Pedro Guerreiro e Bruno Louro São seis e meia da manhã e já temos tudo “orientado” no contentor – verificámos níveis de oxigénio e temperaturas e renovámos a água nos tanques. Hoje a base será visitada por um grande grupo de turistas que viajam a bordo de um cruzeiro e queremos ter o mínimo de interferências. Às sete e meia é o pequeno almoço é às oito começa o desembarque. Nós aproveitamos para fazer um dia de folga, caminhando desde Great Wall a Fildes e daí a Artigas, a base Uruguaia que fica no sopé do glaciar Collins, que limita a norte a zona livre de gelo da Península de Fildes, a sul da Ilha do Rei Jorge. Pelo estradão aberto nos seixos que cobrem as zonas costeiras da ilha ainda encontramos alguns dos turistas do navio, mas poucos. Junto à estrada há várias extensões sem neve e a água do degelo corre para o mar deixando pequenos lagos rodeados de musgo em tons de verde e laranja. Depois de cerca de 40 minutos chegamos à base Frei. Aqui, na Vila das Estrelas existem as casas dos oficiais da Força Aérea Chilena e suas famílias, mas sobressaem também a capitania do porto de Fildes, que na realidade é, por enquanto, apenas uma praia, e que é da responsabilidade da Armada, e ainda a Base Cientifica de Escudero, do INACh, o Instituto Antártico Chileno. Mais a norte, Belinghausen, a base russa famosa pela sua Igreja Ortodoxa no topo de uma colina. Nesta zona a sensação de isolamento é muito menor. Aliás, toda esta parte da ilha tem muito mais movimento que aquele que conhecíamos em Arctowski, na Baía do Almirantado. Em Frei há vários militares em tarefas de manutenção, assim como acontece com os russos de Helinghausen, a reparar uma antena de comunicações. Na praia são vários os Zodiacs que chegam e partem, com turistas que chegam de um cruzeiro para tomar o avião da DAP de volta a Punta Arenas. É o próprio avião, que nos sobrevoa no processo de aterragem. Seguimos para norte, e começamos a subir a meseta. Entre duas colinas, perto de uma enseada, vários depósitos gigantes de combustível , que aqui parecem completamente fora de sítio e dão uma atmosfera de alguma decadência, isolamento e abandono. Para norte e para cima a estrada passa a estar coberta de neve e gelo e entre estes muita água e lama... é facil ficarmos presos quase até ao joelho se não escolhermos bem onde pomos os pés. Por outro lado sair da estrada pode ser razão para sermos atacados por skuas em vôo rasante e de patas em riste, que aqui têm os seus territórios de nidificação entre rochas e líquenes e que não gostam de ser incomodados. Mas a vista que do topo se tem de Fildes é espetacular e compensa o esforço da caminhada: navios, icebergues e pequenas ilhas, e ao longe, para o sul, Great Wall e mais além o glaciar que cobre quase toda a ilha Nelson. É neste caminho que encontramos o chefe da base Artigas, ou é ele que nos encontra, vindo de Frei na sua Moto4, e convida-nos muito simpaticamente para almoçar – a base é já ali depois do lago Uruguai, diz-nos com um sorriso. Até já!
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