Pedro Guerreiro e Bruno Louro Ni hao! Nestes dias Great Wall recebeu a visita de dois elementos de EcoNelson, uma pequena base na ilha Nelson, parte de um programa privado de sobrevivência e sustentabilidade (www.econelson.org), em que os voluntários são testados na sua resistência, física e psicológica, à adversidade da natureza e falta de socialização. Estávamos no cais quando os vimos chegar, numa pequena jangada composta por dois flutuadores ligados entre si por uma estrutura de madeira e tecido aberta no fundo e propulsada por um motor de 4 cavalos e dois remos. Depois de todo o aparato e equipamento de segurança que é imposto, e bem, na exploração antárctica, ver alguém navegar, entre duas ilhas, vários quilómetros durante algumas horas, sobre água a 1-2 graus centígrados, em algo tão frágil, é desconcertante. Mas a jangada funciona, é fácil de transportar e até tem nome, Matilda! Um dos tripulantes, Jaroslaw Pavlíček, um checo especialista em sobrevivência, septuagenário, é o capitão e mentor da iniciativa, o outro Florian, alemão de 53 anos, residente na Áustria, alguém que encontrou nesta aventura a possibilidade de visitar a Antárctica e que passou os últimos dois meses como cobaia, numa pequena casa, utilizando enlatados, peixes e algas como alimento, materiais de limpeza sem químicos, madeira como combustível e recolhendo e contabilizando o lixo devolvido pelo oceano às praias da ilha!
O motivo da sua chegada a Fildes era encontrar forma de levar Florian de volta à América do Sul sem ter de desembolsar os cerca de 2750 dólares do voo comercial da DAP. A proximidade de um voo militar Uruguaio e a quantidade de navios ancorados na Baía abriam algumas expectativas para a travessia. De caminho, enquanto Florian procura transporte, Jaroslaw, ou Jada, vai mantendo contactos com as várias bases e tripulações que de alguma forma apoiam EcoNelson. No dia seguinte voltámos a ver Florian, que sem opções se resignou a voar com a DAP, mas contente por ter tomado o primeiro duche em meses! Nós também, pois partilhámos algumas refeições com ele e o depois foi bem melhor que o antes. Mais tarde junta-se Jada e na Matilda vão visitar outro aventureiro. Ao largo de Great Wall está o veleiro Issuma (www.issuma.com), uma embarcação de 15 metros que comandada pelo canadiano Richard Hudson, que desde 2008 percorreu o Atlântico, de França à Argentina e ao Canadá e que em 2012 atravessou a Passagem do Noroeste, algo possível devido à redução da extensão de gelo do Oceano Árctico. O veleiro foi construído há mais de 30 anos com especificações de casco para o gelo Antárctico e Hudson, cujo tio-avô fazia parte da expedição de Ernest Shackleton 1914-16, resolveu traze-lo ao seu ambiente recreando de alguma forma a viagem do Endurance. A tripulação conta com outros três tripulantes, uma americana e um casal de franceses que desceram a aosta do Chile, percorreram os meandros do Estreito de Magalhães e atravessaram o Drake. A paragem prende-se com a necessidade de obter água fresca antes de se dirigirem à Peninsula Antárctica e depois a Elephant Island. Talvez o façam em Arctowski. Mandamos cumprimentos! Os comentários estão fechados.
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