DIÁRIOS DE CAMPANHA
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DIÁRIOS DAS ATIVIDADES DE CAMPO DOS PROJETOS DURANTE A CAMPANHA PROPOLAR 2016-2017
Estou pela segunda vez em Kuujjuarapik/Whapmagoostui, na parte leste da Baía de Hudson, no Norte do Quebeque, desta vez no quadro do projeto Shrubifly e acompanhado do Pedro Freitas, estudante de mestrado no IGOT – Universidade de Lisboa. O Shrubifly é uma colaboração entre o IGOT e CQE da Universidade de Lisboa, e o Centro de Estudos Nórdicos (CEN) da Universidade Laval, no Canadá.
Este ano teremos uma curta campanha de 5 dias que tem como objetivo repetir os levantamentos com um veículo aéreo não-tripulado (VANT) realizados em agosto/setembro de 2015 e, se possível, acrescentar mais alguns locais. Voltámos a trazer o nosso eBee “Suzanne Daveau”, mas desta vez equipado com uma câmera multiespetral Sequoia que permitirá melhorar as classificações realizadas na missão de 2015. Os objetivos do projeto Shrubifly consistem em contribuir para melhor compreender o modo como os ambientes onde ainda ocorre permafrost no subártico, bem como as comunidades vegetais, estão a reagir às mudanças climáticas. Para isso, está previsto realizar vários levantamentos com o “Suzanne Daveau” em áreas de monitorização de lagos implementadas pelo CEN, repetindo os levantamentos realizados em 2015. Se tudo correr como planeado, ficaremos com levantamentos de muito alta resolução (cerca de 10-15 cm) que permitirão identificar mudanças nas formas associadas à degradação do permafrost (por ex.: palsas e lithalsas), bem como mudanças na cobertura vegetal ou nos lagos, que ao nível da cor, quer da área ocupada. Os levantamentos serão realizados por fotografia aérea a uma altitude de 100-120 metros, que permitirão gerar ortofotomapas digitais, bem como modelos digitais de superfície. A grande diferença entre os levantamentos deste ano e os de 2015, é que a câmera multiespetral permite-nos obter imagens de muito melhor qualidade espetral, com valores de refletância, que melhorarão significativamente as classificações anteriores. As classificações a realizar permitirão também aferir o real potencial a nível da resolução espacial de satélites como o Sentinel-2 da Agência Espacial Europeia, do Landsat-8 (USGS) ou de satélites comerciais como o World-View 2 e 3. Utilizaremos também fotografias aéreas de 1957 para comparar a evolução da vegetação e dos lagos nas áreas de pormenor. O projeto enquadra a dissertação de mestrado do Pedro Freitas e ainda investigação de equipas do CEG/IGOT, CQE e CEN, contando com a participação do João Canário (CQE), Carla Mora (CEN) e Warwick Vincent (CEN). Os principais desafios desta campanha relacionam-se essencialmente com o modo como as condições meteorológicas condicionarão as operações com o VANT, pois em situações de vento forte (>10 m/s) ou de chuva, não poderemos voar. Por outro lado, para chegar aos locais de trabalho necessitaremos de realizar as deslocações do helicóptero alugado pelo CEN e este só estará disponível nos primeiros três dias. É um tipo de situação muito normal em projetos polares, pois o tempo de helicóptero é muito caro e o mesmo terá que se deslocar várias centenas de quilómetros para ficar à disposição da equipa pelo curto período da campanha. Contudo, há muito boas possibilidades de termos alguns dias de bom tempo, como tem sucedido em campanhas anteriores do CEN, e esperamos, por isso, contar com a boa disposição da meteorologia do Grande Norte, para ter uma campanha bem-sucedida. Vamos ver!
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