DIÁRIOS DE CAMPANHA PROPOLAR 2017-18 |
Pedro Mendes, 22 Fevereiro 2017, Ilha Antártica de King George Olá, o meu nome é Pedro Mendes, sou aluno de mestrado em engenharia geológica na Universidade de Évora. Faço parte do projeto Hydrotomo juntamente com o professor António Correia (investigador principal) do departamento de Física da Universidade de Évora. Este projeto consiste, basicamente, no estudo geoeléctrico do permafrost e da camada activa e da sua possível influência na evolução de ecossistemas junto à Base Antárctica Coreana e à Base Antárctica Peruana, Ilha Rei Jorge, Antártida Marítima. Eu fiquei responsável pelos trabalhos desenvolvidos na Península de Barton (em cooperação com o programa polar Coreano) e o Prof. António Correia com a parte do projeto realizado na Baía do Almirantado (em colaboração com o programa polar Peruano). É a minha primeira missão na Antártida e, apesar de cansativo, está a ser uma experiência a todos os níveis fantástica. Ter o privilégio de poder trabalhar num “mundo encantado” como este é verdadeiramente enriquecedor e único. Tenho estado a trabalhar com dois investigadores coreanos (alunos de doutoramento em geofísica), o Kwan Soo e o Ju. Assim que o tempo permite caminhamos cerca de 1 hora até ao nosso local de estudo, um caminho duro com subidas e descidas, zonas pedregosas, lamacentas e com neve, mas com uma paisagem deslumbrante que transforma todas as dificuldades em pequenos e insignificantes pormenores. O nosso dia de trabalho começa com partida para o local às 9 horas e regressamos à estação coreana King Sejong por volta das 18 horas. O trabalho está a correr muito bem, estamos a conseguir bons resultados nas tomografias eléctricas e devemos cumprir os objetivos a que nos propusemos. Agora, já na reta final, é preparar tudo para a nossa partida e levar a Antártida no coração com o desejo de um dia poder voltar.
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Sara Ramos, 21 Fevereiro 2018, Ilha Livigston Fourth week down here couldn’t be better. Last Thursday 15th Feb we said bye to our bulgarian fellows and moved to the neighbour Spanish base Juan Carlos I, located about 20min by zodiac from our previous cosy bulgarian camp. Here we are lucky to be staying in brand new building, that was recently refurbished. Nowadays this place seems quite different than it used to be and now up to 50 people can sleep, eat, work and chill mainly in the same big building. The confort here is guaranteed and some refer this place as the “Antarctic Hotel”. This week we had time to finish all the tasks scheduled on our plan and still had such a nice experiences exploring the area around. First works on field consisted in flying a Phantom drone over the area covering the base in order to create cartography and digitl elevation models using the aerial photographies. As soon as the weather conditions were good enough, we finally managed to go to “Glaciar Rocoso”, an infrequent rock glacier here which movements towards the coast needs to be annually monitored in order to figure out the progressive terrain deformations. There, we annually measure the GPS position of different sticks stacked in the rocky ground. These sticks work as reference points that allow calculating the progression of the glacier through time. Sundays in the Spanish base are free days, so last sunny Sunday we made the most of the time exploring the glacier over the Jonshons’s Bay with the support of Mike and David, the expert “mountaineers” in the area. Walking here is risky as the massive accumulation of ice ends up in the cracking of the whole freeze structure generating crevasses that go from few centimetres to several meters thick and their deepness increase when approximating to the sea. To avoid falling in these dangerous crevasses, the use of crampons and walking in teams secured by ropes is a must. The sight one’s sees from the inside of a glacier was something non-expectable for me at all, something alike a scarped and freeze dessert. However, I consider this as one of my best experiences in the mountain so far. Finally, to put the icing on the cake, we were fortunate presence the most magnificent sun eclipses I’ve ever seen in the right moment and from the right place, as this eclipse was just blurry from the North Hemisphere but clearly viewed from the Antarctic Peninsula. Today is Wednesday 21st and our time with the Spaniards is over. Tomorrow we are expecting to get on board of “The Hespérides” once more to leave the island and head Cierva Cove, in the Antarctic continent, where the Argentinians will host us in their beautiful “Primavera Base”. Pedro Quinteiro, Punta Arenas-Chile. 22-02-2018 A viagem foi longa. Muito longa, com quase 30 horas de voos e ligações. A noção de quanto é que realmente nós voámos só ficou real quando olhámos para um mapa-mundo e vimos onde estávamos no dia anterior e onde estamos agora. Sobrevoar os Andes foi impressionante. Chegámos a Punta Arenas mais cansados do que entusiasmados. Mas agora que o cansaço da viagem começa a desaparecer e o dia previsto para a travessia se aproxima, o entusiasmo regressa. Temos dividido o nosso tempo entre passear por Punta Arenas com a Joana Pereira, a Ruth Pereira, e o Guilherme Jeremias, e a trabalhar no nosso projeto. Há sempre coisas que ficam por decidir e que só algumas horas de conversa e reflexão cara-a-cara conseguem ajudar a resolver. A presença Portuguesa na cidade é interessante, com a estátua do Fernão de Magalhães a ocupar um lugar de grande destaque mesmo em frente ao Instituto Antártico Chileno. Amanhã vamos tentar fechar os últimos detalhes e visitar o centro cultural da cidade. Estamos desejosos de chegar à Antárctica.
Pedro Pina, base King Sejong, Antártida, 17 de Fevereiro de 2018 As fantásticas condições da base King Sejong tornam a nossa estadia na Antártida ainda mais agradável. Já tinha falado num post anterior do novo edifício da base que viemos estrear, onde ficam os quartos para cerca de 60 pessoas, e também os seus vários laboratórios, mas ainda faltava falar de algo muito invulgar nas bases antárticas. Quase todos os módulos mais antigos da base, inaugurada em 1988, foram desmontados com a construção do novo edifício. Mas houve um que resistiu, qual aldeia gaulesa, sendo aproveitado para um pequeno mas muito interessante museu que descreve a história da base King Sejong mas sobretudo as actividades e colaborações científicas da Coreia do Sul e do KOPRI-Instituto Polar Coreano nas regiões polares. E visitando o museu, fica muita clara a estratégia de longo-prazo que conceberam e que têm vindo a implementar ao longo dos anos de uma forma muito sólida e já com alguns marcos significativos: 2 bases na Antártida, 1 base no Ártico, 1 navio polar. Que é reforçada pela crescente colaboração internacional em várias áreas científicas e em que Portugal, através do PROPOLAR, ocupa um lugar de destaque, tal como pude verificar num dos painéis do museu. Também apanhámos (ou fomos apanhados pel’…) o Ano Novo Coreano, de 14 para 15 de Fevereiro. Todos os 8 não coreanos que aqui estão (de nacionalidades portuguesa, norte-americana, brasileira e chilena) participaram nas suas tradições, cozinhando em conjunto na véspera de Ano Novo várias comidas para o dia seguinte. Mas não só cozinhamos como fomos provando um pouco de tudo o que ia estando pronto. Uma excelente tarde! Por fim, e no dia de Ano Novo Coreano, em que todos ficámos descontraidamente na base, ainda deu para ver um eclipse parcial do Sol. Não deu para ver logo logo, pois não estávamos preparados para olhar directamente para ele. Mas assim que construímos uns filtros, com o devido apoio clínico da Hanna, a médica da base, deu para ver que faltava mesmo um bocado ao Sol… E os filtros que serviram para os nossos olhos também se adaptaram às máquinas fotográficas e telemóveis, pois então. O nosso segundo ano novo em mês e meio, não podia ter começado melhor! Sara Ramos, Ilha Antártica de Livingston, 15 Fevereiro 2018 We are in the second week in this remote place and the weather is not blessing us with the best conditions. Cold winds, stormy snowfall and heavy rains are hitting the Island these days. We are living some of the hardest days working outside and many days we feel obligated to stay in the base processing data and doing some PC works. Despite of that, we are making the most of the better days to finish the most important works around. At the beginning of the week, we came back to Reina Sofía Peak, this time accompanied by two of our base colleagues: Nuno and Lucy. Here we managed to fix some of the damaged equipment installed and we showed our colleagues a new territory for them in this Island. At the end of the week, we are anxious to have a light windy day so we can test our last technology drone to fly over the area taking pictures that would be later used to create Digital Elevation Models. We find handling this drone more tendentious that we expected, as it needs to be perfectly programed in order to take in account many facts that could interfere in the performance of the flight. After several attempts, we managed to fly it for a couple of minutes, despite it was not a total successful flight due to different technical problems. When the weather doesn’t make possible working outside, it is a good time for learning a bit more about our colleagues’ projects here, so this week we planned that every team prepares a presentation to explain its project to the rest. This week, we lost one of the members of the team, as the time of Miguel here was schedule to finish at 9th of February, when he shipped himself on-board of “The Hesperides” heading back home. Despite of the odds we have managed to finish almost all the work around the Bulgarian Base and we are planning to move to the Spanish Base for the next week. From there, it will be easier to keep working in monitoring points located in farther away areas from here. Meanwhile, spending our last days in here, we make the most of the free time helping our colleagues with their tasks, exploring the place riding the Ski-Doos or learning a bit more about the magnificent fauna that one can find out here. Sandra Heleno, base King Sejong, Antártida, 13 de Fevereiro de 201 Nunca vamos desacompanhados, eu e o Pedro, nas nossas caminhadas na península de Barton. A presença mais constante é a das skuas (ou moleiro antárctico, no português). Normalmente amigáveis e curiosas, transformam-se em verdadeiras “guerreiras” se inadvertidamente nos aproximamos dos seus ninhos, “atacando” em voos picados e persistentes. Também impressionante, apesar do seu pequeno tamanho, é a investida das andorinhas do árctico, não só pelo piar estridente, mas porque não largam o alvo (nós!) durante largos minutos. Estas pequeninas aves, com pouco mais de 100 gr, voam dezenas de milhares de quilómetros na sua migração anual entre o Árctico e a Antárctida. Não admira que defendam ferozmente os seus ninhos: atacam frequentemente as skuas, de muito maior envergadura, e são as únicas aves que se aproximam do nosso drone em voo. Nas praias, o companheiro mais fiel é naturalmente o pinguim. Aqui em Barton podemos encontrar o “gentio” e o “pinguim de barbicha”. Os mais jovens são muito curiosos e sociáveis! Parecem muito interessados em nós e nas nossas actividades, chegando a correr em grupo na nossa direcção! O petrel-gigante é outra ave marinha que avistamos com alguma frequência, normalmente em voo nas zonas próximas do mar. Por vezes encontramos ninhos de petrel no nosso caminho, com crias ainda muito pequeninas. Na nossa experiência o petrel-gigante é um animal calmo: reservado, mas não assustadiço. Mais raro é o avistamento da pomba-antárctica: vimos um casal de pombas uma vez somente, na praia, e para nossa surpresa vieram a caminhar atrás de nós depois da “sessão de fotografia”! Mais uma ave sociável de Barton! Pedro Pina, Base King Sejong, Península Barton, Antártida, 10 de Fevereiro de 2018 Nalguns dias, ou de pior tempo ou depois de fazermos os nossos voos, foi possível procurar alguns sensores que tínhamos combinado recolher e que o nosso colega João Branco do IGOT cá tinha instalado numa campanha anterior, em 2015, para monitorizar temperaturas do ar e do solo. Por vezes não encontramos logo o sensor que está ligeiramente enterrado porque, apesar de termos as suas coordenadas GPS a sua precisão é métrica, e a estaca de cor berrante que supostamente estaria próxima a marcar a sua localização se encontra solta e a uns bons metros de distância do ‘X’ digital. Mas com alguma paciência, e picando o solo, acabamos por ouvir a chapa metálica que protege o sensor. Eureka!
É normalmente no regresso à base, sentindo-me mais leve (ou aliviado…) se o dia de trabalho correu bem, apesar de carregado de mais uns milhares de novas imagens dos voos, que mais me apetece fotografar. É que não me canso de apanhar as fantásticas paisagens, os animais ou pormenores da vegetação, dos solos ou da neve e do gelo. Há também alguns blocos de rocha fracturados, bem granditos, que para além da sua dimensão se tornam muito interessantes para ser fotografados de vários ângulos. É que depois pode ser reconstruido a partir das fotos num detalhado modelo 3D usando os mesmos algoritmos que utilizamos para elaborar os mosaicos dos voos do drone! Miguel RAMOS en navegación a bordo del BIO Hespérides por el mar de Drake a 10 de febrero de 2018. El 31 de enero de 2018, viajamos el equipo de investigación, formado por Gabriel, Sara y Miguel, del aeropuerto de Punta Arenas con destino a la isla antártica de Rey Jorge en el vuelo fletado por el programa portugués de investigación polar PROPOLAR. El viaje fue cómodo y rápido, mucho mejor que la clásica travesía del pasaje Drake en buque, desde donde escribo esta entrada al final de mi etapa, breve pero intensa, de trabajo. Me encuentro en el mar de Drake a borde del BIO Hespérides buque insignia de la investigación polar española, cuando sólo han pasado apenas 14 días de mi llegada a la base antártica Búlgara (BAB) (isla Livingston) con mis dos fantásticos compañeros de trabajo Sara y Gabriel con los que compartiría unos días de ciencia y convivencia con los otros equipos de investigación con los que nos encontramos en la BAB (isla Livingston). La primera impresión al desembarcar fue que el deshielo este año había sido muy intenso, dejando parte del terrenos ganado por el glaciar en los últimos 10 a 12 años al descubierto, con la aparición de generadores y pequeñas estructuras que la inmensa lengua blanca de hielo había engullido, poco a poco, en su avance. La acogida por el jefe de la BAB, Jordan, y su equipo fue, como de habitual, tremendamente afectiva dándonos todo su apoyo para la realización de las actividades de investigación propuestas. El trabajo lo realizamos de forma coordinada con Miro, joven ingeniero Búlgaro voluntario que nos procuraba el transporte del material pesado en una de las motos de nieve y además tomaba una excelentes fotografías con su equipo profesional. Comenzamos por la calibración de los instrumentos de medida de temperaturas, este año formados por unas novedosas cadenas con conexión inalámbrica que nos permitirán en el futuro, durante al menos tres años, volcar los datos sin extraer las sondas y por lo tanto sin interrumpir el régimen térmico establecido en el suelo. Con los instrumentos calibrados, realizamos la reposición de los sensores en las perforaciones, estaciones meteorológicas y nivométricas situadas en diferentes altitudes y orientaciones que conforman parte de las estaciones de medida asociadas a los protocolos internacionales CALM y TSP. Otra de las actividades consistió en la medida de la posición de los puntos de control en diferentes experiencias de movimiento de laderas por procesos de solifluxión mediante GPS diferencial. La visita a las estaciones posicionadas en las zonas más elevadas de la zona Monte reina Sofía, donde se sitúan los sondeos más profundos, entre 15 y 25 metros, en las proximidades de la Base Antártica Española (BAE), con una visita breve a sus nuevas instalaciones, dieron por concluido mi trabajo. Sara y Gabriel continúan desarrollando el proyecto enfocado al estudio térmico del permafrost, y dirigido por el profesor Gonzalo Vieira, con una breve estancia en la BAE y su posterior traslado a la Base Argentina Primavera, situada en la península antártica en bahía Cierva, hasta principios de marzo, buena continuación de campaña para ellos, magnifico final para mí. Un abrazo Antártico para todos los compañeros que hemos encontrado por el camino y que han colaborado para que nuestro proyecto colaborativo entre Portugal y España continúe con éxito. Así como a las instituciones Portuguesas y Españolas como PROPOLAR y programa polar Español que han financiado y apoyado esta actividad. Sara Ramos, Baía Sur, Ilha Livingston, 8 Fevereiro 2018 It’s Friday 2nd February 2018 and we are getting our equipment ready to go ahead with our first day of work on field. The purpose for this week is to walk up to the different permafrost and climate monitoring points that are already set up around Hurd Peninsula to do the maintenance of the equipment and renew the sensors of temperature inside the permafrost boreholes. This way, we will set up a new technology of sensors that can be read in sutu by wifi connexion to a computer, so this will save us the time of opening the installation to download the data logs sensor by sensor. In this new technology, the sensors need to be calibrated before installed in the boreholes, so we devoted a bit of time to this issue. We introduced the sensors in an ice and water bath in thermal equilibrium to 0°C, so after a couple of hours, we had enough measurements to calibrate the sensors, correcting its measurement error to 0°C. Once the equipment is ready, we suit on our snow rackets and start walking uphill to reach the monitoring points. First stop is the meteorological station, right behind the base, followed by the monitoring sites located further away in the Slope Ohridski and Papagal sites. Here we download the data and renew the sensors of the different measurement devices: snow stacks, permafrost monitoring boreholes, air temperature sensors, ground surface temperature sensors, cameras, etc. By the middle of the week, we decide to go by zodiac to the other side of Johnson’s Bay, where our neighbour, the Spanish base “Juan Carlos I”, is located. From there, we are closer to reach the “Reina Sofia Peak”, where there are few more monitoring sites. Here, we find that the mast of one of the measurement stations has bended because of the strong winter winds and is currently fully covered by snow. The efforts to recover this monitoring site, along with the difficult meteorological conditions, makes this one of the hardest days working outdoors. In this first visit to Reina Sofía sites, we found few problems with the equipment related with batteries and software configuration that makes necessary to come back again to this place. Despite the odds, the best part of visit to Reina Sofia is having the opportunity to enjoy a hot grain coffee in the Spanish base, where Joan, the base commander, kindly received and showed us the new buildings after a recent refurbishment of this base.
I must admit that this week I feel so lucky to work in such a special environment and with this team, as we are always having fun. Moreover, staying in the Bulgarian base is being a pleasure; this guys always make as much as they can helping us with the day a day logistics and host us as three more members of the big family. Pedro Pina, Base King Sejong, Península Barton, Antártida, 7 de Fevereiro de 2018 Pois é, círculos também há muitos, seu… Vasco Santana! Algo que o drone nos vai ajudando a descobrir voando baixinho. É que todos os que por aqui em Barton pululam, e são mesmo muitos, são bastante variados no seu aspecto. A dimensão média destas formas circulares naturais deverá rondar 1 metro de diâmetro, a dos mais pequenos é da ordem da meia dezena de centímetros, a dos maiores raramente ultrapassa os 2 metros. Formam-se durante dezenas a centenas de anos em zonas relativamente planas ou com declives pouco acentuados, em conjuntos de pequenas unidades (uma dezena, por vezes) ou de várias centenas ou talvez mesmo de milhares de unidades (pode ser que ainda antes da campanha fechar ainda consigamos fazer as contas sobre o maior campo de círculos daqui...). Alguns são muito perfeitos e circulares, outros mais elípticos e por vezes incompletos. Alguns são constituídos por material rochoso mais grosseiro, outros por material mais fino. Alguns estão totalmente ‘limpos’, ou seja, não estão cobertos nem rodeados por vegetação. Outros há em que os líquenes são tantos e tão densos que quase não se vêm as pedras que os constituem. E os que mais gosto são os que estão rodeados por belos tapetes verdes de musgo (suspeito que também é por depois ser mais fácil para qualquer algoritmo delinear o seu contorno na imagem…). Mas há claramente padrões espaciais de localização dos diferentes tipos de círculos aqui na Península de Barton, consoante o tipo de material rochoso, da altitude, da quantidade de água ou de humidade no solo, entre outros factores. Mas isso é o que iremos depois tentar perceber quando regressarmos a casa com as bagagens atafulhadas de novos dados. Mas para já, e depois de voltarmos à base no fim de cada saída, começamos a ‘montar’ os mosaicos de cada local, com mais de 500 imagens em cada um e com cerca de 2 mm de resolução. E não deixo de ficar espantado com os pormenores que conseguimos ver agora e que complementam as imagens captadas durante a campanha de 2016, desenvolvida pelo Gonçalo Vieira e pelo João Branco. Mas tanto umas como outras são muito importantes para os nossos objectivos científicos, as de menor resolução cobrem áreas maiores, as de maior resolução só conseguem cobrir áreas mais pequenas. Mas beneficiamos sempre de cada tipo de imagens, extraindo o melhor de cada um deles! |
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