Lourenço Bandeira
Península Hurd, ilha de Livingston, Base St. Kliment Ohridski Neste momento reporto da base Bulgara St. Kliment Ohridski, na Península Hurd, ilha de Livingston, Antártida. Estou aqui desde o dia 18 de Janeiro com a Ana Salomé David que para além de estar a dar apoio a este projecto está também a trabalhar para a sua tese de mestrado com o título “Distribuição espacial de comunidades de líquenes do tipo Usnea spp. na Península de Hurd (Ilha Livingston, Antártida): cartografia e fatores condicionantes”. O projecto ANTUAV tem como principal objetivo a elaboração de cartografia com elevado detalhe das áreas livres de gelo da Antártida Marítima (em particular na Ilha de Livingston) a partir de imagens obtidas com UAVs, dando continuidade às atividades iniciadas em 2013 com o projeto HISURF do PROPOLAR. Este trabalho é fundamental para ajudar a compreender a evolução da paisagem numa das regiões da Terra onde as alterações climáticas têm sido mais marcadas. A campanha deste ano foca-se principalmente na cartografia dos observatórios da Global Terrestrial Network for Permafrost na Península de Hurd, nomeadamente na obtenção de modelos digitais de terreno de alta resolução (10 cm), ortofotos (4 cm) e mapas geomorfológicos, assim como realizar a manutenção dos sensores instalados nestes locais. Para além disso daremos continuidade aos trabalhos de monitorização da deformação do glaciar rochoso na Península de Hurd através de GNSS e DINSAR. A viagem para a Antártida decorreu sem percalços, no dia planeado e à primeira tentativa, ao contrário de anos passados. Voámos dia 17 de Janeiro para a ilha de Rei Jorge no voo Português, entre cientistas polares Portugueses, Chilenos, Espanhóis, Búlgaros, Coreanos, entre outros. Assim que aterrámos fomos acolhidos a bordo do navio oceanográfico da marinha Espanhola, o Bio-Hesperides, que proporciona apoio logístico à investigação polar. A viagem até Livingston durou cerca de 20 horas e foi fabulosa, com uma breve paragem dia 18 pela manhã para desembarcar investigadores na ilha de Deception. A nossa rota serpenteava entre inúmeros icebergs com as formas mais inacreditáveis e de dimensões variáveis, desde pequenos cubos de gelo a verdadeiros campos de futebol (ou maiores!). Ao longo do percurso vimos muitos pinguins que saltitavam da água e baleias a poucos metros do navio. Chegados à ilha de Livinsgton entrámos na baía Sur, onde desembarcaram investigadores e pessoal de apoio técnico na base Espanhola Juan Carlos I, a base vizinha da base Bulgara St. Kliment Ohridski, ambas situada na península de Hurd. Finalmente foi a nossa vez de vestir os enormes fatos de segurança e descer para os botes semi-rígidos de borracha que nos transportaram até à praia de calhaus grandes rolados da base Búlgara. Os comentários estão fechados.
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