Cármen Sousa, 08 FEV 2019, Ilha Antártica de King George Mais um dia de pesca mas, desta vez, não foi muito gratificante.
O número de peixes não é suficiente para a nossa terceira e última etapa do plano experimental. Conclusão, vamos ter de ir novamente à pesca mas, não sabemos bem quando. Tudo vai depender do tempo e disponibilidade da equipa chinesa da base Great Wall que nos dá apoio logístico. Efetuar experiências ou outro tipo de trabalho de investigação na Antártida requer bastante logística e, uma das maiores aprendizagens de quando se está cá, é que poucas coisas conseguimos controlar, porque aqui o cenário pode mudar rapidamente. Posso mencionar alguns exemplos: para transportar equipamento de investigação, normalmente necessitamos do apoio de um navio para que tudo cá chegue, e que as condições permitam que possa ser descarregado; relativamente à nossa experiência, precisamos de um contentor que é disponibilizado pelo programa polar Chinês (CAA), e disponibilidade para colocar junto ao cais, por ser o local mais perto do mar; para pescar, é necessário um barco que também é disponibilizado pela base Great Wall. Só um ou 2 elementos da equipa técnica de Great Wall estão autorizados a conduzir este barco, por isso também dependemos da disponibilidade do condutor que, normalmente, é o que está habilitado a conduzir a maquinaria da base chinesa. E mesmo que tudo o que acabei de enumerar esteja pronto, precisamos que o tempo esteja favorável e, mesmo assim, podemos não conseguir pescar o número suficiente de peixes (foi o que nos aconteceu hoje). Então aí voltamos ao início, ver o dia disponível, condições do tempo, etc. Várias pessoas já me questionaram o porquê de não fazer as experiências em Portugal ou outro país e, para quem não saiba e, de acordo com o acordo da Antártida, assinado por vários países, é proibido levar animais vivos e amostras que não sejam do nosso objeto de estudo (não podemos levar uma pedra, por exemplo). Ou seja, no nosso caso em particular, só podemos levar as amostras dos peixes, mas, as experiências têm de ser feitas cá. Este lugar é perfeito para se constatar e “sentir na pele” que todos precisamos e dependemos uns dos outros, direta ou indiretamente e que quando trabalhamos em comunidade e em prole de algo que acreditamos e preservamos, tudo se torna mais fácil, acessível e possível. É importante salientar que é um privilégio trabalhar neste continente e, poder viver e presenciar a capacidade de adaptação dos seres vivos que habitam este local inóspito, bem como dos humanos que por aqui passam (eu, inclusive)
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