Latitude: 53.18 S E tu, compreendes a importância da ciência que se faz na Antártida? Nós sabemos que a Antártida e o Oceano Antártico tem um papel importante no nosso planeta. Seja, por exemplo, na contribuição para o aumento do nível do mar, no armazenamento de carbono no Oceano, nas correntes oceânicas, no clima e na questão das alterações climáticas... num contexto em que sabemos que no futuro esta região vai ter um papel preponderante em muitas destas questões, temos um grupo de equipas que aborda questões importantes sobre o Oceano Antártico. Aqui estão alguns cientistas de algumas equipas: - Julie Meilland Julie é uma investigadora pós-doutoral do MARUM, um instituto cientifico em Bremen, na Alemanha. Ela colabora com Clara Manno no estudo do potencial que algumas espécies de organismos marinhos (chamados foraminíferos) possuem para se adaptarem às alterações climáticas e à acidificação dos oceanos. Estes organismos estão presentes em todo o lado dos oceanos e são do tamanho de um grão de areia. A bordo, estará a estudar como o seu metabolismo consegue lidar com o aumento da temperatura. Usando redes BONGO (que possuem uma malhagem muito pequena, 100 µm), apanhamos estes organismos e os colocamos a 2 temperaturas diferentes. Os resultados preliminares sugerem que poderão adaptar-se bem. No regresso à Alemanha, irá analisar em detalhe os organismos recolhidos para compreender melhor os processos associados aos resultados obtidos. E tive uma supresa: estes organismos tiveram filhotes a bordo, um evento raro!!!! - Emily Rowlands e Clara Manno Emily investiga o impato de nanoplásticos em águas do Oceano Antártico. Nanoplásticos são do tamanho mais pequeno de plástico, que não é visível ao olho humano com < 0.001 mm. Isto é 2000 vezes mais pequeno que um grão de areia!!!! Por eles serem tão pequenos, os nanoplásticos podem interagir diferentemente com as partículas da água e dentro do corpo dos animais que os consome, comparativamente com os plásticos maiores. A primeira coisa a fazer é estudar os nanoplásticos de diferentes profundidades, com um aparelho chamado armadilha de sedimentos flutuante (floating sediment trap). Também estuda como os nanoplásticos podem afetar o desenvolvimento do camarão da Antártida Euphausia superba. Sendo um dos organismos mais importantes na cadeia alimentar Antártica marinha, será importante perceber em detalhe se, por exemplo, fêmeas do camarão conseguem produzir ovos e como os camarões bébés lidam com nanoplásticos. Muitas amostras foram recolhidas para estudar mais em detalhe as experiências realizadas a bordo. - Anna Belcher Anna é uma bióloga marinha que estuda o camarão da Antártida Euphausia superba. Ela conta-nos uma história para explicar o seu trabalho: “Um dia na vida do Larry, o camarão da Antártida – a bordo do navio RRS James Clark Ross”. Larry começou os seus dias a viver no Oceano Antártico, a comer plantas, feliz da vida e evitando ser comido por baleias. Mas o Larry era um camarão curioso e notou um navio nas suas proximidades. Não tinha a certeza do que estava a fazer ali mas ficou curioso e foi ver... com sorte o Larry conseguiu entrar no navio por uma rede científica. Já a bordo, encontrou-se com outros amigos camarões num balde como se estivesse numa festa. Excitado pela próxima aventura, Larry foi posto noutro balde onde as luzes foram cobertas e onde havia um sensor. Larry ficou todo contente a dançar de um lado para o outro enquanto o cientista o observava atentamente com o sensor. Larry pensou o que viria a seguir... e nessa altura, vários outros colegas camarões foram colocados com Larry. Ele não saiba exatamente o que se estava a passer…mas ouviu o cientista dizer que a cientista estava a tentar medir camarões a partir do espaço. A partir do espaço!? Isto seria muito fixe, pensou Larry. Assim ficaria a saber quantos amigos teria no Oceano Antártico. A cientista estava a medir a luz reflectida de Larry e dos seus amigos de modo a que possa usar imagens de satélite que possam dar a mesma informação da quantidade de camarão da Antártida. Larry dançou o que conseguiu para ajudar a cientista na sua tarefa! Ele estava a contribuir para a ciência :). Depois de meia hora, Larry foi posto com os seus amigos novamente num novo balde, tendo a sensação que a sua contribuição estava feita...e assim foi. De repente, splosh, Larry estava novamente no Oceano, com uma história para contar. E que grande aventura!!!! - Natalie Ensor Natalie é uma das gestoras dos laboratórios que trabalha para a British Antarctic Survey. A sua função consiste em coordenar o uso dos laboratórios nos navios, assegurar que todo o equipamento está a funcionar corretamente e ajudar os cientistas se necessário, a bordo do navio RRS James Clark Ross. Outro aspeto deste trabalho é a saúde e segurança no trabalho. Para isso, Natalie precisa de compreender quais os organismos que vão ser estudados, que experiências vão ser realizadas, e que riscos existem associados a eles. Tudo isto para assegurar que todos trabalham de um modo seguro e evitar acidentes. Por exemplo, haver regras do uso de batas no laboratório, usar proteção se lidar com materiais nocivos à saúde. Exemplo prático: Preservar amostras de organismos podem ser em álcool 70%, por exemplo...e como alcool é inflamável, é preciso usar bata. É uma profissão muito interessante, pois a Natalie lida com muitos cientistas de diferentes áreas de investigação, tudo a bordo do navio RRS James Clark Ross. - Petra ten Hoopen Petra é a gestora de dados cientificos da UK Polar Data Centre para expedições cientificas marinhas. “O que aconteçe aos dados recolhidos numa expedição como esta?” Hoje em dia as expedições cientificas recolhem muitos dados dos numerosos aparelhos usados no navio RRS James Clark Ross. Os dados podem ser da temperatura do ar e da água, das amostras recolhidas, ao longo da expedição. Todos os dados desta expedição serão transferidos em segurança para a British Antarctic Survey em Cambridge, Reino Unido. Cientistas que recolhem amostras e dados terão o acesso exclusivo à base de dado num periodo mínimo de 2 anos para a sua investigação. Depois, há medida que os dados serão publicados em revistas cientificas, eles também estarão disponíveis na UK Polar Data Centre (https://www.bas.ac.uk/data/our-data/). Este catalogo também coneta para portais de dados onde eles estarão disponíveis. O objetivo final é certificar que os dados da expedição fiquem disponíveis a todos! - Iliana Bista Iliana Bista é uma ecologista molecular no Sanger Institute, Cambridge. Ela trabalha com a genómica de peixes, em particular de um grupo abundante na Antartida, os Notothenioids. A bordo do RRS James Clark Ross, ela tem recolhido amostras de água para a análise de DNA ambiental. DNA Ambiental (Environmental DNA (eDNA)) é DNA livre que é deixado na água pelos animais que vivem lá, como as células da pele, urina, entre outros. Ao filtrar a água nós podemos recolher e analisar o DNA destes animais e detetar a sua presença e a estrutura da sua população. Ela também trabalha na sequenciação de genomas completos destes e de outros tipos de peixes. Para isso, Iliana tem recolhido amostras de uma variedade de peixes. Usando tecnologia de sequenciação recentes nós poderemos ler todo o genoma dos organismos a uma elevada precisão, além da sua ecologia e evolução. - José Xavier e Ricardo Matias (com Gabriele Stowasser, Martin Collins, Ryan Saunders e Clara Manno) Como investigadores associados ao ECOTOP – MARE da Universidade de Coimbra, o nosso trabalho nesta expedição foca em estudar as diferentes pressões que os animais marinhos na Antártida estão a sofrer atualmente e que mudanças poderão a vir a ocorrer nesta região, seguindo algumas das nossas recentes publicações (Rintoul et al. Nature 2018, Seco et al. Envirn. Poll. 2019, Bessa et al. Sci. Rep. 2019). Estamos a falar das alterações climáticas e da poluição, em particular. Assim recolhemos amostras para 3 projetos: 1- se os animais têm a capacidade para se adaptar à medida que o planeta aquece (estamos a recolher lulas para estudar a sua genética, para saber que genes possuem que possam lidar com mudanças do oceano, como o aumento da temperatura) (com Cecília Roque, Margarida Dias), 2- se microplásticos estão presentes em peixes na Antártida (estamos interessados em peixes lanterna) (com Clara Manno, Ryan Saunders, Martin Collins, Gabi Stowasser, Claire Waluda) e 3 – se o camarão da Antártida possui meios de se libertar de mercúrio (com José Seco). Já possuímos 95% das amostras que precisamos...estamos a quase!!! Alguns destes trabalhos terão certamente implicações na gestão desta região do planeta. A Antártida é gerida pelo Tratado da Antártida, que se foca em 3 pilares principais: na ciência, cooperação internacional e proteção do ambiente. Tudo o que possa informar decisores políticos para como melhorar o conhecimento, a cooperação entre países e a proteção da Antártida, melhor...esta informação poderá ser valiosa!!! Why is relevant the science that is being conducted in the Antarctic? We do know that the Antarctic and the Southern Ocean have an important in our planet, with issues such as climate change, sea level rise, Southern Ocean carbon sink, Ocean acidification, Thermohaline world currents, animal adaptation… in a context that it is known that this region will have an increasing important role in these big issues, we have a group of teams that are addressing important questions about the Southern Ocean. Here´s some of the scientists:
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