Na Universidade de Waikato, no laboratório Thermophile Research Unit (TRU), a experiência do projecto NITROPENGUIN já se encontra a decorrer. Desta vez tentámos perceber o impacto que as alterações climáticas com o consequente aumento dos níveis da água do mar impactarão as comunidades microbianas de Cape Adare. Com esta subida é expectável que os pinguins que habitam a praia vão migrar para a zona mais alta mais próxima. Com os pinguins vem também o Azoto (N), e a nossa questão centra-se em saber em que aspecto estes níveis aumentados de azoto vão impactar as comunidades microbianas do solo. A nossa experiência está a decorrer numa câmara ambiental que simula as condições ambientais existentes na Antártida. Utilizamos uma placa de 24 poços em que podíamos facilmente testar vários tratamentos e usar apenas uma pequena quantidade de solo. Antes de incubarmos as nossas amostras, crivámos e maceramos o solo de modo a este ficar o mais homogéneo possível. Para aclimatizar o solo às novas condições, as amostras foram incubadas durante 6 dias antes de iniciarmos a experiência. Após aclimatização a estas condições, começamos a experiência em si. Expusemos as amostras a soluções de concentração crescente de azoto e também a uma solução preparada com o próprio guano dos pinguins. Dentro de 20 dias a experiência estará terminada e vamos então determinar o que acontece nas comunidades microbianas presentes.
0 Comentários
Adriana Rego, Hamilton, Nova Zelândia, 22 Fevereiro 2019 De 4 a 8 de fevereiro de 2019 decorreu em Hamilton, Nova Zelândia, a 8ª Conferência de Microbiologia Polar e Alpina (https://www.confer.nz/pam2019/). A conferência, a primeira a decorrer no hemisfério sul, teve lugar na Universidade de Waikato – uma das universidades mais prestigiantes do país. O Centro Internacional de Investigação Terrestre na Antártida - International Centre for Terrestrial Antarctic Research (ICTAR) (https://ictar.aq/) - está baseado nesta mesma universidade e foi responsável pela organização da conferência. Estruturada em uma única sessão distribuída por diferentes tópicos, as mais recentes descobertas e avanços na área foram apresentados! Jovens alunos, investigadores e professores juntaram-se para partilhar conhecimento e discutir ideias. Esta comunidade, apesar de pequena, demonstrou-se sempre muito interessada e interativa o que tornou a conferência bastante dinâmica. Foram várias as questões colocadas aos vários locutores que demonstraram o interesse e a interligação que existe entre as diferentes áreas e a interdisciplinaridade da ciência polar. Foram apresentados dados desde implicações da comunidade microbiana nos sistemas glaciares a estudos de biogeografia e de microbiomas de comunidades do solo. O jantar da conferência teve lugar no Hobbiton, o famoso local de filmagens da trilogia do Senhor dos Anéis e da série de filmes Hobbit. Eu tive oportunidade de apresentar o meu trabalho a esta audiência atenta e interessada. Apresentei os resultados mais recentes da distribuição de genes envolvidos na biossíntese de produtos naturais, de amostras recolhidas na Península da Antártida. Estes genes dão-nos uma indicação do potencial destes locais de albergarem microrganismos capazes de produzir produtos naturais de interesse para a sociedade, como antibióticos e compostos com atividade anticancerígena.
O último dia foi reservado a dois workshops que cobriram temas como novas ferramentas na área da microbiologia e também avanços na análise de metagenomas. Mafalda Baptista, CIIMAR, 21 Janeiro 2019 O que vamos fazer?
No Norte da Terra de Vitória, em Cabo Hallett, pretendemos obter dados de base que permitam detectar alterações nos ecossistemas terrestres que possam estar ligadas a futuras alterações climáticas. Focamo-nos nos organismos dos solos - microorganismos, musgos, líquenes e colêmbolos - e em particular nas mudanças nas comunidades biológicas ao longo de gradientes físicos e químicos (como a disponibilidade de água). Por exemplo, um dos grandes focos será o estudo da influência da colónia de pinguim-de-adélia nas comunidades microbianas dos solos, devido às entradas de nutrientes provenientes do guano. Neste evento trabalhamos com o Programa Polar Sul Coreano (KOPRI), partindo da sua estação de Jang Bogo, na Baía da Terra Nova, para Cabo Hallett em Novembro, e com a Antarctica New Zealand regressando à estação neo-zelandesa Scott Base, em Dezembro. Para que serve? O nosso trabalho pretende responder à questão do quão vulneráveis são os ecossistemas da Antárctica num momento em que o nosso planeta está a aquecer todos os anos. É parte de um esforço conjunto para estabelecer uma linha de base de processos dos ecossistemas numa área da Antárctica que será das primeiras a sentir um efeito das alterações climáticas, especificamente devido ao aumento do nível do mar. Esta investigação colaborativa entre vários países proporciona uma plataforma comum de recursos logísticos, análise conjunta de amostras e dados, e intercâmbio de cientistas entre laboratórios. Sabia que... A biodiversidade da Terra de Vitória é muito pouco conhecida. A nossa equipa pretende visitar afloramentos ainda não estudados para determinar quais as formas de vida que lá estão presentes e de que forma se relacionam com a distribuição de outras formas de vida na Antárctica. |
DIÁRIOS DE CAMPANHA
|