DIÁRIOS DE CAMPANHA
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DIÁRIOS DAS ATIVIDADES DE CAMPO DOS PROJETOS DURANTE A CAMPANHA PROPOLAR 2016-2017
Os minúsculos aparelhos que usamos para investigar as migrações dos Maçaricos-galegos (Numenius phaeopus), denominados geolocators, e que registam as suas posições (de forma indirecta), infelizmente não as transmitem. Assim, temos de os recuperar, recapturando para isso o mesmo Maçarico-galego um ano após a colocação do geolocator para conhecer as estratégias migratórias destas aves. Parece simples, mas não é! Ou, pelo menos, não é nada fácil… Os Maçaricos-galegos são fieis ao local de reprodução, por isso, após um ano de os capturarmos, marcado individualmente com anilhas coloridas e colocado um geolocator, sabemos onde os podemos encontrar no ano seguinte, para os tentarmos recapturar e ficar finalmente a conhecer os seus movimentos. Continua a parecer simples. A técnica consiste em capturar as aves enquanto elas incubam os ovos, usando para isso uma spring trap, comumente utilizada em estudos com estas aves. O período de incubação do Maçarico-galego decorre durante 25-27 dias, portanto, de forma a maximizar o tempo disponível de captura tentamos encontrar os ninhos o mais cedo possível. Uma vez sabendo a localização do ninho, podemos tentar capturar as aves. O tempo da primeira captura de um indivíduo é reduzido, cerca de 10-15 minutos. Mas os Maçaricos-galegos são mais cuidadosos e parecem aprender que algo está diferente no ninho quando fazemos uma nova tentativa, com a spring trap. Muitas vezes as nossas tentativas falham porque a ave não se deixa capturar e após algum tempo retiramos a spring trap, a ave volta ao ninho e nós voltamos a tentar uns dias depois. Em 25-27 dias de incubação, parece não haver problema em tentar novamente mais tarde, já que é uma janela temporal larga. Mas há! Na Islândia existem vários predadores que se alimentam dos ovos de Maçarico-galego e outras limícolas, por exemplo a Raposa-do-ártico (Vulpes lagopus) ou os Moleiros-pequenos (Stercorarius parasiticus), e caso o ninho seja predado, não existe alternativa para recapturar a ave, o respectivo geolocator e os dados nele contidos! Nas últimas semanas já observamos 35 indivíduos com geolocator e alguns ninhos foram encontrados. Além disso, nos mais adiantados, as tentativas começaram a ser feitas e nove geolocators foram recuperados! Estamos impacientes para saber quais as estratégias migratórias destes indivíduos, mas sobretudo muito ansiosos para recuperar os restantes, neste jogo de paciência e nervos!
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