio onde as motos de neve ficam e a base espanhola. O tempo mantem-se mau. Muito vento e impossível largar as zodiacs. Ficamos na base espanhola à espera. Se o tempo melhorar, sairemos no dia seguinte pelas 6h da manhã. O barco não pode esperar muito mais ao largo. A espera continua... 18/02 - Navio ao largo. Tempo melhor e às 9h30, acabamos por embarcar. Chegamos a Deception a meio da tarde. Passamos o resto do dia a organizar o equipamento e a planear os dias, contando que perdemos 3 dias com os atrasos. 19/02 - Saímos de zodiac para o setor das crateras de 1970 para fazer tomografias elétricas. Todo o dia no campo. Tempo excepcional. 20/02 - Mais um dia completo nas crateras de 1970 a fazer geofísica. Tempo fantástico. 21/02 - Último dia a fazer geofísica nas crateras de 1970. Meteorologia começa a piorar. 22/02 - Gonçalo fica todo o dia de serviço de limpeza na base. António e Ana aproveitam para organizar dados, descansar e dar uma ajuda. A festa de encerramento da base junta 39 pessoas na base, incluindo convidados da vizinha base argentina. À 1h da manhã, Gonçalo ainda lavava pratos na cozinha. Catástrofe! 23/02 - Manutenção de dataloggers na vizinhança da base argentina. Tudo corre mal no download dos dados. Vamos ter que verificar todos os loggers e voltar no último dia, para instalar novos. Ao final da tarde, download de dados do resistivímetro de Crater Lake. Chegamos ao fim do dia exaustos. 24/02 - Último dia antes do encerramento da base. António e Ana ficam de serviço de limpeza. Gonçalo reprograma os loggers do dia anterior. De manhã, num intervalo das limpezas, Gonçalo e Ana voltam à vizinhança da base argentina, para instalar os loggers e encerrar a campanha. Resto do dia passado na base nas limpezas e a ajudar nas tarefas de encerramento. 25/02 - Tarefas de encerramento da base da parte da manhã. Espera. Embarque no navio Hespérides às 17h. 26/02 - Hespérides em Livingston. Encerra-se a base bulgara. O embarque dos búlgaros e do material foi épico. Uma zodiac inundada e furada, outra zodiac com motor danificado e teve que sair um barco de apoio especial. Depois de 3h, bulgaros chegam ensopados, mesmo com os fatos secos. O mesmo se passou com o equipamento. Felizmente o equipamento mais sensível não ficou debaixo de água. Passamos a manhã a secar material no navio. À tarde, empacotamos de novo o equipamento que virá no Hespérides para Cartagena (Espanha) e que deverá chegar a Lisboa em Maio. 27/02 - Voo previsto para esta manhã em Frei, ilha de Rei Jorge. Voo atrasado para a tarde devido ao mau tempo. O Hesperides não pode esperar. desembarcamos na base uruguaia Artigas, onde vamos esperar juntamente com cerca de 20 colegas espanhois. Voo possível no dia seguinte às 6h da manhã, se o tempo melhorar. 28/02 - Contínua o nevoeiro. Vou atrasado, em princípio para as 18h. Finalmente, pelas 19h, o voo levanta de Rei Jorge. Chegamos a Punta Arenas às 21h00. 01/03 - Dia de descanso em Punta Arenas. 02/03 - Voo Punta Arenas - Santiago do Chile às 5h20 da manhã! 03/03 - Chegamos a Lisboa às 9h00 da manhã. Ufff!!! António e Ana, lá em baixo, junto à perfuração de Papagal, na ilha Livingston. Esta é uma das nossas áreas de estudo de pormenor, usada para compreender como se distribui o permafrost num setor em que se passa do solo congelado descontínuo, para o contínuo, à medida que a altitude aumenta. Aqui fizemos vários perfis de tomografias elétrica do solo, bem como mantemos vários furos onde monitorizamos continuamente as temperaturas do solo, já desde há 4 anos. A Ana está a usar esta área, como área amostra para o estudo da distribuição espacial da Usnea antartica, um liquen que usamos como bioindicador. Na base búlgara não tínhamos acesso ao email. Para resolver o problema, andávamos cerca de 30 minutos até um monte próximo, de onde, por vezes, conseguiamos captar a rede wifi da vizinha base espanhola Juan Carlos I. Com uma ligação lentíssima, temperaturas em torno a 0ºC e vento, depois de cerca de 1 hora de espera, quase sempre conseguiamos enviar 1 email para a família :)
Fernando Oliveira
5/3/2013 07:56:24
Que bem estás, Ana! Beijinhos
Fernando Oliveira
5/3/2013 07:57:32
Ana, foste tu que o encontraste? http://greensavers.sapo.pt/2013/03/05/meteorito-de-18-kg-intacto-foi-encontrado-na-antarctida-com-fotos/ Os comentários estão fechados.
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