DIÁRIOS DE CAMPANHA
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DIÁRIOS DAS ATIVIDADES DE CAMPO DOS PROJETOS DURANTE A CAMPANHA PROPOLAR 2016-2017
Yelcho é uma pequena base do Instituto da Antarctica Chilena, INACh, localizada na pequena ilha Doumer, rodeada, ou melhor, no meio de uma colónia de pinguins papua. Encontra-se numa baia que é uma area especialmente protegida, e alvo de monitorizacao de ecossistemas. Após muitos anos sem utilizacao efectiva, a base, que fica numa pequena zona rochosa sobre o mar, foi recentemente renovada e adicionado um laboratório humido, com água salgada corrente, portanto com potencial para as nossas experiencias. A chegada foi confusa pois ao mesmo tempo saíam os investigadores que embarcavam no Hespérides e nao há propriamente um acoroadouro, mas apenas uma escada de corda. E depois é preciso não pisar os pinguins, ignorar o odor e caminhar por entre rochas até chegar à base. Este ano a base foi alvo de melhoramentos, novos passadiços de madeira, recebeu um novo barco, etc. À minha espera estava Cesar Cardenas, biólogo marinho e chefe da base. O primeiro dia foi dedicado a pescar, fora da baía e em redor da ilha. Jorge, condutor do barco, gosta de pescar e foi facilmente convencido a participar, assim como Erasmo, investigador de algas antarcticas e que já esteve no CCMAR. A abundância de peixes não se compara ao que podemos encontrar em King George Island, provavelmente devido aos fundos inclinados, que passam rapidamente dos 0 aos 30 metros em pouco mais de 20 metros de distancia da linha de costa. Estas especies vizem no fundo e preferem zonas mais planas com cobertura de algas. È preciso procurar os spots! E as vistas são deslumbrantes, com as paredes verticais das montanhas de Fief, na ilha Goudier, e os picos nevados da ilha Anvers adjacentes a dominar a paisagem e na água focas e pinguins. Não é por acaso que a zona seja fequentemente visitada por navios de cruzeiro e a base próxima de Port Lockroy está cheia de turistas. Não há muito tempo... e o dia seguinte serve para tentar canular bexigas e obter amostras para análise do microbioma. Não são necessários muitos peixes e contento-me com cerca de 10 Notothenia coriiceps? Ou serão N. negecta? Ou ambas? Os dois morfotipos, subespécies ou mesmo espécies distintas (a dúvida persiste) são os peixes mais comuns aqui. Recolho algumas amostras e levo três exemplares. Somos 16 e juntamos-nos apenas para as refeicões, mas como a base é pequena acabamos por nos cruzar com frequencia. Para além do pessoal científico estão na base 7 técnicos que tratam da manutenção e renovações, o condutor da embarcação, e o cozinheiro/paramédico. Como vamos sair em pouco tempo não há o churrasco de sábado mas ao jantar tempo para celebrar o aniversário da base... ou da sua reabertura, com bolo e vinho do porto. Ontem a meio do dia começámos as primeiras arrumações. O navio Lautaro chegou ao fim do dia e sairemos dentro de umas horas. O inverno é rigoroso, e é necessário proteger tudo o que não pode ser retirado. Desmontar embarcações, guardar motores, retirar bombas da água, retirar água das canalizações, ao mesmo tempo que arrumamos amostras, equipamento científico e bagagens pessoais. Tudo preparado... depois do jantar um trago de whisky entre histórias antarcticas e trocas de experiencias e epopeias da vida académica no Chile, Canadá, EUA, Dinamarca, Suiça, Malta e Portugal!
Foto de grupo e hasta siempre Yelcho!!
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